História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
comuns
presença de fatores de risco
Os fatores de risco principais incluem história familiar de esquizofrenia e uso indevido de substâncias.
alucinações auditivas
delírios
Delírios persecutórios, de grandiosidade, de niilismo, somáticos ou religiosos são crenças falsas fixas que não pertencem ao contexto cultural do paciente.[1] Eles não são passíveis de mudança à luz de evidências conflitantes.[1] Delírios comumente presentes no início da doença. Os delírios normalmente mudam de tema durante a fase prodrômica e inicial da doença; com o tempo, os delírios tendem a se cristalizar.
Delírios de inserção ou retirada de pensamentos são sintomas positivos e são tipos de delírios sobre controle de pensamento. Experimentado como alguém colocando pensamentos em seu cérebro ou removendo pensamentos de seu cérebro.
A irradiação de pensamentos é outro delírio em que o paciente acredita que seus pensamentos estejam sendo transmitidos em voz alta e podem ser percebidos por outras pessoas.
As ideias de referência são um tipo mais leve de delírio de controle do pensamento no qual o paciente passa a acreditar que eventos comuns referem-se diretamente a ele (por exemplo, mensagens pessoais na televisão e jornais).
Identificar delírios pode ser mais desafiador do que identificar as alucinações, porque as crenças do paciente estão embutidas em situações da vida real e podem fazer parte das normas culturais do paciente. Os pacientes acreditam que seus delírios sejam reais, e com o tempo desenvolvem conexões bastante elaboradas. Se indicado, a psicose deve ser avaliada por meio de intérpretes ou em um segundo ou terceiro idioma para evitar o mal-entendido de interpretar metáforas desconhecidas como delírios.[1]
Um sintoma positivo.[1]
avolição
Diminuição da motivação para auto-iniciar atividades intencionais (por exemplo, o paciente pode ficar sentado por longos períodos de tempo e mostrar pouco interesse em participar de atividades sociais ou de trabalho).[1]
anedonia
comportamento de isolamento social
embotamento afetivo
alogia
deficits cognitivos
A esquizofrenia afeta todo os domínios cognitivos. Os pacientes podem ter problemas de atenção, linguagem, memória, função executiva e velocidade de processamento.[1]
A função executiva descreve o conjunto de processos cognitivos de nível superior que são utilizados para controle e coordenação das habilidades cognitivas e comportamentais. Entre elas estão as habilidades de começar e parar ações, antecipar desfechos, se adaptar a novas situações e planejar comportamentos futuros em novos cenários. Uma habilidade que é muitas vezes considerada parte da função executiva é a capacidade de pensar de maneira abstrata.
Os sintomas cognitivos são tipicamente os primeiros sintomas a aparecer e são uma das características predominantes do período prodrômico. Deficits cognitivos são comuns na esquizofrenia e estão fortemente ligados a comprometimentos vocacionais e funcionais.[1] Algumas pessoas com esquizofrenia apresentam deficits de cognição social, incluindo deficits na capacidade de inferir as intenções de outras pessoas (teoria da mente).[1]
somatização
A somatização é causada por estresse psicológico, expressado somaticamente pelo subconsciente e representado por sintomas físicos que persistem e podem afetar qualquer sistema de órgãos.
Exemplos comuns desses sintomas incluem dor, sintomas gastrointestinais e sintomas "pseudoneurológicos" (aqueles causados por qualquer deficiência neurológica para a qual não há explicação médica).
Outros fatores diagnósticos
comuns
falta de percepção (anosognosia)
Alguns pacientes com psicose podem não ter percepção ou consciência de seu transtorno (ou seja, anosognosia). Esse sintoma é o preditor mais comum de não adesão ao tratamento e prediz maiores taxas de recidiva, aumento do número de tratamentos involuntários, pior funcionamento psicossocial, agressividade e uma evolução desfavorável da doença.[1]
Comportamento bizarro ou desorganizado
Um sintoma positivo.[1]
tangencialidade e frouxidão de associação (descarrilamento)
A tangencialidade se refere à inabilidade de focar em um tópico, pulando de um assunto a outro sem a mínima conexão entre eles.
Frouxidão de associação (descarrilamento) se refere à incoerência completa causada pela tangencialidade extrema. Um sintoma positivo.[1]
circunstancialidade
Refere-se à inabilidade de oferecer uma resposta precisa devido a inclusão demasiada de detalhes desnecessários. Um sintoma positivo.[1]
pressão de discurso
Um sintoma positivo, que se refere ao discurso rápido e intenso.[1]
discurso distraível
Refere-se à incapacidade de manter a atenção. O paciente muda de um tópico a outro com a mínima provocação ou é frequentemente distraído por estímulos externos sem importância ou irrelevantes. Um sintoma positivo.[1]
depressão
Mais comum imediatamente após uma exacerbação psicótica aguda; a razão disso pode ser porque a depressão é mais fácil de reconhecer quando os sintomas positivos estão menos ativos. No entanto, a depressão pode ocorrer a qualquer momento durante a evolução da doença, inclusive durante o período de risco ou prodrômico
probabilidade de suicídio
A ideação suicida é uma das complicações mais perigosas da doença.[69] O risco de suicídio é maior no início da doença. Aproximadamente 20% dos pacientes com esquizofrenia tentam o suicídio pelo menos uma vez, e muitos mais têm ideação suicida significativa.[1] Aproximadamente 5% a 6% dos pacientes com esquizofrenia morrem por suicídio.[1][70][71][72]
ansiedade
Pode ocorrer a qualquer momento durante a evolução da doença, inclusive durante o período de risco ou prodrômico.
elação
Ocorre em sequência a psicose.
afeto incongruente
Refere-se à desconexão entre o conteúdo do pensamento e da fala (por exemplo, rir na ausência de um estímulo apropriado).
verbigeração
Uma repetição de palavras na ausência de estímulos; em contraste com perseveração, que é a repetição da mesma resposta (por exemplo, palavra ou frase) a estímulos diferentes. Um sintoma positivo.[1]
perseveração
Uma repetição da mesma resposta (por exemplo, palavra ou frase) a estímulos diferentes, em contraste com verbigeração, uma repetição de palavras na ausência de estímulos. Um sintoma positivo.[1]
salada de palavras
Um tipo de discurso onde não há conexões entre as palavras. Um sintoma positivo.[1]
Incomuns
desrealização
Refere-se a uma percepção alterada onde o mundo externo é estranho ou irreal.
Se este sintoma for saliente, outras patologias (por exemplo, TEPT) deverão ser consideradas. Um sintoma positivo.[1]
alucinações não auditivas
Alucinações visuais, olfativas e gustativas são incomuns (exacerbadas por gostos e cheiros desagradáveis). As alucinações táteis, como pulsos elétricos, sensação de rastejamento, raramente estão presentes com esquizofrenia (descarte a possibilidade de psicose induzida por drogas). As alucinações cinestésicas são sensações somáticas infundadas, como a sensação de queimação no cérebro, dor insuportável na medula óssea ou uma sensação de dilatação dos vasos sanguíneos. Um sintoma positivo.[1]
déjà-vu
Uma paramnésia onde os pacientes têm a sensação ou ilusão de que estão vendo algo que já viram.
Se este sintoma for saliente, outras patologias deverão ser consideradas. Um sintoma positivo.[1]
comportamentos afetados direcionados a objetivos
Estereotipias são comportamentos afetados direcionados à realização de um objetivo que se manifestam como movimentos uniformemente repetitivos.
Inclui paracinesias (fazer caretas, espasmos e movimentos bruscos), ecopraxia (repetição de movimentos observados em outras pessoas), obediência automática (execução automática de instruções), flexibilidade cérea (capacidade de manter posições impostas por longos períodos de tempo).
Um sintoma negativo.[1]
sintomas catatônicos
Tipicamente um sintoma negativo.
Estupor catatônico: pode se apresentar como perda ou excesso de atividade motora; associado a uma resposta diminuída ao ambiente, imobilidade e mutismo; o tipo mais grave de catatonia.
Rigidez catatônica: imobilidade e resistência a movimentações.
Negativismo catatônico: recusa de todas as instruções.
Excitação catatônica: um aumento geral na atividade motora sem propósito e excessiva sem causa óbvia (esse pode ser considerado um sintoma positivo).
deficits neurológicos "sutis"
Um exame neurológico geralmente não revela deficits macroscópicos. Deficits "suaves" são achados neurológicos menores encontrados em mais da metade dos pacientes com esquizofrenia.[73][74]
Eles incluem deficits de coordenação motora, deficits de movimentos oculares de rastreio lento, deficits de integração sensorial e desorientação direita-esquerda.[1]
O valor clínico desses achados é muito limitado, embora haja evidências limitadas de que a presença deles possa estar associada a um prognóstico pior.[75][76] Um estudo sugere que a presença de disfunção primária da coordenação motora à apresentação inicial pode estar associada a uma evolução não remitente mais grave.[77]
Fatores de risco
Fortes
Fracos
aumento da idade paterna
Parece haver um aumento significativo no risco de esquizofrenia em crianças de pais ≥30 anos de idade.[34]
complicações obstétricas
Incluindo retardo de crescimento fetal, infecção materna, incompatibilidades de grupo sanguíneo, hipóxia perinatal e parto prematuro.[35]
uso de maconha
O uso excessivo de maconha pode aumentar a vulnerabilidade de uma pessoa à esquizofrenia e sua probabilidade de desenvolver o transtorno (razão de chances de aproximadamente 2.2 a 2.8).[36][37][38][39][40][41][42][43] No entanto, uma relação causal entre maconha (cannabis) e psicose não foi identificada.[21] Fatores de risco genéticos para a esquizofrenia também parecem predispor os indivíduos ao uso de drogas.[44] O uso de maconha (cannabis) após o início do primeiro episódio psicótico está associado a um aumento do risco de recidiva e de não adesão aos medicamentos antipsicóticos. Os resultados de uma análise prospectiva sugerem que até 36% dos efeitos negativos do uso continuado de maconha (cannabis) em pacientes com psicose são devidos a uma redução na adesão à medicação por causa do uso de maconha (cannabis).[45]
quociente de inteligência (QI) baixo
Um estudo de coorte longitudinal de acompanhamento em longo prazo observou adolescentes que apresentam risco ultra-alto de desenvolvimento de psicose. O baixo QI foi o único fator neurocognitivo que discriminou os pacientes de risco ultra-alto que desenvolveram psicose daqueles que não desenvolveram e dos controles com desenvolvimento típico.[46]
disfunção motora
Sinais neurológicos leves (anormalidades menores no desempenho motor ao exame clínico; por exemplo, rigidez, desequilíbrio de marcha, tremor) foram identificados em indivíduos que apresentam risco ultra-alto de psicose. Estes sinais também se correlacionam com um aumento ao longo do tempo na gravidade dos sintomas negativos.[47][48][49]
estresse psicológico
Evidências sugerem uma ligação entre estressores psicológicos e o início da esquizofrenia.[50]
abuso na infância
Estudos demonstraram uma conexão entre traumas psicológicos na infância e um aumento do risco de esquizofrenia na idade adulta.[51]
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