Diagnósticos diferenciais
Transtorno esquizoafetivo
SINAIS / SINTOMAS
Combinação de psicose (isto é, delírios, alucinações) e sintomas afetivos que estão estreitamente relacionados no tempo, mas se manifestam quase que de maneira independente uns dos outros, como agrupamentos de sintomas. Um diagnóstico de transtorno esquizoafetivo requer que um episódio depressivo maior ou maníaco ocorra concomitantemente com os sintomas da fase ativa e que os sintomas de humor estejam presentes durante a maior parte da duração total dos períodos ativos.[1]
Investigações
Diagnóstico clínico (DSM-5-TR ou CID-11).
Transtorno esquizofreniforme e transtorno psicótico breve
SINAIS / SINTOMAS
Duração mais curta que a da esquizofrenia, que requer 6 meses de sintomas. No transtorno esquizofreniforme, a perturbação está presente por menos de 6 meses; no transtorno psicótico breve, os sintomas estão presentes por pelo menos 1 dia, mas menos de 1 mês.[1]
Investigações
Diagnóstico clínico (DSM-5-TR ou CID-11).
Transtorno psicótico induzido por substâncias
SINAIS / SINTOMAS
Os transtornos relacionados ao uso de substâncias imitam bastante as psicopatologias. O transtorno psicótico induzido por substância geralmente pode ser distinguido pela relação cronológica do uso da substância com o início da psicose, e a remissão da psicose na ausência do uso da substância.[1] Os delírios não são tão cristalizados como na esquizofrenia, mas alucinações auditivas ainda podem se manifestar. Uma história de consumo de drogas deve incluir uma avaliação da duração, da frequência, da posologia e da data em que foi usada pela última vez.[81]
As drogas mais frequentemente associadas às psicoses fazem parte do uso pesado e persistente da maconha; drogas estimulantes, como metanfetamina, cocaína e anfetaminas; psicotomiméticos, como a dietilamida do ácido lisérgico (LSD) e drogas similares à cetamina; e inalantes, como tolueno, gasolina e vários tipos de colas.
Uma história de uso extenso de drogas poderá resultar em sintomas psicóticos que persistem em longo prazo, até anos após a última exposição.
Investigações
Um exame de urina para detecção de drogas pode detectar a droga causadora dos sintomas. Se a análise toxicológica for negativa e houver história de uso de substâncias ilícitas, a relação causa-efeito pode ser explicada a partir da entrevista clínica e da revisão dos registros médicos.
Demência com psicose
SINAIS / SINTOMAS
Os delírios podem ser similares, mas não há uma história de psicose antes do início da demência. Uma idade avançada, história familiar de demência e um declínio cognitivo gradual sugerem demência.
Investigações
Uma TC ou RNM de crânio pode revelar sinais característicos da demência causadora.
Transtorno depressivo maior, ou transtorno bipolar, com psicose
SINAIS / SINTOMAS
A distinção depende da relação temporal entre o distúrbio do humor e a psicose, e da gravidade dos sintomas depressivos e/ou maníacos.[1] Os delírios ou alucinações ocorrem exclusivamente durante um episódio maníaco ou depressivo maior.
Investigações
Diagnóstico clínico (DSM-5 ou ICD-11).
Transtornos de simulação e factícios
SINAIS / SINTOMAS
Na simulação, pode ser identificado ganho pessoal de relato intencional de sintomas; no transtorno factício, os pacientes podem precisar de tranquilização constante devido a sintomas físicos ou psicológicos criados consciente ou inconscientemente.
Atenção especial deve ser dada para quaisquer inconsistências na história, apresentações de doenças atípicas e respostas evasivas quando o paciente fornecer detalhes sobre seus sintomas.
Informações objetivas vindas de outras pessoas responsáveis ou de contatos próximos ao paciente podem ser uteis. Os pacientes com esquizofrenia que apresentam somatização verdadeira não são tipicamente evasivos ou carentes de tranquilização.
Investigações
Diagnóstico clínico (DSM-5-TR ou CID-11).
Transtorno delirante
SINAIS / SINTOMAS
No transtorno delirante, há uma ausência dos outros sintomas característicos da esquizofrenia (por exemplo, alucinações auditivas ou visuais proeminentes, fala desorganizada, comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico, sintomas negativos); o funcionamento não é acentuadamente prejudicado e o comportamento não é obviamente bizarro ou estranho.[1]
Investigações
Diagnóstico clínico (DSM-5-TR ou CID-11).
transtorno de personalidade esquizotípica
SINAIS / SINTOMAS
A personalidade esquizotípica é definida por sintomas subliminares associados a características de personalidade persistentes.[1]
Investigações
Diagnóstico clínico (DSM-5 ou ICD-11).
Transtorno do espectro autista (TEA)
SINAIS / SINTOMAS
O diagnóstico de esquizofrenia é dado a pacientes com TEA somente se os delírios e alucinações salientes se apresentarem por no mínimo 1 mês (ou menos se o tratamento for bem-sucedido).
Os médicos devem coletar uma história da infância do paciente em busca de deficits globais.
No TEA, o início de interações interpessoais anormais, habilidades atrasadas ou aberrantes de comunicação e um número limitado de atividades e interesses se manifestam nos primeiros anos de vida.
Investigações
Diagnóstico clínico (DSM-5-TR ou CID-11).
Transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados com percepção deficiente ou ausente
SINAIS / SINTOMAS
Os indivíduos com transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno dismórfico corporal ou transtorno de acumulação podem apresentar percepção deficiente ou ausente, e as preocupações podem atingir proporções delirantes; esses indivíduos estão completamente convencidos de que suas crenças obsessivo-compulsivas, crenças do transtorno dismórfico corporal (por exemplo, aparência física defeituosa) ou crenças do transtorno de acumulação (por exemplo, consequências catastróficas ao se descartar objetos) são verdadeiras. Esses transtornos são diferenciados da esquizofrenia pela ausência das outras características psicóticas necessárias (alucinações, fala desorganizada, comportamento desorganizado ou catatônico, sintomas negativos) e pela presença de obsessões ou preocupações proeminentes e comportamentos compulsivos (repetitivos) que ocorrem em resposta.[1][82]
Investigações
Diagnóstico clínico (DSM-5-TR ou CID-11).
Transtorno psicótico devido a outra doença clínica
SINAIS / SINTOMAS
Várias doenças clínicas podem causar sintomas psicóticos.[66] As doenças comuns incluem a epilepsia, tumores cerebrais, lesões cerebrais traumáticas, HIV, neurossífilis, pelagra, deficiência de vitamina B12, encefalite herpética e doença de Wilson, entre outras. A história e o exame físico ajudam a diferenciar os diagnósticos.
Investigações
Exames laboratoriais ajudarão na diferenciação, como reagina plasmática rápida (RPR), teste de HIV, reação em cadeia da polimerase para vírus herpes simplex (HSV-PCR) no líquido cefalorraquidiano, nível de cobre na urina, níveis sanguíneos de ceruloplasmina e vitamina B12.
Intoxicação por monóxido de carbono
SINAIS / SINTOMAS
A psicose devida ao monóxido de carbono está sempre acompanhada por uma longa história de psicose, como na esquizofrenia. Uma história detalhada deve ser colhida para apurar a possível exposição a toxinas.
Investigações
No pronto-socorro, é possível fazer uma análise toxicológica para se verificar a presença de carboxi-hemoglobina.
Envenenamento por metais pesados
SINAIS / SINTOMAS
A psicose devida à exposição a metais pesados (por exemplo, brometo e mercúrio) está sempre acompanhada por uma longa história de psicose, como na esquizofrenia.
Uma história detalhada deve ser colhida para apurar a possível exposição a toxinas. A psicose pode se manifestar repentinamente, mas os sintomas entrarão em remissão quando a exposição for tratada.
Investigações
No pronto-socorro, é possível fazer uma análise toxicológica para se verificarem os níveis de brometo e mercúrio. O exame sorológico para brometo mostrará resultados >50 mg.
Psicose induzida por medicamentos
SINAIS / SINTOMAS
Alguns pacientes são mais suscetíveis à psicose e confusão causadas por medicamentos receitados.
Medicamentos como esteroides, anticolinérgicos, dissulfiram, digitálicos e L-dopa são as causas mais comuns.
Deve ser feita uma revisão cuidadosa dos medicamentos do paciente, incluindo medicamentos de venda livre.
Investigações
Os sintomas desaparecem assim que o medicamento desencadeante é suprimido.
Hipertireoidismo
SINAIS / SINTOMAS
A psicose é acompanhada por sinais físicos, como taquicardia, bócio, perda inexplicável de peso, palpitações, tremores, fraqueza muscular ou protrusão inexplicável dos olhos (doença de Graves).
Investigações
Tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4) séricos elevados com um nível baixo de hormônio estimulante da tireoide.
Hiperparatireoidismo
SINAIS / SINTOMAS
Pode desencadear a psicose.[83][84][85]
Muitas vezes, a ansiedade e depressão também são observados.
Os sintomas e sinais físicos podem incluir dores nos ossos, fraturas (devido a osteoporose), má qualidade do sono, fadiga, cólica renal (devido à nefrolitíase), mialgias, parestesias e cãibras musculares.
Sinais da causa podem estar presentes, como massa dura e densa do pescoço ou mandíbula, características de insuficiência renal crônica ou características da síndrome de má absorção.
Investigações
Os valores de cálcio sérico são normais ou elevados no hiperparatireoidismo primário e baixos no hiperparatireoidismo secundário.
No hiperparatireoidismo primário e secundário, o nível de paratormônio (PTH) no soro é elevado.
Encefalite autoimune
SINAIS / SINTOMAS
Em geral, tende a ter um início agudo/subagudo (progressão rápida em 3 meses). A psicose, se presente, pode ser acompanhada por sinais neurológicos focais, características autonômicas, distúrbios do movimento e convulsões.[86][87][88]
Os tipos mais comuns são encefalite relacionada ao receptor N-metil-D-aspartato (RNMDA) e encefalite relacionada a anticorpos anti-proteína 1 rica em leucina-inativada por glioma (LGI1).[89]
Investigações
Exame sorológico e do líquido cefalorraquidiano positivo para anticorpos anti-LGI1 e anticorpos antirreceptor NMDA. O eletroencefalograma pode mostrar o padrão "extreme delta brush" na encefalite relacionada ao antirreceptor NMDA.
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