Prevenção primária

Há algumas evidências de que medidas alimentares tomadas antes da gravidez podem reduzir o risco de diabetes mellitus gestacional (DMG). Embora não haja conclusões fortes quanto à melhor intervenção pré-concepção, algumas evidências sugerem que uma dieta mediterrânea pode reduzir o risco de desenvolver DMG.[33]

Quando a mulher está grávida, é razoável recomendar uma dieta saudável, ganho de peso de acordo com as diretrizes do Institute of Medicine e atividade física.[21][34] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​​ As evidências sobre se isso reduz o risco de DMG permanecem obscuras, entretanto, e outras evidências de alta qualidade são necessárias. Um estudo randomizado na Finlândia demonstrou uma diminuição significativa (39%) na incidência de DMG em mulheres de alto risco que receberam uma intervenção no estilo de vida que combinou aconselhamento alimentar, atividade física e limitação do ganho de peso comparadas com o grupo-controle.[35] Uma revisão sistemática descobriu que intervenções combinadas de dieta e exercícios durante a gravidez podem ser eficazes na redução do risco de DMG e na redução do ganho de peso gestacional em comparação com o padrão de cuidados, mas os autores concluíram que evidências de alta qualidade adicionais são necessárias.[36][37] [ Cochrane Clinical Answers logo ] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​​​​ Enquanto isso, uma metanálise de intervenções que visam prevenir o desenvolvimento de DMG em mulheres com sobrepeso ou obesidade não mostrou nenhum benefício das intervenções (dieta, exercício ou combinação) na prevenção de DMG quando aplicadas durante a gravidez.[38]

Em gestantes com sobrepeso e obesidade, há evidências que sugerem que a quantidade de ganho de peso materno durante a gravidez pode ser reduzida por cuidados pré-natais multidisciplinares (incluindo continuidade do provedor obstétrico; pesagens regulares; intervenção breve de um nutricionista para perguntar sobre hábitos alimentares e fornecer conselhos sobre alimentação saudável; e manejo de psicologia clínica para avaliar os fatores psicológicos envolvidos nos padrões de alimentação, sintomas de depressão/ansiedade e presença de eventos de vida estressantes) e intervenções alimentares gerais e estilo de vida pré-natal.[39] Dois ensaios clínicos randomizados e controlados constataram que a metformina a partir do segundo trimestre não reduz o risco de DMG em mulheres com sobrepeso ou obesidade.[40][41]

Prevenção secundária

Prevenção de recorrência de DMG

Como o DMG recorre em 30% a 84% das gestações subsequentes, é apropriado informar as mulheres com DMG prévio que pode ocorrer novamente.[4][17]​​​​ Embora pareça razoável orientar as pacientes com história de DMG a adotarem medidas para minimizar o risco de recorrência por meio de mudanças na dieta e exercícios antes da gravidez, as evidências para dar suporte a isso continuam incertas.[141] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​​​ Uma revisão sistemática e metanálise de estudos observacionais que relatou a associação entre alterações de peso entre gestações e o DMG observaram que, em pacientes com IMC >25 kg/m², o risco de DMG em gestações subsequentes diminui com a perda de peso entre as gestações.[142]

Prevenção do diabetes do tipo 2

As mulheres diagnosticadas com DMG têm probabilidade 20 vezes maior de desenvolver diabetes do tipo 2 que a população em geral.[138] Um relatório da European Society of Cardiology destacou que cerca de 10% das mulheres com DMG serão diagnosticadas com diabetes mellitus logo após o parto, com pelo menos outros 20% apresentando metabolismo de glicose comprometido no rastreamento pós-parto.[117] Entre o restante das mulheres, 20% a 60% desenvolverão diabetes mellitus do tipo 2 mais tarde na vida, geralmente de 5 a 10 anos após a gestação. O risco é maior no primeiro ano após o parto, mas persiste por 25 anos.[118]

  • No Reino Unido, o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomenda um teste anual de hemoglobina A1c (HbA1c) para qualquer mulher com história de DMG que teve um teste pós-parto negativo para diabetes.[4]

Na prática, essas consultas podem ser facilmente esquecidas, pois ficam entre as equipes de cuidados primários e secundários.[138] Para otimizar o comparecimento, os clínicos gerais são aconselhados a incentivar a frequência, fazer o acompanhamento das pacientes que faltam às consultas e encaminhar mulheres diagnosticadas com DMG para o Programa de Prevenção de Diabetes do NHS.[4][137]

  • Apoie as mulheres com história de DMG a fazerem mudanças de estilo de vida para reduzir o risco de diabetes do tipo 2.

  • Em particular, as mulheres cujos exames pós-parto mostram glicemia de jejum alterada (entre 6.0 mmol/L e 6.9 mmol/L [108-124 mg/dL]) ou intolerância à glicose devem iniciar um programa de exercícios e mudanças na dieta para reduzir o risco de desenvolver diabetes do tipo 2.[3][4]

Uma revisão sistemática e metanálise revelou que o risco de desenvolver diabetes do tipo 2 aumenta em 18% para cada unidade de aumento no IMC em relação ao nível pré-gestacional no acompanhamento, ressaltando a importância do controle de peso eficaz após o DMG.​[143]​​ Outra revisão sistemática e metanálise sugeriram que intervenções no estilo de vida pós-parto em pacientes com DMG anterior podem reduzir efetivamente o risco de diabetes do tipo 2.​[144] Em um grande estudo de coorte prospectivo de mulheres de alto risco com história de DMG que foram acompanhadas por 28 anos, mantendo níveis ótimos de cinco fatores de risco modificáveis (IMC <25 kg/m², dieta de alta qualidade, consumo moderado de álcool [5.0-14.9 g/dia], exercícios regulares [≥150 minutos/semana de intensidade moderada ou ≥75 min/semana de intensidade vigorosa] e não fumar atualmente) foram associados a uma redução relativa de mais de 90% no risco de diabetes do tipo 2 incidente após ajuste para outros fatores de risco importantes para diabetes.[145] Esses benefícios foram consistentemente observados mesmo entre mulheres com sobrepeso ou obesidade e aquelas com maior suscetibilidade genética ao diabetes do tipo 2.

  • A amamentação pode ser benéfica para mulheres que tiveram DMG e é recomendada pela American Diabetes Association e American Heart Association (AHA)) para reduzir o risco de diabetes do tipo 2 subsequente.[3][115]

Há dados limitados que sugerem que a lactação está associada a uma melhora na hiperglicemia em jejum ou pós-prandial em mulheres com DMG recente.[146] Dados de base populacional sugerem que um período maior de lactação está associado a um risco menor de diabetes do tipo 2.[147]

Prevenção de doença cardiovascular

  • O DMG está associado a um risco duas vezes maior de eventos cardiovasculares futuros, e o risco é aparente até 10 anos após a gestação.[117] Esse aumento do risco é independente do desenvolvimento de diabetes do tipo 2.[130]

  • Uma história de DMG é considerada um fator de risco cardiovascular pela AHA e oferece uma oportunidade para modificação precoce do monitoramento do risco cardiovascular.[130][139]​​

A AHA informa que os períodos pós-parto e intergestacional são janelas de tempo críticas nas quais a implementação de um plano multidisciplinar abrangente e a consideração cuidadosa dos fatores de risco cardiovascular são importantes para reduzir desfechos maternos adversos.[115]

  • No Reino Unido, o Programa de Prevenção de Diabetes do NHS pode dar suporte a pacientes com intervenções de mudança de estilo de vida. As pacientes podem ser encaminhadas pelo seu clínico geral ou irem por conta própria.[137]

  • Além de intervenções no estilo de vida, como dieta e exercícios, o tratamento para perda de peso pode incluir opções farmacológicas, como agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1), ou cirurgia bariátrica para pacientes elegíveis.

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