Etiologia

Durante a gestação normal, a resistência à ação da insulina aumenta. Na maioria das gestações, as células pancreáticas beta são capazes de compensar o aumento da demanda de insulina, mantendo a normoglicemia. Em contrapartida, mulheres que desenvolvem diabetes mellitus gestacional (DMG) apresentam deficits na resposta das células beta, o que causa secreção insuficiente de insulina para compensar o aumento na demanda do hormônio. O risco é aumentado pelos seguintes fatores:

  • Obesidade: causa resistência insulínica, o que se agrava mais pela gestação[4][15][16]

  • Idade: devido à diminuição associada à idade na reserva de células beta pancreáticas[15]

  • DMG prévio: O DMG apresenta recorrência em 80% das gestações subsequentes.[4][14][17]

  • Bebê macrossômico prévio (pesando 4.5 kg ou mais)[4][14]

  • Ascendência ou etnia não branca com alta prevalência de diabetes[4][15][18]

  • História familiar de diabetes do tipo 2 (parente de primeiro grau com diabetes)[4][14][15]

  • Síndrome do ovário policístico: associada à resistência insulínica e à obesidade[15][19][20]

  • Falta de atividade física: o exercício aumenta a sensibilidade à insulina e pode afetar o peso corporal.[21][22]

Fisiopatologia

Acredita-se que substâncias produzidas pela placenta, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e o lactogênio placentário humano (também conhecido como somatomamotropina coriônica humana), exerçam papéis fundamentais na indução da resistência insulínica materna.[23] Há um aumento de 40% a 50% na resistência insulínica com o avanço da gestação tanto em mulheres com tolerância normal à glicose quanto naquelas com DMG, com rápida reversão da resistência insulínica após o parto.[24]​ A resistência insulínica é mais acentuada no terceiro trimestre, por isso o rastreamento tradicionalmente é realizado nessa época. A maioria das mulheres que desenvolvem DMG apresentam maior resistência insulínica pré-gestacional e deficits na função das células beta, o que as torna incapazes de se adaptar à gravidez.[15][24]​ No DMG, assim como no diabetes do tipo 2, o deficit na função das células beta geralmente é multifatorial e poligênico. No entanto, revelados pelo aumento da necessidade de insulina na gestação, o diabetes autoimune e o diabetes juvenil de início na maturidade (MODY) podem ocasionalmente ser identificados primeiro como DMG.

A hiperglicemia no final da gravidez está associada a:[15][25][26]

  • Macrossomia

  • Hipoglicemia, hiperbilirrubinemia e hipocalcemia neonatal

  • Desfechos maternos adversos, incluindo hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e parto cesáreo.

O estudo Hiperglicemia e Desfechos Adversos na Gestação (HAPO – Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcomes) mostrou que mesmo elevações leves da glicemia materna aumentam o risco de macrossomia na gestação e desfechos relacionados. O estudo não demonstrou valores limite de glicose para esses riscos.[26]

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