Abordagem

O objetivo do tratamento do esôfago de Barrett é reduzir o refluxo do ácido gástrico para o esôfago e eliminar o epitélio de Barrett.

Esôfago de Barrett não displásico

  • Tratamento com inibidores da bomba de prótons (IBPs) e vigilância: o uso dos IBPs está associado a uma diminuição do risco de progressão para esôfago de Barrett de alto grau ou carcinoma esofágico.[7] Embora a maioria dos medicamentos seja desenvolvida para administração uma vez ao dia, o tratamento pode ser intensificado para duas vezes ao dia, para evitar períodos em que a concentração do íon hidrogênio possa reduzir o pH intraluminal para menos que 4. No entanto, as diretrizes do American College of Gastroenterology afirmam que o aumento da frequência para a dosagem de duas vezes ao dia deve ser equilibrado com o aumento do risco de dano potencial com a terapia de longo prazo.[7] Um ensaio clínico aberto de fase 3 relatou uma redução pequena, mas significativa, na mortalidade por todas as causas em pacientes com esôfago de Barrett tratados com altas doses de esomeprazol, em comparação com baixas doses de esomeprazol, após 8.9 anos de tratamento.[48]

  • Cirurgia antirrefluxo: embora a cirurgia antirrefluxo, como a fundoplicatura de Nissen, possa ser eficaz na redução dos sintomas de refluxo gastroesofágico, as diretrizes recomendam contra o uso da cirurgia antirrefluxo para reduzir o risco de progressão do esôfago de Barrett para adenocarcinoma.[7][33]​ Essas recomendações são baseadas nos riscos e potenciais complicações associadas à cirurgia minimamente invasiva, bem como na falta de evidências suficientes que documentem um menor risco de progressão para neoplasia nesse grupo de pacientes. A cirurgia antirrefluxo pode ser considerada para o tratamento dos sintomas de refluxo nas pessoas com esôfago de Barrett que têm uma resposta sintomática desfavorável ou incompleta aos IBPs.[1]

A American Gastroenterological Association (AGA) sugere não usar a terapia de erradicação endoscópica rotineiramente nos pacientes com esôfago de Barrett não displásico.[49]

A vigilância é recomendada a cada 5 anos para o esôfago de Barrett não displásico <3 cm de comprimento, e a cada 3 anos para o esôfago de Barrett não displásico ≥3 cm de comprimento.[7]

As diretrizes não recomendam o uso rotineiro de terapias endoscópicas, como a ablação por radiofrequência (ARF), para a erradicação do esôfago de Barrett não displásico, devido ao baixo risco de progressão para displasia e adenocarcinoma.[1][7]​​[32]

Esôfago de Barrett com displasia de baixo grau

A displasia é um importante preditor do risco de câncer no esôfago de Barrett, mas há uma considerável variabilidade entre os observadores no que diz respeito à sua interpretação. O diagnóstico de qualquer grau de displasia (ou indefinido para displasia) requer confirmação por um patologista gastrointestinal experiente.

Os pacientes com esôfago de Barrett com displasia de baixo grau podem ser tratados com vigilância ou terapia de erradicação endoscópica.[7][32]​​[50]​ Discuta os riscos e benefícios da vigilância versus terapia de erradicação endoscópica com os pacientes que têm displasia de baixo grau.[7]​ A AGA sugere a terapia de erradicação endoscópica em vez da vigilância neste grupo de pacientes.[49]

​Quaisquer lesões visíveis devem ser removidas pelo uso de técnicas de ressecção endoscópica e enviadas para exame histopatológico antes de se realizar a ARF.[7][32]​​​ A ARF é a técnica ablativa de escolha.[32][49]​​[51]​​​​​​ O objetivo da ARF é a erradicação completa da metaplasia intestinal.[7]​ O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do Reino Unido recomenda oferecer a ARF aos pacientes com displasia esofágica de baixo grau diagnosticada por biópsias feitas em duas endoscopias separadas. Dois patologistas gastrointestinais devem confirmar o diagnóstico histológico.[33]

Um ensaio clínico randomizado demonstrou que a ablação da displasia de baixo grau reduz a incidência de progressão para adenocarcinoma.[52] Os eventos adversos associados à ARF incluem formação de estenose esofágica e dor pós-procedimento. O sangramento e a perfuração esofágica são raros.[53]

Os pacientes requerem vigilância regular após o tratamento; os intervalos de vigilância são ditados pela histologia pré-tratamento.[7]

Esôfago de Barrett com displasia de alto grau

O achado de displasia de alto grau está associado a 20% a 40% de risco de desenvolvimento de adenocarcinoma.[1][54]​ Se a displasia de alto grau for confirmada, recomenda-se a terapia de erradicação endoscópica em vez da vigilância.[7][49]​ O NICE no Reino Unido recomenda a ressecção endoscópica das lesões esofágicas visíveis para o tratamento de primeira linha dos pacientes com displasia de alto grau.[33]

As lesões visíveis devem ser removidas e todo o epitélio de Barrett remanescente erradicado.[1][7][32]

A ressecção endoscópica da mucosa (REM) ou a dissecção endoscópica de submucosa (DES) devem ser usadas para remover as lesões visíveis.[1][7]​​[32]​​[49]​ As lesões removidas devem ser submetidas a análise histológica. A REM é um tratamento efetivo para a displasia nodular de alto grau, pois atinge a ressecção completa da área displásica com margens negativas.[55] A DES é uma técnica altamente efetiva que fornece amostras com margens laterais mais amplas e maior profundidade, mas está disponível apenas em centros especializados.

O NICE no Reino Unido recomenda oferecer ablação endoscópica para remover qualquer esôfago de Barrett residual nos pacientes com displasia de alto grau após o tratamento com ressecção endoscópica.[33]​ Após a REM ou a DES, a ARF é a técnica ablativa preferencial para erradicar o epitélio de Barrett remanescente.[7][49]​ A eficácia e a segurança da ARF são apoiadas por dados robustos, incluindo os resultados de um ensaio clínico randomizado, controlado por simulação e multicêntrico que demonstrou erradicação completa do epitélio displásico em 81% dos pacientes tratados com essa técnica.[56] Os eventos adversos da ARF com ou sem REM são: estenose esofágica (5.6%), sangramento (1%) e perfuração esofágica (0.6%).[53]

Os pacientes requerem vigilância regular após o tratamento; os intervalos de vigilância são ditados pela histologia pré-tratamento.[7]

A esofagectomia é uma opção de tratamento definitiva, que permite a identificação de qualquer malignidade oculta.[57] No entanto, essa intervenção está associada a dois aspectos significativos: mortalidade relacionada a procedimentos e morbidade em longo prazo.[58]

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