Abordagem

Muitos países desenvolveram centros específicos para a agressão sexual, com instalações e funcionários especialmente treinados, para que cuidados excelentes possam ser oferecidos com dignidade e segurança. Serviços devem ser desenvolvidos em parceria entre o setor de saúde, serviços sociais, polícia, procuradores, tribunais e organizações não governamentais.[38]

Na maioria dos casos de abuso ou agressão sexual, a segurança da criança, do adolescente ou do adulto deve ser garantida por meio de denúncia (que pode ser compulsória) e encaminhamento às agências adequadas (por exemplo, o serviço de proteção a crianças ou autoridades legais). A terapia psicológica deve ser oferecida.[66]​ As evidências de uma revisão Cochrane sugerem que sobreviventes de estupro, violência sexual e abuso sexual na vida adulta podem experimentar reduções significativas no transtorno do estresse pós-traumático e sintomas depressivos após intervenções psicossociais, em comparação com aqueles em grupo-controle.[67]

Lesões físicas devem ser tratadas conforme necessário. O tratamento presuntivo das infecções sexualmente transmissíveis depende das circunstâncias. Os protocolos locais devem ser consultados para a denúncia e o tratamento das suspeitas de abuso sexual, profilaxia e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e contracepção de emergência, já que eles podem ser diferentes para cada região.

Agressão sexual aguda: ≤72 horas desde a agressão sexual

Pacientes que relatam agressão sexual com penetração devem receber aconselhamento quanto à profilaxia pós-exposição (PPE) ao HIV. Quando indicado, a PPE deve ser iniciada o mais rápido possível para maximizar a chance de eficácia.[68][69]​​ Uma consulta com um especialista em doenças infecciosas é recomendada para crianças que estejam recebendo PPE. Consulte Profilaxia pós-exposição ao HIV.

Outros tratamentos incluem:

  • Profilaxia de IST para crianças pré-púberes: como o risco de uma criança adquirir uma IST é geralmente baixo, a profilaxia com antibióticos geralmente não é recomendada em crianças pré-púberes.[52][53]​ Dependendo do tipo de abuso e de outras circunstâncias, como se houve violência e a prevalência local de ISTs, o tratamento profilático pode ser considerado somente após a coleta de todas as amostras para exames diagnósticos.[52][53]

  • Profilaxia de IST para adolescentes e adultos: as mulheres devem receber um esquema antimicrobiano empírico para clamídia, gonorreia e tricomoníase; os homens devem receber um esquema antimicrobiano empírico para clamídia e gonorreia.[52]

  • Vacinação contra hepatite B: deve ser considerada em todos os pacientes não vacinados contra o vírus da hepatite B.[52][53] A vacinação é mais efetiva quando administrada dentro de 24 horas após a exposição. Há evidências limitadas para orientar o intervalo máximo de vacinação após a exposição, mas é improvável que a vacina seja eficaz >14 dias após a exposição sexual.[70]​ Se o agressor tiver sorologia positiva para antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg), uma dose de imunoglobulina anti-hepatite B deve ser administrada, de preferência em até 24 horas após o contato.[70]

  • Vacinação contra o papilomavírus humano: a vacinação deve ser considerada em homens e mulheres com 9 a 26 anos de idade que sejam vítimas de abuso ou agressão sexual e não iniciaram ou concluíram a imunização.[52] Embora a vacina não proteja contra a progressão da infecção já adquirida ou promova o desaparecimento da infecção, a vacina protege contra os tipos de vírus ainda não adquiridos.[71]

  • Contracepção de emergência: a contracepção de emergência deve ser oferecida a mulheres em idade reprodutiva dentro de 120 horas após a agressão sexual.[38]

Agressão sexual não aguda: >72 horas desde a agressão sexual

Uma vez que as crianças pré-púberes tenham sido submetidas a testes apropriados para sorologias de sífilis, IST e HIV, mais tratamentos clínicos serão necessários se os testes indicarem resultados positivos. A abordagem para pacientes adolescentes e adultos é a mesma, com a exceção de que a contracepção de emergência também será oferecida a mulheres em idade reprodutiva se a paciente se apresentar dentro de 120 horas após a agressão sexual.[38]​ A PPE não é recomendada se a agressão ocorreu há mais de 72 horas.[52]

Tratamento de ISTs

O tratamento depende do organismo causador. Ver infecção do trato genital por clamídia (abordagem de tratamento), Infecção por gonorreia (abordagem de tratamento), Vaginite (abordagem de tratamento), Verrugas genitais (abordagem de tratamento), Infecção pelo vírus do herpes simples (abordagem de tratamento), Infecção por sífilis (abordagem de tratamento), e Infecção por HIV (abordagem de tratamento).

Contracepção de emergência

Contracepção de emergência por via oral também deve ser oferecida a mulheres em idade reprodutiva se elas se apresentarem em até 120 horas após a agressão sexual. O tratamento por via oral com a contracepção de emergência deve ser iniciado logo após a relação sexual desprotegida para maximizar a sua eficácia.[72] ​O levonorgestrel pode ser usado até 72 horas após o contato sexual, enquanto o ulipristal pode ser usado até 120 horas após o contato sexual.[73] A contracepção oral de emergência pode ser menos eficaz em mulheres com sobrepeso ou obesidade. O levonorgestrel parece ser menos eficaz em mulheres com índice de massa corporal (IMC) ≥25 kg/m².[73]​ As evidências sobre o impacto do IMC no ulipristal são mistas, por isso às vezes é a opção preferencial para mulheres com IMC >26 kg/m² ou peso >70 kg.[74]​ Nenhum teste de gravidez é necessário antes que a prescrição para contracepção de emergência seja providenciada.[38][72]​​​[75]

O dispositivo intrauterino (DIU) de cobre é o contraceptivo de emergência mais eficaz e pode ser inserido até 120 horas após a agressão.[73]​ Ele mantém sua eficácia elevada ao longo da totalidade da janela de 120 horas.[72] A eficácia do DIU de cobre não é afetada pelo peso corporal ou IMC e, portanto, deve ser considerado como uma alternativa à contracepção oral de emergência em mulheres com obesidade.[73][74]​​​​ O DIU não deve ser considerado uma opção se a paciente estiver grávida. Consulte Contracepção.

Um teste de gravidez deve ser realizado se a menstruação estiver 1 semana ou mais atrasada.[16]

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