O tratamento da infecção por sífilis é curativo com antibióticos apropriados. O diagnóstico imediato e a antibioticoterapia é importante por causa da possibilidade de complicação em longo prazo, seja na infecção não tratada ou na infecção prolongada de duração desconhecida. A benzilpenicilina parenteral é o tratamento medicamentoso de primeira escolha para o tratamento de todas as fases da sífilis.[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
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[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
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A preparação (ou seja, benzatina, procaína, meio aquoso), a dose e a duração do tratamento são determinadas pelo estágio e pelas manifestações clínicas da doença.[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
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[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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Sem neurossífilis
O tratamento pode seguir os resultados do teste diagnóstico ou pode ser empírico. A terapia empírica pode ser considerada naqueles com suspeita de infecção recente (uma erupção cutânea ou ulceração) antes que os resultados sorológicos estejam disponíveis. Essa abordagem pode ser apropriada se houver dúvida em relação ao retorno do paciente. Os contatos sexuais dos pacientes com sífilis confirmada devem ser submetidos a rastreamento e tratamento presuntivo deve ser oferecido se houver dificuldades para o acompanhamento. Os benefícios da terapia empírica (terapia imediata) e seus riscos (tratamento potencialmente desnecessário) devem ser discutidos com o paciente. Consulte Prevenção secundária.
O tratamento de primeira linha da sífilis primária, secundária e latente inicial (sem neurossífilis) é a benzilpenicilina benzatina intramuscular em dose única.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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Considere a realização de testes cutâneos e a dessensibilização à penicilina em pacientes que relatam alergia à penicilina, particularmente nos casos em que a adesão ao tratamento ou o acompanhamento não podem ser garantidos.[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
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[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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Os dados que dão suporte à eficácia de alternativas à penicilina são limitados, mas a doxiciclina oral pode ser oferecida como alternativa caso o paciente seja alérgico à penicilina e não esteja grávida.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
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A adesão e a observância do paciente podem influenciar o desfecho do tratamento, se a terapia oral for administrada. A azitromicina em dose única é utilizada em alguns centros, mas não é recomendada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nem pela British Association for Sexual Health and HIV (BASHH) devido a preocupações relacionadas à resistência aos macrolídeos.[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
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[99]Hook EW 3rd, Martin DH, Stephens J, et al. A randomized, comparative pilot study of azithromycin versus benzathine penicillin G for treatment of early syphilis. Sex Transm Dis. 2002 Aug;29(8):486-90.
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[100]Riedner G, Rusizoka M, Todd J, et al. Single-dose azithromycin versus penicillin G benzathine for the treatment of early syphilis. N Engl J Med. 2005 Sep 22;353(12):1236-44.
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[101]Lukehart SA, Godornes C, Molini BJ, et al. Macrolide resistance in Treponema pallidum in the United States and Ireland. N Engl J Med. 2004 Jul 8;351(2):154-8.
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O teste cutâneo de alergia à penicilina identifica os pacientes com alto risco de reações a este antibiótico. Os reagentes cutâneos devem incluir alérgenos maiores e menores.[102]Ansotegui IJ, Melioli G, Canonica GW, et al. IgE allergy diagnostics and other relevant tests in allergy, a World Allergy Organization position paper. World Allergy Organ J. 2020 Feb;13(2):100080.
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Os pacientes que apresentam teste cutâneo negativo podem receber a terapia com penicilina. Entretanto, alguns médicos realizam a dessensibilização sem o teste cutâneo, particularmente se os reagente cutâneos dos determinantes maiores e menores da alergia à penicilina não estiverem disponíveis. A dessensibilização aguda pode ser realizada em pacientes que apresentam teste cutâneo positivo para um dos determinantes da penicilina e deve ser realizada sob a supervisão de um especialista (por exemplo, um alergista) em um ambiente hospitalar monitorado, com acesso imediato a equipamentos de reanimação (por exemplo, em uma unidade de alergologia ou de terapia intensiva).[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
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Dessensibilização oral ou intravenosa pode ser realizada e geralmente é concluída em 4 horas, período após o qual a primeira dose de penicilina é administrada.[103]Chastain DB, Hutzley VJ, Parekh J, et al. Antimicrobial desensitization: a review of published protocols. Pharmacy (Basel). 2019 Aug 9;7(3):112.
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Os testes cutâneos e a dessensibilização à penicilina não são adequados para pessoas com história de reações graves não mediadas por IgE (por exemplo, síndrome de Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica, nefrite intersticial ou anemia hemolítica); nesses casos, recomenda-se o encaminhamento a um centro de alergologia para uma avaliação mais aprofundada.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
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O tratamento da sífilis latente não afeta a transmissão e é destinado a prevenir complicações futuras. O tratamento de primeira linha para sífilis latente e terciária (manifestações psiquiátricas, cardiovasculares, gome sifilítica, neurossífilis tardia) com exame de líquido cefalorraquidiano (LCR) normal é feito com benzilpenicilina benzatina intramuscular (uma vez por semana por 3 semanas). A doxiciclina oral pode ser oferecida como tratamento alternativo para pacientes com alergia à penicilina e sífilis latente tardia, mas o teste cutâneo e a dessensibilização à penicilina devem ser considerados sempre que possível.[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
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[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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Para pacientes com sífilis terciária e alergia à penicilina, a doxiciclina oral pode ser oferecida como tratamento alternativo, de acordo com algumas diretrizes de tratamento, mas testes cutâneos e dessensibilização à penicilina devem ser considerados sempre que possível.[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
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O CDC recomenda que, nesse caso, se procure o aconselhamento de um infectologista para determinar o melhor curso de tratamento.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
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Os pacientes que apresentam sífilis terciária devem realizar um exame do LCR antes que o tratamento seja iniciado. Os pacientes com achados anormais no LCR devem ser tratados com um esquema de neurossífilis.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
A sífilis (latente) cardiovascular não tratada pode ser assintomática ou provocar aneurisma da aorta (principalmente da aorta torácica), regurgitação aórtica, angina e estenose dos óstios coronários. A antibioticoterapia na sífilis cardiovascular não reverte a doença cardiovascular, a qual pode continuar a evoluir após o tratamento. Isso ocorre porque a patologia subjacente da necrose da média da parede da aorta já terá sido estabelecida. Recomenda-se discutir com um cardiologista.
Neurossífilis
O envolvimento do sistema nervoso central (SNC) pode ocorrer em qualquer estágio da sífilis e pode variar de um acometimento assintomático das meninges até demência e neuropatia sensorial.[20]Ropper AH. Neurosyphilis. N Engl J Med. 2019 Oct 3;381(14):1358-63.
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O tratamento de primeira linha para a neurossífilis consiste em benzilpenicilina aquosa intravenosa. O tratamento de segunda linha consiste em benzilpenicilina procaína intramuscular associada a probenecida oral.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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Os níveis de antibióticos treponemicidas precisam ser mantidos no sistema nervoso central durante todo o curso do tratamento; se o tratamento for interrompido por mais de 24 horas, o ciclo de antibióticos deve ser reiniciado.[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/09564624241280406
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/39270129?tool=bestpractice.com
Alguns especialistas também administram benzilpenicilina benzatina por via intramuscular uma vez por semana por até 3 semanas após o esquema de tratamento para neurossífilis ser completado, para assegurar que a duração do tratamento seja comparável à duração do tratamento para sífilis tardia na ausência de neurossífilis.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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A dessensibilização à penicilina é recomendável a todos os pacientes com neurossífilis e hipersensibilidade à penicilina. Consulte a seção "sem neurossífilis" acima para obter detalhes sobre testes cutâneos e dessensibilização. As evidências para o uso de esquemas medicamentosos que não utilizam penicilina são relativamente fracas. Entretanto, a doxiciclina em altas doses é utilizada por alguns médicos nessa situação.[7]World Health Organization. Guidelines for the treatment of Treponema pallidum (syphilis). 2016 [internet publication].
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[20]Ropper AH. Neurosyphilis. N Engl J Med. 2019 Oct 3;381(14):1358-63.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31577877?tool=bestpractice.com
Infecção na gestação
A benzilpenicilina parenteral é o único tratamento recomendado durante a gravidez, de acordo com o CDC.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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Pacientes grávidas alérgicas à penicilina devem ser dessensibilizadas e tratadas com penicilina (consulte a seção "sem neurossífilis" acima para obter detalhes sobre testes cutâneos e dessensibilização). As evidências que dão suporte à eficácia de esquemas de tratamento alternativos durante a gravidez são limitadas.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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No entanto, outras diretrizes internacionais, incluindo as da Organização Mundial da Saúde (OMS), reconhecem que a benzilpenicilina pode não estar disponível em determinados contextos clínicos e sugerem esquemas alternativos (com base em evidências limitadas).[59]World Health Organization. Updated recommendations for the treatment of Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis, and Treponema pallidum (syphilis) and new recommendations on syphilis testing and partner services. Jul 2024 [internet publication].
https://www.who.int/publications/i/item/9789240090767
[73]Kingston M, Wilson J, Dermont S, et al. British Association of Sexual Health and HIV (BASHH) UK guidelines for the management of syphilis in pregnancy and children 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1161-73.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/39308221?tool=bestpractice.com
Gestantes devem receber o tratamento baseado em penicilina de acordo com o estágio da sífilis. Para gestantes com sífilis primária, secundária ou latente recente, determinadas evidências sugerem que a administração de duas injeções de benzilpenicilina benzatina intramuscular, em vez de uma, pode ajudar a prevenir a sífilis congênita. Gestantes com sífilis latente tardia ou terciária, com exame do LCR normal, devem receber três injeções de benzilpenicilina benzatina intramuscular, de acordo com as orientações para não gestantes.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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Deve ser realizada a avaliação fetal sonográfica para sífilis congênita. A presença de sífilis fetal ou placentária (por exemplo, hepatomegalia, ascite e hidropisia) indica maior risco de falha no tratamento fetal para sífilis congênita.[72]Hollier LM, Harstad TW, Sanchez PJ, et al. Fetal syphilis: clinical and laboratory characteristics. Obstet Gynecol. 2001 Jun;97(6):947-53.
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As gestantes devem ser alertadas sobre a possibilidade de reação de Jarisch-Herxheimer. A reação de Jarisch-Herxheimer pode ser complicada por sofrimento fetal e parto prematuro. Recomenda-se o acompanhamento especializado com um obstetra.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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Coinfecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV)
A sífilis é um importante facilitador da transmissão de HIV.[19]French P. Syphilis. BMJ. 2007;334:143-147.
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A maioria dos médicos trata os indivíduos positivos ou negativos para vírus da imunodeficiência humana (HIV) com os mesmos esquemas de penicilina, de acordo com o estágio da sífilis. Por exemplo, o tratamento de primeira linha para a sífilis primária e secundária em pacientes com infecção por HIV é uma dose única de penicilina G benzatina intramuscular (benzilpenicilina benzatina). Não há dados que sugiram que doses adicionais de benzilpenicilina benzatina ou outros antibióticos aumentem a eficácia em pacientes com HIV.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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As pessoas com infecção por HIV e sífilis primária ou secundária devem ser avaliadas clínica e sorologicamente em relação à falha do tratamento em 3, 6, 9, 12 e 24 meses após a terapia. Embora não haja benefícios confirmados, alguns especialistas recomendam a realização de uma análise do LCR 6 meses após a terapia, seja de maneira rotineira ou quando os títulos não treponêmicos não tiverem diminuído em quatro vezes dentro de 6 a 12 meses de terapia.
Pacientes com coinfecção por sífilis e HIV que são alérgicos à penicilina devem receber o mesmo tratamento recomendado para pacientes HIV-negativos com alergia à penicilina.[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
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[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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Sífilis congênita
As decisões sobre o tratamento da sífilis congênita são tomadas com base na infecção confirmada ou suspeita (altamente provável, possível, menos provável ou improvável) ao considerar vários fatores, inclusive:[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
Presença de evidência clínica, laboratorial ou radiográfica de sífilis no lactente (o teste deve incluir titulações sorológicas não treponêmicas maternas e neonatais pareadas usando o mesmo teste, preferencialmente conduzido no mesmo laboratório).
Consulte Classificação.
Todos os lactentes nascidos de mães com testes reativos, não treponêmicos e treponêmicos, devem realizar a sorologia não treponêmica (testes Venereal Disease Research Laboratory ou reagina plasmática rápida), realizada no soro do bebê. Resultados falso-positivos podem ocorrer se a amostra utilizada for de sangue do cordão umbilical, devido à contaminação do sangue do cordão umbilical pelo sangue materno.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
Quando crianças com >1 mês de idade apresentarem testes positivos para sífilis, é necessário revisar os registros de nascimento e da mãe e os resultados da sorologia para determinar se a infecção delas é congênita ou adquirida.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
Bebês e crianças com >1 mês de idade com sífilis primária ou secundária adquirida devem ser tratados por um infectologista pediátrico e avaliados quanto a abuso sexual.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
Consulte Abuso e agressão sexual.
Se houver evidências de tratamento eficaz (e ausência de reinfecção) da mãe, o exame físico do lactente for normal e o VDRL/RPR do lactente estiver quatro vezes abaixo do da mãe, não será indicado qualquer tratamento; no entanto, recomenda-se o acompanhamento sorológico rígido a cada 2 ou 3 meses por 6 meses. Lactentes com exame físico anormal ou RPR/VDRL igual ou superior a quatro vezes o título da mãe deve ser totalmente avaliados e tratados.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
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O tratamento de primeira linha para sífilis congênita comprovada ou altamente provável confirmada é benzilpenicilina aquosa intravenosa ou benzilpenicilina procaína intramuscular.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
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https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD012071.pub2/full?highlightAbstract=withdrawn%7Ccd012071
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30776081?tool=bestpractice.com
A sífilis congênita possível é tratada com benzilpenicilina aquosa intravenosa, benzilpenicilina procaína intramuscular ou benzilpenicilina benzatina intramuscular.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
[104]Walker GJ, Walker D, Molano Franco D, et al. Antibiotic treatment for newborns with congenital syphilis. Cochrane Database Syst Rev. 2019 Feb 15;(2):CD012071.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD012071.pub2/full?highlightAbstract=withdrawn%7Ccd012071
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30776081?tool=bestpractice.com
Se um teste não treponêmico no lactente for não reativo e o risco materno de sífilis não tratada for baixo, ou se a avaliação completa (exame do LCR, radiografia de ossos longos e hemograma completo com plaquetas) estiver normal e o acompanhamento for certo, uma dose única de benzilpenicilina benzatina intramuscular pode ser administrada.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
[104]Walker GJ, Walker D, Molano Franco D, et al. Antibiotic treatment for newborns with congenital syphilis. Cochrane Database Syst Rev. 2019 Feb 15;(2):CD012071.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD012071.pub2/full?highlightAbstract=withdrawn%7Ccd012071
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30776081?tool=bestpractice.com
Se a mãe tiver apresentado sífilis recente não tratada no momento do parto, o neonato tem risco aumentado de sífilis congênita e o ciclo de 10 dias de benzilpenicilina deve ser considerado, mesmo que as investigações sejam normais, o teste não treponêmico seja não reativo e acompanhamento seja garantido.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
Caso a sífilis congênita seja menos provável (ou seja, se o teste não treponêmico no lactente for não reativo, o exame físico do lactente estiver normal e a mãe tiver sido tratada com sucesso durante a gestação), uma dose única de benzilpenicilina benzatina intramuscular é o tratamento recomendado.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
Caso a mãe tenha sido tratada de maneira adequada antes da gestação, o teste não treponêmico no lactente seja não reativo e o exame físico do lactente esteja normal, a sífilis congênita é improvável e não requer nenhum tratamento. No entanto, pode-se considerar uma dose única de benzilpenicilina benzatina intramuscular se o acompanhamento subsequente do lactente for incerto e houver teste não treponêmico reativo.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
Lactentes com alergia a penicilina ou aqueles que desenvolvem uma reação alérgica presumidamente secundária à penicilina devem ser dessensibilizados e tratados com penicilina.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
O teste cutâneo não é possível em lactentes com sífilis congênita, pois o procedimento não foi padronizado para essa faixa etária.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
O teste cutâneo pode ser usado em crianças com idade ≥2 anos. Recomenda-se uma discussão com um obstetra especializado e com um neonatologista. Os neonatos com testes não treponêmicos reativos devem ser acompanhados para se garantir que o teste não treponêmico volte a ser negativo.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
É recomendado um rigoroso acompanhamento clínico e sorológico por um pediatra especialista.
Potenciais efeitos adversos do tratamento
Os pacientes devem ser alertados sobre possíveis reações ao tratamento, como a reação de Jarisch-Herxheimer e a reação iatrogênica à procaína.
A reação de Jarisch-Herxheimer é uma enfermidade febril aguda que pode ocorrer nas primeiras 24 horas após a iniciação da antibioticoterapia para sífilis. Os sintomas incluem febre aguda, cefaleia e mialgia, geralmente em pacientes com sífilis recente.[8]Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1-187.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8344968
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34292926?tool=bestpractice.com
A corticoterapia pode ser considerada para prevenir potenciais consequências graves da reação de Jarisch-Herxheimer em pacientes não gestantes com sífilis cardiovascular ou neurossífilis.[4]Kingston M, Apea V, Evans C, et al. BASHH UK guidelines for the management of syphilis 2024. Int J STD AIDS. 2024 Dec;35(14):1142-60.
https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/09564624241280406
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/39270129?tool=bestpractice.com
No entanto, a evidência de eficácia é obscura e ela não é rotineiramente recomendada em alguns países.
A reação iatrogênica à procaína (psicose e mania por procaína, e síndrome de Hoigné) pode ocorrer se a penicilina G procaína intramuscular for administrada de modo incorreto por via intravenosa. Os pacientes podem desenvolver respostas alérgicas à penicilina, incluindo choque anafilático.[25]Janier M, Unemo M, Dupin N, et al. 2020 European guideline on the management of syphilis. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2021 Mar;35(3):574-88.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33094521?tool=bestpractice.com