Complicações
O hematoma ósseo pode acompanhar as rupturas do LCA e acredita-se que ele inicie uma cascata bioquímica, a qual, mesmo em joelhos reconstruídos, pode causar artrose pós-traumática.[107]
Rupturas concomitantes do LCM foram encontradas em até 21% das rupturas do LCA, com a clássica "tríade infeliz" (isto é, ruptura do LCA, ruptura/entorse do LCM, ruptura do menisco medial) sendo menos comum. Além disso, lesões ligamentares múltiplas do joelho podem ocorrer como resultado de um trauma substancial. O ligamento cruzado anterior, o ligamento colateral posterior e o ligamento colateral medial podem todos sofrer ruptura, juntamente com o complexo ligamentar lateral. Essas lesões devastadoras geralmente resultam em uma luxação franca de joelho, a qual pode ameaçar o membro.[108]
A etiologia da artrose pós-traumática provavelmente seja multifatorial, incluindo lesão condral direta, ruptura do menisco com carga articular alterada e episódios de instabilidade recorrente. Dor, instabilidade e propriocepção prejudicada podem resultar em desuso, atrofia muscular e ganho de peso, os quais aumentam o risco de artrose.[111] Também existem evidências de que a lesão inicial perturba o ambiente normal da cartilagem e do líquido sinovial, o que ativa uma cascata inflamatória e apoptótica.[112][113] Ao longo do tempo, isso pode causar degeneração adicional da cartilagem. Existem muitas opções para tratar a artrose pós-traumática, mas um diagnóstico rápido e um tratamento individualizado e especializado da lesão inicial talvez seja a melhor maneira de minimizar a chance dessa complicação.
As rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA) frequentemente são complicadas por lesões em outras estruturas do joelho. Ocorre ruptura do menisco em até 81% das lesões do LCA, sendo que o menisco lateral tem maior probabilidade de ser lesionado agudamente e o menisco medial, de ser rompido em um paciente com uma ruptura crônica do LCA.[104]
Uma ruptura do menisco pode ocorrer no momento da lesão inicial do LCA, pois o menisco está entre o fêmur e a tíbia. Essa lesão tem maior probabilidade de afetar o menisco lateral. A ruptura também pode desenvolver-se ao longo do tempo como resultado da instabilidade recorrente (mais provável no menisco medial).[105][106] Rupturas do menisco podem ser reparadas ou excisadas e cortadas no momento da reconstrução. Se uma ruptura desenvolve-se mais tarde, ela pode ser tratada nesse momento. Entretanto, a reparação de um menisco roto sem reconstrução do LCA rompido pode ser inútil, já que a instabilidade recorrente pode causar repetição da lesão meniscal.
A lesão condral leve geralmente ocorre ao mesmo tempo que a ruptura do LCA, quando o fêmur e a tíbia colidem entre si.[109] Idade elevada, altura, peso e índice de massa corporal (IMC) também podem aumentar o risco de lesão do menisco e da cartilagem articular.[110] Com o tempo, os episódios de instabilidade recorrente podem danificar ainda mais a cartilagem. Embora não exista nenhum método para restaurar completamente a cartilagem articular, técnicas podem ser combinadas com a reconstrução do LCA para tratar os defeitos condrais de espessura total.
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