A grande maioria dos pacientes com talassemia alfa estão em bom estado clínico, e a maioria é assintomática. Muitos pacientes com hemoglobina (Hb) H também apresentam bom estado clínico, mas estão em risco de: episódios hemolíticos agudos, crises aplásticas, sobrecarga de ferro (mesmo na ausência de transfusões crônicas), hiperesplenismo e doença endócrina.[5]Chen FE, Ooi C, Ha SY, et al. Genetic and clinical features of hemoglobin H disease in Chinese patients. N Engl J Med. 2000 Aug 24;343(8):544-50.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200008243430804
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10954762?tool=bestpractice.com
[46]Chui DH, Fucharoen S, Chan V. Hemoglobin H disease: not necessarily a benign disorder. Blood. 2003 Feb 1;101(3):791-800.
https://ashpublications.org/blood/article/101/3/791/88824/Hemoglobin-H-disease-not-necessarily-a-benign
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12393486?tool=bestpractice.com
A educação é uma parte importante do manejo e deve sempre abranger tanto os riscos de eventos agudos como, em aconselhamento genético, os riscos da concepção de um filho com doença da Hb H ou talassemia alfa maior potencialmente devastadora.[4]Harteveld CL, Higgs DR. Alpha-thalassemia. Orphanet J Rare Dis. 2010 May 28;5:13.
https://ojrd.biomedcentral.com/articles/10.1186/1750-1172-5-13
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20507641?tool=bestpractice.com
Talassemia alfa de portador silencioso e traço de talassemia
A condição de talassemia alfa de portador silencioso (1 gene da globina alfa afetado) geralmente está associada a níveis normais de Hb; pacientes com traço de talassemia alfa (2 genes da globina alfa afetados) podem apresentar uma leve anemia assintomática. É importante evitar suplementação de ferro desnecessária e potencialmente prejudicial nessa população e fornecer educação, particularmente com respeito a aconselhamento genético.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
[65]Thalassaemia International Federation. Nutrition in thalassaemia and pyruvate kinase deficiency: a guideline for clinicians. 2023. A terapia com ferro somente é necessária se o paciente desenvolver deficiência de ferro, confirmada pelos métodos diagnósticos padrão (ferro sérico, nível de saturação de transferrina, ferritina sérica). Consulte Anemia ferropriva.
Os pacientes homozigotos para Hb Constant Spring (Hb CS/CS; alongamento da globina alfa, um subtipo de traço de talassemia alfa) possuem um fenótipo clínico mais grave que os pacientes homozigotos para talassemia alfa (+) delecional. Eles apresentam anemia leve e, frequentemente, icterícia e esplenomegalia com volume corpuscular médio (VCM) normal e hemoglobina corpuscular média (HCM) ligeiramente baixa.[6]Pootrakul P, Winichagoon P, Fucharoen S, et al. Homozygous haemoglobin Constant Spring: a need for revision of concept. Hum Genet. 1981;59(3):250-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7327587?tool=bestpractice.com
Mulheres com traço de talassemia alfa: gestação
A gestação acarreta um aumento relativo no volume plasmático superior à massa eritrocitária, o que resulta em uma diminuição da Hb. Essa diminuição é mais pronunciada em indivíduos com traço de talassemia alfa do que naqueles sem.[66]Ruangvutilert P, Phatihattakorn C, Yaiyiam C, et al. Pregnancy outcomes among women affected with thalassemia traits. Arch Gynecol Obstet. 2023 Feb;307(2):431-8.
https://link.springer.com/article/10.1007/s00404-022-06519-y
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35347380?tool=bestpractice.com
Entretanto, no traço de talassemia alfa, a Hb geralmente não cai abaixo de 90 g/L (9 g/dL) e, portanto, a intervenção normalmente não é necessária.[67]Akhavan-Niaki H, Youssefi Kamangari R, Banihashemi A, et al. Hematologic features of alpha thalassemia carriers. Int J Mol Cell Med. 2012 Summer;1(3):162-7.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3920506
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24551772?tool=bestpractice.com
doença da Hb H
Os pacientes com doença da Hb H apresentam risco de complicações, incluindo episódios transitórios de anemia intensa (secundária ao aumento do estresse oxidativo por medicamento ou doença), crise aplástica decorrente de infecção por parvovírus B19 ou por outros vírus, colelitíase, úlceras nas pernas, esplenomegalia, deficiência de vitamina D e de cálcio, osteopenia e retardo de crescimento.[5]Chen FE, Ooi C, Ha SY, et al. Genetic and clinical features of hemoglobin H disease in Chinese patients. N Engl J Med. 2000 Aug 24;343(8):544-50.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200008243430804
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10954762?tool=bestpractice.com
[46]Chui DH, Fucharoen S, Chan V. Hemoglobin H disease: not necessarily a benign disorder. Blood. 2003 Feb 1;101(3):791-800.
https://ashpublications.org/blood/article/101/3/791/88824/Hemoglobin-H-disease-not-necessarily-a-benign
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12393486?tool=bestpractice.com
[68]Vichinsky EP. Clinical manifestations of alpha-thalassemia. Cold Spring Harb Perspect Med. 2013 May 1;3(5):a011742.
https://perspectivesinmedicine.cshlp.org/content/3/5/a011742.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23543077?tool=bestpractice.com
[69]Vogiatzi MG, Macklin EA, Fung EB, et al. Bone disease in thalassemia: a frequent and still unresolved problem. J Bone Miner Res. 2009 Mar;24(3):543-57.
https://asbmr.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1359/jbmr.080505
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18505376?tool=bestpractice.com
Os pacientes com Hb H CS apresentam um risco particularmente elevado de anemia relacionada a infecções, levando a uma transfusão de eritrócitos com urgência.[56]Lal A, Goldrich ML, Haines DA, et al. Heterogeneity of hemoglobin H disease in childhood. N Engl J Med. 2011 Feb 24;364(8):710-8.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1010174
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21345100?tool=bestpractice.com
Consulte Complicações.
Os pacientes e suas famílias devem ser instruídos acerca da necessidade de buscar atendimento médico caso se apercebam de sintomas como aumento da fadiga, dispneia, icterícia ou urina escura.
Os pacientes devem evitar medicamentos associados à lesão oxidante na deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), como sulfonamidas e nitrofurantoína.[70]Beutler E. G6PD deficiency. Blood. 1994 Dec 1;84(11):3613-36.
https://ashpublications.org/blood/article/84/11/3613/118679/G6PD-deficiency
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7949118?tool=bestpractice.com
Esses pacientes também recebem polivitamínicos sem ferro e suplementação de folato por via oral.[68]Vichinsky EP. Clinical manifestations of alpha-thalassemia. Cold Spring Harb Perspect Med. 2013 May 1;3(5):a011742.
https://perspectivesinmedicine.cshlp.org/content/3/5/a011742.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23543077?tool=bestpractice.com
Doença da Hb H: estado da sobrecarga de ferro
Todos os pacientes devem ser monitorados para sobrecarga de ferro. A sobrecarga de ferro se desenvolve com o tempo em uma alta proporção de pacientes com doença da Hb H, mesmo na ausência de transfusões crônicas de eritrócitos.[5]Chen FE, Ooi C, Ha SY, et al. Genetic and clinical features of hemoglobin H disease in Chinese patients. N Engl J Med. 2000 Aug 24;343(8):544-50.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200008243430804
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10954762?tool=bestpractice.com
[71]Hsu HC, Lin CK, Tsay SH, et al. Iron overload in Chinese patients with hemoglobin H disease. Am J Hematol. 1990 Aug;34(4):287-90.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2368695?tool=bestpractice.com
[72]Tso SC, Loh TT, Chen WW, et al. Iron overload in thalassaemic patients in Hong Kong. Ann Acad Med Singapore. 1984 Jul;13(3):487-90.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6517514?tool=bestpractice.com
A supressão da hepcidina pela eritropoiese e outros fatores resultam em um aumento da absorção do ferro e da liberação do ferro reticuloendotelial.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
[73]Kattamis A, Papassotiriou I, Palaiologou D, et al. The effects of erythropoetic activity and iron burden on hepcidin expression in patients with thalassemia major. Haematologica. 2006 Jun;91(6):809-12.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16769583?tool=bestpractice.com
[74]Lin CK, Lin JS, Jiang ML. Iron absorption is increased in hemoglobin H diseases. Am J Hematol. 1992 May;40(1):74-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1566754?tool=bestpractice.com
A sobrecarga de ferro pode acarretar complicações hepáticas, endócrinas, vasculares e, menos comumente, cardíacas.[5]Chen FE, Ooi C, Ha SY, et al. Genetic and clinical features of hemoglobin H disease in Chinese patients. N Engl J Med. 2000 Aug 24;343(8):544-50.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200008243430804
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10954762?tool=bestpractice.com
[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
A sobrecarga de ferro pode surgir em uma idade mais precoce e ser mais grave nos pacientes com doença da Hb H não delecional (como Hb H/Constant Spring) em comparação com aqueles que têm doença da Hb H delecional.[56]Lal A, Goldrich ML, Haines DA, et al. Heterogeneity of hemoglobin H disease in childhood. N Engl J Med. 2011 Feb 24;364(8):710-8.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1010174
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21345100?tool=bestpractice.com
[75]Yin XL, Zhang XH, Zhou TH, et al. Hemoglobin H disease in Guangxi province, Southern China: clinical review of 357 patients. Acta Haematol. 2010;124(2):86-91.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20639625?tool=bestpractice.com
Os pacientes com doença da Hb H não delecional têm maior probabilidade de precisarem de transfusão que os pacientes com doença da Hb H delecional.[5]Chen FE, Ooi C, Ha SY, et al. Genetic and clinical features of hemoglobin H disease in Chinese patients. N Engl J Med. 2000 Aug 24;343(8):544-50.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200008243430804
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10954762?tool=bestpractice.com
[56]Lal A, Goldrich ML, Haines DA, et al. Heterogeneity of hemoglobin H disease in childhood. N Engl J Med. 2011 Feb 24;364(8):710-8.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1010174
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21345100?tool=bestpractice.com
Em um estudo, um terço dos pacientes com doença da Hb H não delecional necessitaram de transfusões regulares.[8]Vichinsky EP, MacKlin EA, Waye JS, et al. Changes in the epidemiology of thalassemia in North America: a new minority disease. Pediatrics. 2005 Dec;116(6):e818-25.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16291734?tool=bestpractice.com
O status do ferro pode ser acompanhado pela ferritina sérica, ferro hepático (ressonância nuclear magnética [RNM] R2 ou R2*, biosusceptometria magnética ou biópsia hepática [menos preferencial]) e ferro cardíaco (avaliado por RNM cardíaca T2*).[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
[54]Northern California Comprehensive Thalassemia Center. Standards of care guidelines for thalassemia. 2012 [internet publication].
https://thalassemia.ucsf.edu/standards-care
[55]Wood JC. Diagnosis and management of transfusion iron overload: the role of imaging. Am J Hematol. 2007 Dec;82(suppl 12):1132-5.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/ajh.21099
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17963249?tool=bestpractice.com
Uma carga cardíaca de ferro é incomum nos pacientes não submetidos a transfusões.
Para pacientes com talassemia não dependente de transfusão, a avaliação regular da ferritina (pelo menos a cada 6-12 meses) deve iniciar aos 10 anos de idade, com avaliação por RNM de ferro hepático se a ferritina estiver >674.1 picomoles/L (>300 nanogramas/mL).[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
Para pacientes com talassemia dependente de transfusão, a avaliação da ferritina deve ser realizada a cada transfusão, com avaliação por RNM de ferro hepático anualmente, iniciando após 8-10 transfusões.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
O monitoramento por RNM do ferro cardíaco é recomendado anualmente para pacientes dependentes de transfusão e deve ser considerado periodicamente (anualmente se os níveis de ferritina estiverem >4494 picomoles/L [>2000 nanogramas/mL]) para aqueles com doença não dependente de transfusão.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
Os níveis de ferritina sérica podem subestimar a concentração do ferro.[56]Lal A, Goldrich ML, Haines DA, et al. Heterogeneity of hemoglobin H disease in childhood. N Engl J Med. 2011 Feb 24;364(8):710-8.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1010174
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21345100?tool=bestpractice.com
Doença da Hb H: terapia quelante de ferro
O objetivo da quelação de ferro é evitar dano a órgão-alvo em decorrência da sobrecarga de ferro.
As diretrizes recomendam que a terapia quelante de ferro seja iniciada em pacientes com talassemia alfa não dependente de transfusão caso a concentração hepática de ferro esteja >5 mg Fe/g de peso seco (ou caso o nível de ferritina sérica esteja >1123.5 picomoles/L [>500 nanogramas/mL]). Os pacientes dependentes de transfusão devem iniciar a terapia quelante caso a concentração hepática de ferro esteja >3.5 mg Fe/g de peso seco (ou caso o nível de ferritina sérica esteja >1797.6 picomoles/L [>800 nanogramas/mL]).[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
A concentração hepática de ferro deve ser mantida em 2 mg a 5 mg Fe/g de peso seco em pacientes com talassemia alfa.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
No entanto, os dados são limitados. Na talassemia beta intermediária não dependente de transfusão, a concentração hepática de ferro ≥5 mg Fe/g de peso seco está associada ao aumento do risco de eventos vasculares, hipotireoidismo, osteoporose e hipogonadismo.[76]Musallam KM, Cappellini MD, Taher AT. Evaluation of the 5mg/g liver iron concentration threshold and its association with morbidity in patients with beta-thalassemia intermedia. Blood Cells Mol Dis. 2013 Jun;51(1):35-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23425967?tool=bestpractice.com
Dois quelantes orais de ferro, o deferasirox e a deferiprona, e um quelante parenteral de ferro, a desferroxamina, estão disponíveis nos EUA e na Europa. Uma metanálise de ensaios clínicos randomizados e controlados que avaliaram esses três agentes em pacientes com talassemia grave não conseguiu identificar um quelante de ferro consistentemente superior aos outros.[77]Xia S, Zhang W, Huang L, et al. Comparative efficacy and safety of deferoxamine, deferiprone and deferasirox on severe thalassemia: a meta-analysis of 16 randomized controlled trials. PLoS One. 2013 Dec 23;8(12):e82662.
https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0082662
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24376563?tool=bestpractice.com
Deferasirox
Nos EUA, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o deferasirox para uso em pacientes com talassemia dependentes de transfusão com ≥2 anos de idade e para os não dependentes de transfusão com ≥10 anos de idade com concentrações hepáticas de ferro ≥5 mg de Fe/g de peso seco e níveis de ferritina sérica >674.1 picomoles/L (300 nanogramas/mL). Na Europa, o deferasirox é aprovado para pacientes ≥2 anos de idade com talassemia dependente de transfusão e pacientes ≥10 anos com talassemia não dependente de transfusão em quem a deferoxamina não puder ser usada ou é inadequada.
Em um ensaio clínico randomizado duplo-cego e controlado por placebo de 12 meses, o deferasirox diminuiu significativamente a sobrecarga de ferro em pacientes com talassemia não dependentes de transfusão ≥10 anos de idade (166 pacientes randomizados, 22 dos quais com talassemia alfa) com uma concentração de ferro no fígado de pelo menos 5 mg Fe/g de peso seco medida por R2-RNM.[78]Taher AT, Porter J, Viprakasit V, et al. Deferasirox reduces iron overload significantly in nontransfusion-dependent thalassemia: 1-year results from a prospective, randomized, double-blind, placebo-controlled study. Blood. 2012 Aug 2;120(5):970-7.
https://ashpublications.org/blood/article/120/5/970/30273/Deferasirox-reduces-iron-overload-significantly-in
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22589472?tool=bestpractice.com
Os eventos adversos mais comuns foram náuseas, erupções cutâneas e diarreia. No estudo de acompanhamento de extensão de 1 ano, os níveis de concentração hepática de ferro continuaram diminuindo com o uso do deferasirox.[79]Taher AT, Porter JB, Viprakasit V, et al. Deferasirox effectively reduces iron overload in non-transfusion-dependent thalassemia (NTDT) patients: 1-year extension results from the THALASSA study. Ann Hematol. 2013 Nov;92(11):1485-93.
https://link.springer.com/article/10.1007/s00277-013-1808-z
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23775581?tool=bestpractice.com
O deferasirox traz uma advertência relacionada aos riscos de insuficiência renal, insuficiência hepática e hemorragia gastrointestinal.[80]US Food and Drug Administration. Exjade (deferasirox): boxed warning. Oct 2013 [internet publication].
https://www.accessdata.fda.gov/drugsatfda_docs/label/2013/021882s019lbl.pdf
Os outros efeitos adversos incluem comprometimento da visão e da audição, erupções cutâneas e supressão da medula óssea. A creatinina sérica, a função hepática e as funções auditiva e oftálmica devem ser monitoradas antes do início e durante a terapia.[81]Vichinsky E. Clinical application of deferasirox: practical patient management. Am J Hematol. 2008 May;83(5):398-402.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/ajh.21119
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18058997?tool=bestpractice.com
Deferiprona
Aprovada pela FDA dos EUA para uso no tratamento da sobrecarga de ferro devida a transfusões sanguíneas em pacientes ≥3 anos de idade com talassemia e outras anemias. Na Europa, a deferiprona é licenciada para uso em pacientes com talassemia maior quando a terapia de quelação em uso for contraindicada ou inadequada.
Um ensaio clínico randomizado e controlado de fase 3 concluiu que a deferiprona não foi inferior ao deferasirox em pacientes pediátricos com hemoglobinopatias dependentes de transfusão.[82]Maggio A, Kattamis A, Felisi M, et al. Evaluation of the efficacy and safety of deferiprone compared with deferasirox in paediatric patients with transfusion-dependent haemoglobinopathies (DEEP-2): a multicentre, randomised, open-label, non-inferiority, phase 3 trial. Lancet Haematol. 2020 Jun;7(6):e469-78.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32470438?tool=bestpractice.com
A maioria (90%) dos pacientes inscritos tinha talassemia beta maior; entretanto, espera-se eficácia e segurança semelhantes em pacientes com talassemia alfa maior.[82]Maggio A, Kattamis A, Felisi M, et al. Evaluation of the efficacy and safety of deferiprone compared with deferasirox in paediatric patients with transfusion-dependent haemoglobinopathies (DEEP-2): a multicentre, randomised, open-label, non-inferiority, phase 3 trial. Lancet Haematol. 2020 Jun;7(6):e469-78.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32470438?tool=bestpractice.com
A deferiprona pode melhorar os parâmetros cardíacos (RNM T2* do miocárdio e fração de ejeção do ventrículo esquerdo) em maior extensão do que a desferrioxamina.[77]Xia S, Zhang W, Huang L, et al. Comparative efficacy and safety of deferoxamine, deferiprone and deferasirox on severe thalassemia: a meta-analysis of 16 randomized controlled trials. PLoS One. 2013 Dec 23;8(12):e82662.
https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0082662
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24376563?tool=bestpractice.com
A deferiprona aumenta o risco de agranulocitose; o hemograma completo com diferencial deve ser monitorado semanalmente durante o tratamento.[83]Kittipoom T, Tantiworawit A, Punnachet T, et al. The long-term efficacy of deferiprone in thalassemia patients with iron overload: real-world data from the Registry Database. Hemoglobin. 2022 Mar;46(2):75-80.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35982534?tool=bestpractice.com
[84]Tricta F, Uetrecht J, Galanello R, et al. Deferiprone-induced agranulocytosis: 20 years of clinical observations. Am J Hematol. 2016 Oct;91(10):1026-31.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ajh.24479
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27415835?tool=bestpractice.com
A deferiprona pode causar efeitos adversos gastrointestinais e articulares.
Desferroxamina
A desferroxamina possui uma meia-vida muito curta e deve ser administrada em infusão intravenosa ou subcutânea lenta. Isto limita a aceitação dos pacientes e pode impedir a adesão. A desferroxamina reduz de maneira eficaz o ferro hepático e cardíaco.[85]Cappellini MD, Cohen A, Piga A, et al. A phase 3 study of deferasirox (ICL670), a once-daily oral iron chelator, in patients with beta-thalassemia. Blood. 2006 May 1;107(9):3455-62.
https://ashpublications.org/blood/article/107/9/3455/133482/A-phase-3-study-of-deferasirox-ICL670-a-once-daily
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16352812?tool=bestpractice.com
[86]Anderson LJ, Westwood MA, Holden S, et al. Myocardial iron clearance during reversal of siderotic cardiomyopathy with intravenous desferrioxamine: a prospective study using T2* cardiovascular magnetic resonance. Br J Haematol. 2004 Nov;127(3):348-55.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15491298?tool=bestpractice.com
A deferoxamina carrega um risco de toxicidade auditiva e oftálmica, exigindo monitoramento regular.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
Doença da Hb H: esplenectomia
A esplenomegalia é comum na doença da Hb H; mais comum na doença da Hb D não delecional que na delecional. Em pacientes selecionados, a esplenectomia pode aumentar os níveis de hemoglobina e/ou aliviar os sintomas.
As diretrizes sugerem considerar a esplenectomia para pacientes com as seguintes características:[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
Anemia moderadamente grave
Episódios de hemólise aguda que requer transfusões frequentes
Complicações de longo prazo da anemia hemolítica crônica
Esplenomegalia sintomática
A esplenectomia não é recomendada para pacientes com doença da Hb H com anemia grave, que podem apresentar alto risco de complicações e ainda precisar de transfusões pós-esplenectomia.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
A esplenectomia não é recomendada em crianças pequenas devido ao risco de sepse.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
A esplenectomia pode ser particularmente efetiva em aumentar o nível de hemoglobina e para evitar transfusões em pacientes com Hb H CS.[56]Lal A, Goldrich ML, Haines DA, et al. Heterogeneity of hemoglobin H disease in childhood. N Engl J Med. 2011 Feb 24;364(8):710-8.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1010174
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21345100?tool=bestpractice.com
Entretanto, o potencial para a ocorrência de complicações graves, incluindo infecção, trombose e hipertensão pulmonar exige uma cuidadosa consideração antes da execução do procedimento.[87]Kopterides P, Tsangaris I, Orfanos S. Do not forget pulmonary hypertension in asplenic patients. Am J Med. 2008 Nov;121(11):e21.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18954828?tool=bestpractice.com
[88]Phrommintikul A, Sukonthasarn A, Kanjanavanit R, et al. Splenectomy: a strong risk factor for pulmonary hypertension in patients with thalassaemia. Heart. 2006 Oct;92(10):1467-72.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16621878?tool=bestpractice.com
Discuta os riscos e benefícios da esplenectomia e as opções de tratamento alternativo com o paciente.
Podem ser administrados agentes antiplaquetários para minimizar o risco de trombose após a esplenectomia.[54]Northern California Comprehensive Thalassemia Center. Standards of care guidelines for thalassemia. 2012 [internet publication].
https://thalassemia.ucsf.edu/standards-care
[89]Cohen AR, Galanello R, Pennell DJ, et al. Thalassemia. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2004(1):14-34.
https://ashpublications.org/hematology/article/2004/1/14/18690/Thalassemia
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15561674?tool=bestpractice.com
Os pacientes devem ser vacinados contra pneumococos, meningococos e Haemophilus influenzae antes da esplenectomia.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
[90]Centers for Disease Control and Prevention. Vaccine recommendations and guidelines of the ACIP. Altered immunocompetence: general best practice guidelines for immunization. Aug 2023 [internet publication].
https://www.cdc.gov/vaccines/hcp/acip-recs/general-recs/index.html
Após a esplenectomia, as crianças recebem profilaxia oral com penicilina por pelo menos 2 anos.[54]Northern California Comprehensive Thalassemia Center. Standards of care guidelines for thalassemia. 2012 [internet publication].
https://thalassemia.ucsf.edu/standards-care
[91]Price VE, Dutta S, Blanchette VS, et al. The prevention and treatment of bacterial infections in children with asplenia or hyposplenia: practice considerations at the Hospital for Sick Children, Toronto. Pediatr Blood Cancer. 2006 May 1;46(5):597-603.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16333816?tool=bestpractice.com
Os pacientes e cuidadores devem ser orientados quanto aos riscos de sepse pós-esplenectomia e à necessidade de avaliação clínica imediata no caso de doença febril. Os pacientes submetidos a esplenectomia podem ser submetidos a colecistectomia concomitante, caso haja risco de colelitíase.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
Doença da Hb H: transfusão de eritrócitos
A pequena proporção de pacientes que necessita de terapia por transfusões crônicas de eritrócitos deve ser cuidadosamente avaliada e tratada em um centro de talassemia com experiência adequada.[54]Northern California Comprehensive Thalassemia Center. Standards of care guidelines for thalassemia. 2012 [internet publication].
https://thalassemia.ucsf.edu/standards-care
A decisão de iniciar um programa de transfusões crônicas deve levar em consideração múltiplas variáveis, incluindo a gravidade da anemia, a condição cardiovascular do paciente e complicações associadas.
As diretrizes sugerem considerar a transfusão regular de eritrócitos nas seguintes situações:[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
Hemoglobina basal <70 g/L (<7 g/dL), diminuição dos níveis de hemoglobina, desenvolvimento de anemia sintomática ou baixa qualidade de vida devido à anemia.
Para prevenir ou reduzir complicações de longo prazo na anemia hemolítica crônica ou para suprimir a eritropoiese ineficaz.
Quando transfusões frequentes são necessárias para eventos hemolíticos agudos.
Deficit de crescimento, baixo desempenho educacional, tolerância reduzida aos exercícios ou puberdade tardia em crianças e jovens.
As decisões sobre o início das transfusões crônicas devem ser individualizadas. Um escore de gravidade foi desenvolvido e validade para auxiliar a orientar as decisões relativas à transfusão na doença da Hb H não delecional pediátrica.[92]Songdej D, Tandhansakul M, Wongwerawattanakoon P, et al. Severity scoring system to guide transfusion management in pediatric non-deletional HbH. Pediatr Int. 2023 Jan-Dec;65(1):e15568.
https://www.doi.org/10.1111/ped.15568
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37475523?tool=bestpractice.com
Antes da transfusão, deve ser realizada fenotipagem do antígeno dos eritrócitos e os pacientes devem ser submetidos a transfusão com sangue adequadamente compatível para minimizar o risco de aloimunização.[93]Singer ST, Wu V, Mignacca R, et al. Alloimmunization and erythrocyte autoimmunization in transfusion-dependent thalassemia patients of predominantly Asian descent. Blood. 2000 Nov 15;96(10):3369-73.
https://ashpublications.org/blood/article/96/10/3369/180948/Alloimmunization-and-erythrocyte-autoimmunization
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11071629?tool=bestpractice.com
Os pacientes devem ser cuidadosamente monitorados em relação à sobrecarga de ferro e a terapia quelante de ferro deve ser iniciada, conforme indicado.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
As funções cardíaca, endócrina e hepática também devem ser cuidadosamente monitoradas.[54]Northern California Comprehensive Thalassemia Center. Standards of care guidelines for thalassemia. 2012 [internet publication].
https://thalassemia.ucsf.edu/standards-care
[94]Cogliandro T, Derchi G, Mancuso L, et al; Society for the Study of Thalassemia and Hemoglobinopathies (SoSTE). Guideline recommendations for heart complications in thalassemia major. J Cardiovasc Med (Hagerstown). 2008 May;9(5):515-25.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18404006?tool=bestpractice.com
Os efeitos adversos e as demandas intensivas da terapia de quelação de ferro podem contribuir para a redução da adesão em pacientes dependentes de transfusão com talassemia.[95]Geneen LJ, Dorée C, Estcourt LJ. Interventions for improving adherence to iron chelation therapy in people with sickle cell disease or thalassaemia. Cochrane Database Syst Rev. 2023 Mar 6;(3):CD012349.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD012349.pub3/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36877640?tool=bestpractice.com
Mais pesquisas são necessárias para avaliar a adesão à terapia de quelação de ferro, para identificar uma adesão abaixo do ideal e para avaliar as estratégias que contribuem para o aumento da adesão.[95]Geneen LJ, Dorée C, Estcourt LJ. Interventions for improving adherence to iron chelation therapy in people with sickle cell disease or thalassaemia. Cochrane Database Syst Rev. 2023 Mar 6;(3):CD012349.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD012349.pub3/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36877640?tool=bestpractice.com
[96]Locke M, Reddy PS, Badawy SM. Adherence to iron chelation therapy among adults with thalassemia: a systematic review. Hemoglobin. 2022 Jul;46(4):201-13.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35930250?tool=bestpractice.com
[97]Reddy PS, Locke M, Badawy SM. A systematic review of adherence to iron chelation therapy among children and adolescents with thalassemia. Ann Med. 2022 Dec;54(1):326-42.
https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/07853890.2022.2028894
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35103514?tool=bestpractice.com
[
]
For people with sickle cell disease or thalassemia, how do different iron chelators compare for improving adherence?/cca.html?targetUrl=https://www.cochranelibrary.com/cca/doi/10.1002/cca.4310/fullMostre-me a resposta
Doença da Hb H: transplante de células-tronco hematopoéticas
Esta é a única terapia curativa disponível para a talassemia alfa e pode ser considerada nos pacientes com doença grave dependente de transfusão. As taxas de sobrevida global podem chegar a 91%; os resultados são mais favoráveis nas crianças <16 anos.[98]Baronciani D, Angelucci E, Potschger U, et al. Hemopoietic stem cell transplantation in thalassemia: a report from the European Society for Blood and Bone Marrow Transplantation Hemoglobinopathy Registry, 2000-2010. Bone Marrow Transplant. 2016 Apr;51(4):536-41.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26752139?tool=bestpractice.com
[99]Li C, Mathews V, Kim S, et al. Related and unrelated donor transplantation for beta-thalassemia major: results of an international survey. Blood Adv. 2019 Sep 10;3(17):2562-70.
https://ashpublications.org/bloodadvances/article/3/17/2562/261353/Related-and-unrelated-donor-transplantation-for
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31471325?tool=bestpractice.com
Doença da Hb H: gestação
A gestação acarreta um aumento relativo no volume plasmático superior à massa dos eritrócitos, o que resulta em uma diminuição da Hb. Mulheres com doença da Hb H que não apresentam sobrecarga de ferro devem receber a mesma suplementação pré-natal que gestantes sem talassemia; no entanto, elas devem ser cuidadosamente acompanhadas, podendo ser necessária transfusão, particularmente se a Hb diminuir a um nível abaixo de 80 g/L (8 g/dL).
Talassemia alfa maior
Após um diagnóstico de talassemia alfa maior, a mãe pode optar por interromper a gestação. O aconselhamento deve, no entanto, reconhecer que a transfusão intrauterina (IUT) é uma opção para as gestantes que receberem um diagnóstico pré-natal de talassemia alfa maior.[37]MacKenzie TC, Amid A, Angastiniotis M, et al. Consensus statement for the perinatal management of patients with alpha thalassemia major. Blood Adv. 2021 Dec 28;5(24):5636-9.
https://ashpublications.org/bloodadvances/article/5/24/5636/477884/Consensus-statement-for-the-perinatal-management
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34749399?tool=bestpractice.com
[100]Schwab ME, Lianoglou BR, Gano D, et al. The impact of in utero transfusions on perinatal outcomes in patients with alpha thalassemia major: the UCSF registry. Blood Adv. 2023 Jan 24;7(2):269-79.
https://ashpublications.org/bloodadvances/article/7/2/269/486857/The-impact-of-in-utero-transfusions-on-perinatal
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36306387?tool=bestpractice.com
Os fetos (diagnosticados no pré-natal) que apresentarem variantes de alfa (0) homozigóticas que preservarem o gene da globina zeta, ou genótipos (--(FIL)/--(SEA) ou --(THAI)/--(SEA)) sobreviverão até o segundo ou terceiro trimestres ou, ocasionalmente, até o nascimento.
A IUT pode ser oferecida às famílias que desejarem realizar intervenção fetal para a talassemia alfa maior.[37]MacKenzie TC, Amid A, Angastiniotis M, et al. Consensus statement for the perinatal management of patients with alpha thalassemia major. Blood Adv. 2021 Dec 28;5(24):5636-9.
https://ashpublications.org/bloodadvances/article/5/24/5636/477884/Consensus-statement-for-the-perinatal-management
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34749399?tool=bestpractice.com
Se desejado, a IUT deve começar o mais cedo possível tecnicamente, geralmente na 18ª semana de gestação, para mitigar o impacto a longo prazo da hipóxia fetal. Um protocolo semelhante aos protocolos padrão para aloimunização deve ser seguido.[37]MacKenzie TC, Amid A, Angastiniotis M, et al. Consensus statement for the perinatal management of patients with alpha thalassemia major. Blood Adv. 2021 Dec 28;5(24):5636-9.
https://ashpublications.org/bloodadvances/article/5/24/5636/477884/Consensus-statement-for-the-perinatal-management
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34749399?tool=bestpractice.com
Uma revisão dos dados do registro de talassemia alfa (Registro Internacional de Pacientes com Talassemia Alfa) indica que os fetos com talassemia alfa major que receberam pelo menos duas IUTs tiveram parto prematuro tardio, remissão da hidropisia, desfechos de neurodesenvolvimento normais e excelente sobrevida.[100]Schwab ME, Lianoglou BR, Gano D, et al. The impact of in utero transfusions on perinatal outcomes in patients with alpha thalassemia major: the UCSF registry. Blood Adv. 2023 Jan 24;7(2):269-79.
https://ashpublications.org/bloodadvances/article/7/2/269/486857/The-impact-of-in-utero-transfusions-on-perinatal
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36306387?tool=bestpractice.com
Relatos de casos e séries de casos trazem resultados semelhantes.[101]Kreger EM, Singer ST, Witt RG, et al. Favorable outcomes after in utero transfusion in fetuses with alpha thalassemia major: a case series and review of the literature. Prenat Diagn. 2016 Dec;36(13):1242-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27862048?tool=bestpractice.com
[102]Hui PW, Pang P, Tang MHY. 20 years review of antenatal diagnosis of haemoglobin Bart's disease and treatment with intrauterine transfusion. Prenat Diagn. 2022 Aug;42(9):1155-61.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35226373?tool=bestpractice.com
Os pacientes que sobreviverem à talassemia alfa maior no útero necessitarão de transfusões vitalícias (com a concomitante necessidade de quelação de ferro) ou transplante de células-tronco hematopoiéticas.[37]MacKenzie TC, Amid A, Angastiniotis M, et al. Consensus statement for the perinatal management of patients with alpha thalassemia major. Blood Adv. 2021 Dec 28;5(24):5636-9.
https://ashpublications.org/bloodadvances/article/5/24/5636/477884/Consensus-statement-for-the-perinatal-management
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34749399?tool=bestpractice.com
É improvável que os pacientes com talassemia alfa major se beneficiem da esplenectomia, e ela não é recomendada para esses pacientes.[16]Thalassaemia International Federation. Guidelines for the management of alpha-thalassaemia (2023). 2023 [internet publication].
https://thalassaemia.org.cy/publications/tif-publications/guidelines-for-the-management-of-%ce%b1-thalassaemia
Análise do genótipo
O grupo de genes da globina alfa é constituído de um gene embriônico da globina zeta e dois genes da globina alfa coexpressos, designados alfa-2 e alfa-1. Dentre as variáveis mais comuns de alfa (0), --(SEA), --(MED) e -(alfa)(20.5) causam a deleção de ambos alfa-2 e alfa-1 em cis (em que as variantes genéticas estão no mesmo cromossomo), enquanto preservam o gene embriônico da globina zeta. Por outro lado, nas deleções --(THAI) e --(FIL), o gene da globina zeta é deletado, além de ambos os genes da globina alfa, em cis. Portanto, embriões com deleções --(THAI) e --(FIL) homozigóticas, incapazes de constituir hemoglobinas embriônicas normais, morrerão bem no início da gestação, acarretando aborto espontâneo precoce.[11]Chui DH, Waye JS. Hydrops fetalis caused by alpha-thalassemia: an emerging health care problem. Blood. 1998 Apr 1;91(7):2213-22.
https://ashpublications.org/blood/article/91/7/2213/261092/Hydrops-Fetalis-Caused-by-Thalassemia-An-Emerging
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9516118?tool=bestpractice.com
Os embriões que apresentarem variantes de alfa (0) homozigóticas que preservem o gene da globina zeta, ou genótipos (--(FIL)/--(SEA) ou --(THAI)/--(SEA)), sobreviverão até o segundo ou terceiro trimestre ou, ocasionalmente, até o nascimento. Sem intervenção, o feto está sujeito a hipóxia grave, causando a manifestação de hidropisia fetal.[11]Chui DH, Waye JS. Hydrops fetalis caused by alpha-thalassemia: an emerging health care problem. Blood. 1998 Apr 1;91(7):2213-22.
https://ashpublications.org/blood/article/91/7/2213/261092/Hydrops-Fetalis-Caused-by-Thalassemia-An-Emerging
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9516118?tool=bestpractice.com
Esses bebês também correm o risco de anomalias congênitas graves, embora a intervenções possam diminuir a gravidade da anomalia.[11]Chui DH, Waye JS. Hydrops fetalis caused by alpha-thalassemia: an emerging health care problem. Blood. 1998 Apr 1;91(7):2213-22.
https://ashpublications.org/blood/article/91/7/2213/261092/Hydrops-Fetalis-Caused-by-Thalassemia-An-Emerging
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9516118?tool=bestpractice.com
Raramente, pacientes com doença da Hb H também se podem apresentar com hidropisia fetal.[103]Lorey F, Charoenkwan P, Witkowska HE, et al. Hb H hydrops foetalis syndrome: a case report and review of literature. Br J Haematol. 2001 Oct;115(1):72-8.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1046/j.1365-2141.2001.03080.x
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11722414?tool=bestpractice.com
[104]Henderson S, Pitman M, McCarthy J, et al. Molecular prenatal diagnosis of Hb H hydrops fetalis caused by haemoglobin Adana and the implications to antenatal screening for alpha-thalassaemia. Prenat Diagn. 2008 Sep;28(9):859-61.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18615546?tool=bestpractice.com
Existe um aumento na incidência de graves complicações maternas associadas à ocorrência de hidropisia fetal, incluindo placentomegalia, hipertensão, pré-eclâmpsia grave e hemorragia.[11]Chui DH, Waye JS. Hydrops fetalis caused by alpha-thalassemia: an emerging health care problem. Blood. 1998 Apr 1;91(7):2213-22.
https://ashpublications.org/blood/article/91/7/2213/261092/Hydrops-Fetalis-Caused-by-Thalassemia-An-Emerging
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9516118?tool=bestpractice.com
[105]Liang ST, Wong VC, So WW, et al. Homozygous alpha-thalassaemia: clinical presentation, diagnosis and management: a review of 46 cases. Br J Obstet Gynaecol. 1985 Jul;92(7):680-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/4016025?tool=bestpractice.com