O objetivo do tratamento de qualquer síndrome epiléptica é a eliminação total das convulsões. Ao mesmo tempo, o risco de efeitos adversos do tratamento medicamentoso precisa ser considerado. A maioria das escolhas de tratamento se baseia na opinião de especialistas, pois há poucas evidências de boa qualidade.[40]Glauser T, Ben-Menachem E, Bourgeois B, et al; ILAE Subcommission on AED Guidelines. Updated ILAE evidence review of antiepileptic drug efficacy and effectiveness as initial monotherapy for epileptic seizures and syndromes. Epilepsia. 2013 Mar;54(3):551-63.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/epi.12074
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23350722?tool=bestpractice.com
[41]Brigo F, Igwe SC, Lattanzi S. Ethosuximide, sodium valproate or lamotrigine for absence seizures in children and adolescents. Cochrane Database Syst Rev. 2019 Feb 8;2:CD003032.
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Um grande ensaio clínico prospectivo randomizado comparando etossuximida, lamotrigina e ácido valproico para o tratamento da epilepsia do tipo ausência da infância (EAI) concluiu que a etossuximida pode representar o tratamento de primeira linha para EAI.[42]Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, et al. Ethosuximide, valproic acid, and lamotrigine in childhood absence epilepsy. N Engl J Med. 2010 Mar 4;362(9):790-9.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa0902014#t=article%E2%80%8B
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20200383?tool=bestpractice.com
O efeito do tratamento inicial persistiu no acompanhamento de 12 meses.[43]Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, et al. Ethosuximide, valproic acid and lamotrigine in childhood absence epilepsy: initial monotherapy outcomes at 12 months. Epilepsia. 2013 Jan;54(1):141-55.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/epi.12028
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23167925?tool=bestpractice.com
A monoterapia é preferencial, mas pode ser necessário um medicamento adjuvante à terapia de primeira linha. As evidências sugerem que a idade precoce do início e o sexo masculino podem aumentar a necessidade de um segundo agente para controle das convulsões.[44]Nadler B, Shevell MI. Childhood absence epilepsy requiring more than one medication for seizure control. Can J Neurol Sci. 2008 Jul;35(3):297-300.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18714796?tool=bestpractice.com
Crises de ausência típica sem história de crises tônico-clônicas generalizadas (epilepsia do tipo ausência da infância)
Uma síndrome com apenas crises de ausência típica provavelmente responderá a etossuximida, ácido valproico ou lamotrigina como tratamentos de primeira linha. Evidências sugerem que a etossuximida e o ácido valproico têm uma eficácia significativamente maior que a lamotrigina.[42]Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, et al. Ethosuximide, valproic acid, and lamotrigine in childhood absence epilepsy. N Engl J Med. 2010 Mar 4;362(9):790-9.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20200383?tool=bestpractice.com
A etossuximida tinha uma taxa pequena, mas significativamente menor de dificuldades de atenção que o ácido valproico, sugerindo que a etossuximida deva ser o tratamento de primeira linha considerado para EAI.[42]Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, et al. Ethosuximide, valproic acid, and lamotrigine in childhood absence epilepsy. N Engl J Med. 2010 Mar 4;362(9):790-9.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa0902014#t=article%E2%80%8B
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Uma revisão Cochrane concluiu que a etossuximida é a monoterapia empírica inicial ideal para crianças e adolescentes com crises de ausência.[41]Brigo F, Igwe SC, Lattanzi S. Ethosuximide, sodium valproate or lamotrigine for absence seizures in children and adolescents. Cochrane Database Syst Rev. 2019 Feb 8;2:CD003032.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30734919?tool=bestpractice.com
Os agentes de segunda linha incluem topiramato, zonisamida e levetiracetam.
No subgrupo de pacientes com deficiência de GLUT1, recomenda-se uma dieta cetogênica. Os pacientes são monitorados e tratados por um neurologista especialista em epilepsia. É tipicamente uma dieta com alto teor de gordura, quantidade adequada de proteínas e com poucos carboidratos e deve ser iniciada no hospital, sob supervisão clínica rigorosa. Pode levar alguns meses para se observar uma resposta. A terapia anticonvulsivante é mantida inicialmente. Se um paciente responder muito bem e tiver pouca ou nenhuma atividade convulsiva, o tratamento medicamentoso será reduzido lentamente.
Crises de ausência típica com história de crises tônico-clônicas generalizadas (EAI, epilepsia do tipo ausência juvenil [EAJ], epilepsia mioclônica juvenil [EMJ])
Se houver alguma história de crises tônico-clônicas generalizadas (epilepsia do tipo ausência da infância [EAI], epilepsia do tipo ausência juvenil [EAJ], epilepsia mioclônica juvenil [EMJ]), a etossuximida será menos apropriada, e o ácido valproico e a lamotrigina serão considerados os agentes de primeira linha preferenciais. Os agentes de segunda linha incluiriam topiramato, zonisamida e levetiracetam. Geralmente, os agentes de segunda linha são associados, como terapia adjuvante, à terapia de primeira linha. No entanto, a terapia de segunda linha pode substituir a terapia de primeira linha, com o desmame do medicamento de primeira linha.
Crises de ausência atípica
Ácido valproico, lamotrigina e topiramato são indicados para o tratamento de primeira linha de crises de ausência atípica, síndromes com epilepsias generalizadas ou com diversos tipos de crise. Geralmente, a zonisamida e o levetiracetam são agentes de segunda linha associados, como terapia adjuvante, à terapia de primeira linha. No entanto, a terapia de segunda linha pode substituir a terapia de primeira linha, com o desmame do medicamento de primeira linha.
Falha da terapia
Múltiplas outras terapias podem ser consideradas se as terapias de primeira e segunda linha falharem (isto é, não eliminem as convulsões), como acetazolamida, felbamato, dieta cetogênica e estimulação do nervo vagal. Elas estão fora do escopo desta revisão e devem ser iniciadas por um neurologista especialista em epilepsia.
O teste de GLUT1 deve ser considerado antes do início da dieta cetogênica.
Os medicamentos mais apropriados para convulsões focais, como carbamazepina e fenitoína, geralmente agravam as convulsões generalizadas, incluindo as crises de ausência.
Anticonvulsivantes para o manejo de crises de ausência
Etossuximida
Um ECRC duplo-cego comparou etossuximida, ácido valproico e lamotrigina como tratamentos de primeira linha em crianças com epilepsia do tipo ausência da infância recém-diagnosticada. A etossuximida e o ácido valproico tiveram eficácia semelhante (53% e 58%, respectivamente, P = 0.35), mas a etossuximida foi melhor tolerada com menos efeitos adversos relacionados à atenção.[42]Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, et al. Ethosuximide, valproic acid, and lamotrigine in childhood absence epilepsy. N Engl J Med. 2010 Mar 4;362(9):790-9.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa0902014#t=article%E2%80%8B
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20200383?tool=bestpractice.com
O efeito do tratamento inicial persistiu no acompanhamento de 12 meses.[43]Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, et al. Ethosuximide, valproic acid and lamotrigine in childhood absence epilepsy: initial monotherapy outcomes at 12 months. Epilepsia. 2013 Jan;54(1):141-55.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/epi.12028
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23167925?tool=bestpractice.com
Uma revisão Cochrane concluiu que a etossuximida é a monoterapia empírica inicial ideal para crianças e adolescentes com crises de ausência.[41]Brigo F, Igwe SC, Lattanzi S. Ethosuximide, sodium valproate or lamotrigine for absence seizures in children and adolescents. Cochrane Database Syst Rev. 2019 Feb 8;2:CD003032.
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A etossuximida é considerada muito eficaz em pacientes que têm apenas crises de ausência típica. Geralmente é bem tolerada. Um efeito adverso comum é o desconforto gastrointestinal. Em casos raros, ela pode causar anemia aplásica e insuficiência hepática ou renal.
Ácido valproico
As crises de ausência atípica respondem bem ao ácido valproico.[45]Villareal HJ, Wilder BJ, Willmore LJ, et al. Effect of valproic acid on spike and wave discharges in patients with absence seizures. Neurology. 1978 Sep;28(9 Pt 1):886-91.
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[46]Erenberg G, Rothner AD, Henry CE, et al. Valproic acid in the treatment of intractable absence seizures in children: a single-blind clinical and quantitative EEG study. Am J Dis Child. 1982 Jun;136(6):526-9.
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Relatou-se que o ácido valproico é tão eficaz quanto a etossuximida no tratamento de crises de ausência.[42]Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, et al. Ethosuximide, valproic acid, and lamotrigine in childhood absence epilepsy. N Engl J Med. 2010 Mar 4;362(9):790-9.
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[49]Martinovic Z. Comparison of ethosuximide with sodium valproate as monotherapies of absence seizures. In: Parsonage M, ed. Advances in epileptology: XIVth Epilepsy International Symposium. New York: Raven Press; 1983:301-5. No entanto, em um ECRC duplo-cego de crianças com epilepsia do tipo ausência da infância recém-diagnosticada, o ácido valproico foi associado a um aumento do risco de efeitos adversos relacionados à atenção em comparação com a etossuximida.[42]Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, et al. Ethosuximide, valproic acid, and lamotrigine in childhood absence epilepsy. N Engl J Med. 2010 Mar 4;362(9):790-9.
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Tem sido relatado que o ácido valproico é um tratamento eficaz nos casos de epilepsia do tipo ausência juvenil e epilepsia mioclônica juvenil.[50]Hitiris N, Brodie MJ. Evidence-based treatment of idiopathic generalized epilepsies with older antiepileptic drugs. Epilepsia. 2005 Nov 18;46(suppl 9):149-53.
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O ácido valproico aumenta o risco de malformações congênitas e problemas de desenvolvimento no bebê/criança se tomado durante a gravidez (consulte "Considerações para pacientes com potencial para engravidar").[52]Pack AM, Oskoui M, Williams Roberson S, et al. Teratogenesis, perinatal, and neurodevelopmental outcomes after in utero exposure to antiseizure medication: practice guideline from the AAN, AES, and SMFM. Neurology. 2024 Jun;102(11):e209279.
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Lamotrigina
Em estudos abertos e cruzados, a lamotrigina pareceu ser tão eficaz quanto o ácido valproico para crises de ausência típicas em crianças e epilepsia generalizada.[53]Coppola G, Auricchio G, Federico R, et al. Lamotrigine versus valproic acid as first-line monotherapy in newly diagnosed typical absence seizures: an open-label, randomized, parallel-group study. Epilepsia. 2004 Sep;45(9):1049-53.
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[54]Frank LM, Enlow T, Holmes GL, et al. Lamictal (lamotrigine) monotherapy for typical absence seizures in children. Epilepsia. 1999 Jul;40(7):973-9.
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[55]Bergey GK. Evidence-based treatment of idiopathic generalized epilepsies with new antiepileptic drugs. Epilepsia. 2005;46 Suppl 9:161-8.
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[56]Holmes GL, Frank LM, Sheth RD, et al. Lamotrigine monotherapy for newly diagnosed typical absence seizures in children. Epilepsy Res. 2008 Dec;82(2-3):124-32.
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[57]Beran RG, Berkovic SF, Dunagan FM, et al. Double-blind, placebo controlled, crossover study of lamotrigine in treatment resistant generalised epilepsy. Epilepsia. 1998 Dec;39(12):1329-33.
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No entanto, em um ensaio clínico randomizado e controlado duplo-cego de crianças com epilepsia do tipo ausência da infância recém-diagnosticada, a etossuximida e o ácido valproico tiveram maior probabilidade significativa de serem eficazes do que a lamotrigina.[42]Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, et al. Ethosuximide, valproic acid, and lamotrigine in childhood absence epilepsy. N Engl J Med. 2010 Mar 4;362(9):790-9.
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A lamotrigina foi demonstrada ser benéfica nos casos de epilepsia mioclônica juvenil e em alguns tipos de convulsão da síndrome de Lennox-Gastaut.[55]Bergey GK. Evidence-based treatment of idiopathic generalized epilepsies with new antiepileptic drugs. Epilepsia. 2005;46 Suppl 9:161-8.
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[58]Motte J, Trevathan E, Arvidsson JF, et al; Lamictal Lennox-Gastaut Study Group. Lamotrigine for generalized seizures associated with the Lennox-Gastaut syndrome. N Engl J Med. 1997 Dec 18;337(25):1807-12.
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[59]Eriksson AS, Nergadh A, Hoppu K. The efficacy of lamotrigine in children and adolescents with refractory generalized epilepsy: a randomized, double-blind, crossover study. Epilepsia. 1998 May;39(5):495-501.
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Topiramato
Existem dados de boa qualidade sobre o uso de topiramato para crises tônico-clônicas generalizadas primárias, mas não para crises de ausência.[55]Bergey GK. Evidence-based treatment of idiopathic generalized epilepsies with new antiepileptic drugs. Epilepsia. 2005;46 Suppl 9:161-8.
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[60]Kanner AM, Ashman E, Gloss D, et al. Practice guideline update summary: Efficacy and tolerability of the new antiepileptic drugs I: Treatment of new-onset epilepsy: Report of the Guideline Development, Dissemination, and Implementation Subcommittee of the American Academy of Neurology and the American Epilepsy Society. Neurology. 2018 Jun 13;91(2):74-81.
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Demonstrou-se que o topiramato tem alguma eficácia na síndrome de Lennox-Gastaut como terapia adjuvante.[61]Sachdeo RC, Glauser TA, Ritter F, et al. A double-blind, randomized trial of topiramate in Lennox-Gastaut syndrome. Topiramate YL Study Group. Neurology. 1999 Jun 10;52(9):1882-7.
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Ele também pode ser usado como monoterapia.
O topiramato pode aumentar o risco de malformações congênitas e problemas de desenvolvimento no bebê/criança se tomado durante a gravidez (consulte "Considerações para pacientes com potencial para engravidar").[52]Pack AM, Oskoui M, Williams Roberson S, et al. Teratogenesis, perinatal, and neurodevelopmental outcomes after in utero exposure to antiseizure medication: practice guideline from the AAN, AES, and SMFM. Neurology. 2024 Jun;102(11):e209279.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38748979?tool=bestpractice.com
Zonisamida
Pequenas séries de casos e resumos sugeriram a eficácia da zonisamida na redução da frequência de crises em pacientes com crises de ausência típica, bem como com epilepsia generalizada primária refratária.[55]Bergey GK. Evidence-based treatment of idiopathic generalized epilepsies with new antiepileptic drugs. Epilepsia. 2005;46 Suppl 9:161-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16302891?tool=bestpractice.com
Uma revisão retrospectiva de prontuários de 45 pacientes com 18 anos de idade ou menos com crises de ausência encontrou uma taxa de 51.1% de eliminação das crises com a zonisamida.[62]Wilfong A, Schultz R. Zonisamide for absence seizures. Epilepsy Res. 2005 Mar-Apr;64(1-2):31-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15847848?tool=bestpractice.com
Levetiracetam
O levetiracetam é indicado como terapia adjuvante para a epilepsia mioclônica juvenil (EMJ).[40]Glauser T, Ben-Menachem E, Bourgeois B, et al; ILAE Subcommission on AED Guidelines. Updated ILAE evidence review of antiepileptic drug efficacy and effectiveness as initial monotherapy for epileptic seizures and syndromes. Epilepsia. 2013 Mar;54(3):551-63.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/epi.12074
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23350722?tool=bestpractice.com
[55]Bergey GK. Evidence-based treatment of idiopathic generalized epilepsies with new antiepileptic drugs. Epilepsia. 2005;46 Suppl 9:161-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16302891?tool=bestpractice.com
[63]Kanner AM, Ashman E, Gloss D, et al. Practice guideline update summary: Efficacy and tolerability of the new antiepileptic drugs II: Treatment-resistant epilepsy: Report of the Guideline Development, Dissemination, and Implementation Subcommittee of the American Academy of Neurology and the American Epilepsy Society. Neurology. 2018 Jun 13;91(2):82-90.
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Uma revisão concluiu que o levetiracetam é um adjunto eficaz em pacientes com epilepsia do tipo ausência juvenil (EAJ) e EMJ insuficientemente controlada.[64]Rosenfeld WE, Benbadis S, Edrich P, et al. Levetiracetam as add-on therapy for idiopathic generalized epilepsy syndromes with onset during adolescence: analysis of two randomized, double-blind, placebo-controlled studies. Epilepsy Res. 2009 Jul;85(1):72-80.
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Um pequeno estudo prospectivo (n = 21) sugeriu que a monoterapia com levetiracetam pode ser eficaz em pacientes com EAI e EAJ.[65]Verrotti A, Cerminara C, Domizio S, et al. Levetiracetam in absence epilepsy. Dev Med Child Neurol. 2008 Nov;50(11):850-3.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18808424?tool=bestpractice.com
No entanto, um ensaio randomizado e controlado por placebo conduzido em crianças com EAI ou EAJ recém-diagnosticada por 2 semanas relatou uma taxa de resposta de 23.7% à monoterapia com levetiracetam, que não foi significativamente maior do que no braço placebo.[66]Fattore C, Boniver C, Capovilla G, et al. A multicenter, randomized, placebo-controlled trial of levetiracetam in children and adolescents with newly diagnosed absence epilepsy. Epilepsia. 2011 Apr;52(4):802-9.
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É importante ressaltar que o ensaio foi de curta duração para minimizar a exposição ao placebo, e altas doses de levetiracetam não puderam ser obtidas.
Considerações para pacientes em idade fértil
As pacientes em idade fértil devem receber informações desde o início da adolescência sobre o risco de gravidez não planejada, opções contraceptivas e possíveis desfechos adversos na gravidez. Os anticonvulsivantes com propriedades indutoras de enzimas podem diminuir a eficácia contraceptiva e levar a um aumento da taxa de falha.[67]American College of Obstetricians and Gynecologists. Gynecologic management of adolescents and young women with seizure disorders: ACOG committee opinion summary, number 806. Obstet Gynecol. 2020 May;135(5):1242-3.
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Para mulheres e meninas em idade fértil, a segurança dos anticonvulsivantes na gravidez deve ser levada em consideração ao escolher um medicamento adequado.
Ácido valproico e seus derivados
O ácido valproico e seus derivados podem causar malformações congênitas graves, incluindo transtornos do neurodesenvolvimento e defeitos do tubo neural, após uma exposição intra-útero.[52]Pack AM, Oskoui M, Williams Roberson S, et al. Teratogenesis, perinatal, and neurodevelopmental outcomes after in utero exposure to antiseizure medication: practice guideline from the AAN, AES, and SMFM. Neurology. 2024 Jun;102(11):e209279.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38748979?tool=bestpractice.com
Esses medicamentos são contraindicados na gestação; no entanto, se não for possível interrompê-los, o tratamento pode ser mantido com os devidos cuidados de um especialista.
Esses agentes não devem ser usados em pacientes do sexo feminino em idade fértil, a menos que outras opções não sejam adequadas, exista um programa de prevenção da gravidez e certas condições sejam atendidas.
Medidas de precaução também podem ser necessárias em pacientes do sexo masculino devido ao risco potencial de que o uso nos 3 meses anteriores à concepção possa aumentar a probabilidade de transtornos do neurodesenvolvimento em seus filhos.
Os regulamentos e medidas de precaução para pacientes do sexo feminino e masculino podem variar entre os países, com alguns países adotando uma postura de precaução mais rigorosa, e você deve consultar as orientações locais para obter mais informações.
Se a paciente estiver usando o medicamento para prevenir convulsões maiores e estiver planejando engravidar, a decisão de continuar com o ácido valproico em vez de mudar para um agente alternativo deve ser tomada individualmente.
Topiramato
Um grande estudo de coorte relatou uma associação entre a exposição pré-natal ao topiramato e o aumento do risco de transtornos do neurodesenvolvimento infantil.[68]Bjørk MH, Zoega H, Leinonen MK, et al. Association of prenatal exposure to antiseizure medication with risk of autism and intellectual disability. JAMA Neurol. 2022 Jul 1;79(7):672-81.
https://jamanetwork.com/journals/jamaneurology/fullarticle/2793003
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35639399?tool=bestpractice.com
A exposição ao topiramato durante a gravidez está associada à fenda labial e ao tamanho pequeno para a idade gestacional.[52]Pack AM, Oskoui M, Williams Roberson S, et al. Teratogenesis, perinatal, and neurodevelopmental outcomes after in utero exposure to antiseizure medication: practice guideline from the AAN, AES, and SMFM. Neurology. 2024 Jun;102(11):e209279.
https://www.neurology.org/doi/10.1212/WNL.0000000000209279?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38748979?tool=bestpractice.com
Em alguns países, o topiramato é contraindicado na gestação e para mulheres em idade fértil, a menos que as condições de um programa de prevenção da gestação sejam atendidas para garantir que as mulheres em idade fértil: estejam usando métodos de contracepção altamente eficazes; tenham feito um teste de gravidez para descartar gravidez antes de iniciar o tratamento com topiramato; e estejam cientes dos riscos associados ao uso do medicamento.[69]Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency. Topiramate (Topamax): introduction of new safety measures, including a Pregnancy Prevention Programme. Jun 2024.
https://www.gov.uk/drug-safety-update/topiramate-topamax-introduction-of-new-safety-measures-including-a-pregnancy-prevention-programme
[70]European Medicines Agency. PRAC recommends new measures to avoid topiramate exposure in pregnancy. Sep 2023 [internet publication].
https://www.ema.europa.eu/en/news/prac-recommends-new-measures-avoid-topiramate-exposure-pregnancy
Segurança de outros anticonvulsivantes na gravidez
A American Academy of Neurology recomenda que os médicos considerem o uso de lamotrigina ou levetiracetam em mulheres em idade fértil para minimizar o risco de malformações congênitas graves, quando apropriado, considerando a síndrome epiléptica da mulher, comorbidades e probabilidade de atingir o controle das convulsões.[52]Pack AM, Oskoui M, Williams Roberson S, et al. Teratogenesis, perinatal, and neurodevelopmental outcomes after in utero exposure to antiseizure medication: practice guideline from the AAN, AES, and SMFM. Neurology. 2024 Jun;102(11):e209279.
https://www.neurology.org/doi/10.1212/WNL.0000000000209279?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38748979?tool=bestpractice.com
Uma revisão da segurança dos anticonvulsivantes (exceto o ácido valproico) na gestação pela Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency (MHRA) do Reino Unido concluiu que a lamotrigina e o levetiracetam, em doses de manutenção, não estão associados a um aumento do risco de malformações congênitas importantes. Os estudos incluídos na revisão não sugeriram um aumento do risco de transtornos do neurodesenvolvimento ou atraso associado à exposição intrauterina à lamotrigina ou ao levetiracetam, mas os dados foram mais limitados.[71]Medicines and Healthcare products Regulatory Agency. Antiepileptic drugs in pregnancy: updated advice following comprehensive safety review. Apr 2022 [internet publication].
https://www.gov.uk/drug-safety-update/antiepileptic-drugs-in-pregnancy-updated-advice-following-comprehensive-safety-review
Um estudo posterior sugeriu uma associação entre a exposição pré-natal ao levetiracetam e o TDAH.[72]Dreier JW, Bjørk MH, Alvestad S, et al. Prenatal exposure to antiseizure medication and incidence of childhood- and adolescence-onset psychiatric disorders. JAMA Neurol. 2023 Jun 1;80(6):568-77.
https://jamanetwork.com/journals/jamaneurology/fullarticle/2803245
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37067807?tool=bestpractice.com
Os dados de outros medicamentos mostram aumento do risco de restrição do crescimento fetal associado à zonisamida.[71]Medicines and Healthcare products Regulatory Agency. Antiepileptic drugs in pregnancy: updated advice following comprehensive safety review. Apr 2022 [internet publication].
https://www.gov.uk/drug-safety-update/antiepileptic-drugs-in-pregnancy-updated-advice-following-comprehensive-safety-review
Um especialista deve ser consultado para a obtenção de mais orientações sobre o uso de medicamentos específicos na gravidez.
Descontinuação do medicamento
Pode ocorrer ausência das convulsões por longos períodos com a terapia anticonvulsivante ou após tratamento cirúrgico. Os pacientes em uso de anticonvulsivantes que alcançam a ausência de convulsões podem consequentemente desejar descontinuar seu tratamento medicamentoso para evitar os efeitos adversos, as implicações psicológicas e o custo do tratamento contínuo.
Não há evidências estatisticamente significativas para orientar o momento da descontinuação de anticonvulsivantes em adultos. Para adultos que não apresentam convulsões há pelo menos 2 anos, os médicos devem discutir os riscos e benefícios da descontinuação do medicamento com o paciente, incluindo os riscos de recorrência das convulsões e resistência ao tratamento. As características e preferências individuais do paciente devem ser levadas em consideração. Pacientes que não apresentaram convulsões após a cirurgia de epilepsia e estão considerando a descontinuação do medicamento devem ser informados de que o risco de ocorrência de convulsões é incerto devido à falta de evidências.[73]Gloss D, Pargeon K, Pack A, et al. Antiseizure medication withdrawal in seizure-free patients: practice advisory update summary: report of the AAN guideline subcommittee. Neurology. 2021 Dec 7;97(23):1072-81.
https://www.doi.org/10.1212/WNL.0000000000012944
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34873018?tool=bestpractice.com
A descontinuação abrupta do medicamento não é aconselhável, mas, além disso, há pouca evidência para orientar a velocidade da redução gradual do tratamento medicamentoso em adultos.[74]Hixson JD. Stopping antiepileptic drugs: when and why? Curr Treat Options Neurol. 2010 Sep;12(5):434-42.
https://www.doi.org/10.1007/s11940-010-0083-8
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20730110?tool=bestpractice.com
Para crianças que não apresentaram convulsão por, pelo menos, 18-24 meses e que não tenham uma síndrome eletroclínica sugerindo o contrário, a descontinuação do anticonvulsivante pode ser considerada, pois isso não aumenta claramente o risco de recorrência das convulsões. Os riscos e benefícios da descontinuação devem ser discutidos com o paciente e a família. Desde que um EEG não demonstre atividade epileptiforme, a descontinuação deve ser oferecida a uma taxa não superior a 25% a cada 10-14 dias.[73]Gloss D, Pargeon K, Pack A, et al. Antiseizure medication withdrawal in seizure-free patients: practice advisory update summary: report of the AAN guideline subcommittee. Neurology. 2021 Dec 7;97(23):1072-81.
https://www.doi.org/10.1212/WNL.0000000000012944
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34873018?tool=bestpractice.com