Etiologia

As "epilepsias generalizadas genéticas", que incluem as epilepsias generalizadas idiopáticas, como a epilepsia do tipo ausência da infância, a epilepsia mioclônica juvenil e a epilepsia do tipo ausência juvenil, bem como a epilepsia com ausência mioclônica e a epilepsia com mioclonia palpebral, têm uma etiologia presumidamente genética. A hereditariedade é complexa, com uma base poligênica com ou sem contribuição ambiental, o que torna as variantes patogênicas difíceis de identificar.[9][14]​​[18]

As epilepsias com crises de ausência atípica, como a síndrome de Lennox-Gastaut, podem ser decorrentes de diversos distúrbios cerebrais congênitos ou adquiridos, como hipóxia-isquemia, trauma, infecção do sistema nervoso central, malformações corticais ou defeitos congênitos do metabolismo. Variantes patogênicas em muitos genes, bem como uma série de anormalidades cromossômicas e variantes no número de cópias, também têm sido associadas à síndrome de Lennox-Gastaut.[14]

Fisiopatologia

O entendimento da patogênese das crises de ausência se baseia em modelos animais que geram descargas de espícula-onda generalizadas no EEG. Um circuito de reverberação entre o tálamo e o córtex é a base desse modelo, com a hipótese de que oscilações rítmicas aberrantes são geradas no circuito, como um mecanismo análogo ao que gera os fusos do sono normais. O núcleo retículo-talâmico do tálamo tem sido particularmente envolvido e contém uma predominância de interneurônios inibitórios contendo GABA. Nesse caso, a atividade mediada por GABA pode desencadear crises de ausência induzindo a hiperpolarização prolongada e ativando correntes de Ca²⁺ de baixo limiar.[19][20]​​​​ O conceito de canais de cálcio "tipo T" ou de "baixo limiar" desempenhando um papel importante nas crises de ausência é apoiado pela responsividade de crises de ausência típica a medicamentos como etossuximida, que bloqueiam esses canais.

A origem anatômica exata das crises de ausência ainda é desconhecida; no entanto, existem diversas teorias.[21]​ A teoria centrocefálica sugere que as convulsões têm origem no tálamo e depois se propagam para o córtex.[22]​ Outra possibilidade é a teoria corticorreticular generalizada, que postula que as projeções reticulares para o córtex são necessárias para o início das convulsões.[23]​ Outra teoria, a teoria do foco cortical, sugere que pode haver um foco cortical que resulta em oscilações corticotalâmicas.[24]

A maioria dos genes identificados associados a epilepsias generalizadas que envolvem crises de ausência são para diferentes tipos de canais iônicos (canalopatias), como receptores de ácido gama-aminobutírico (GABA) e N-metil-D-aspartato (NMDA), e canais de sódio, potássio e cloreto.​[9][14]​​[18][25]​​ Alguns casos de epilepsia tipo ausência de início precoce foram atribuídos a variantes patogênicas no gene SLC2A1, levando à síndrome de deficiência do transportador de glicose tipo 1, bem como a uma variedade de outras variantes patogênicas.[14][26][27]

Classificação

Classificação de convulsões da International League Against Epilepsy (ILAE)[1]

  • Convulsão generalizada

    • Crise de ausência

      • Típica

      • Atípica

      • Ausência mioclônica

      • Mioclonia palpebral com ou sem ausência

    • Outra convulsão generalizada

      • Mioclônica

      • Mioclônica negativa

      • Clônicas

      • Espasmos epilépticos

      • Tônicas

      • Mioclônico-atônicas

      • Atônicas

    • Convulsão focal

    • Desconhecido se focal ou generalizado

Síndromes epilépticas[3]

Em 2022, a ILAE publicou uma classificação e a definição de síndromes epilépticas. Uma síndrome epiléptica é definida como "um conjunto característico de aspectos clínicos e eletroencefalográficos, muitas vezes apoiados por achados etiológicos específicos (estruturais, genéticos, metabólicos, imunológicos e infecciosos)".[4]

As síndromes em que as crises de ausência são proeminentes incluem:

  • Síndrome de Lennox-Gastaut (SLG)

  • Epilepsia do tipo ausência

  • da infância (EAI)

  • Epilepsia com ausência mioclônica (EMA)

  • Epilepsia com mioclonia palpebral (EEM)

  • EAJ

  • Epilepsia mioclônica juvenil (EMJ)

  • Síndrome de Dravet

  • Epilepsia com crises mioclônico-atônicas (EMAtS)

Classificação etiológica ILAE[5]

A ILAE classifica as convulsões como sendo decorrentes de uma etiologia genética, estrutural, imunológica, infecciosa, metabólica ou desconhecida.

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