Prevenção primária

A prevenção eficaz tanto da hiperglicemia e da hipoglicemia em pacientes hospitalizados requer uma abordagem abrangente e multifacetada, que combine experiência clínica, suporte tecnológico e protocolos padronizados em todo o sistema. A identificação precoce de pacientes em risco, o monitoramento frequente e preciso da glicose sanguínea e os ajustes proativos nas terapias hipoglicemiantes são componentes essenciais para manter níveis glicêmicos seguros.​[1]​ O estabelecimento de protocolos para todo o hospital garante consistência e segurança nas práticas de tratamento.[1]​ Episódios de hipoglicemia no hospital devem ser documentados no prontuário médico e monitorados para orientar melhoras na qualidade do atendimento.[1]

A intervenção humana desempenha um papel central, com equipes multidisciplinares, incluindo enfermeiros, médicos, nutricionistas e especialistas em diabetes, responsáveis por desenvolver e implementar estratégias para melhorar o monitoramento glicêmico, coordenar a nutrição e a administração de insulina e fornecer educação para pacientes e funcionários.[27]​ Protocolos liderados por enfermeiros, adequação da insulina às refeições e comitês dedicados à hipoglicemia demonstraram reduzir significativamente eventos glicêmicos adversos.[27]​ A American Diabetes Association (ADA) recomenda que todos os hospitais ou sistemas de saúde adotem um protocolo de prevenção e tratamento da hipoglicemia, incluindo um protocolo de tratamento padronizado, iniciado por enfermeiros, para tratar prontamente os níveis glicêmicos <3.9 mmol/L (<70 mg/dL), sendo que qualquer valor abaixo desse limite deve levar à revisão do plano de tratamento do paciente devido ao aumento do risco de hipoglicemia grave.[1] ​Para cada paciente com diabetes que for hospitalizado, deve ser estabelecido um plano para identificar, tratar e prevenir a hipoglicemia.[1]

A tecnologia também desempenha um papel crucial na prevenção primária. Os sistemas eletrônicos de prescrição podem aumentar a segurança da insulina, reduzindo erros e apoiando a autoadministração adequada de insulina em hospitais.[28] Sistemas computadorizados de suporte à decisão clínica e algoritmos preditivos aprimoram os esforços de prevenção, identificando pacientes com alto risco de disfunção glicêmica, permitindo intervenção oportuna e dosagem de insulina mais segura.[27]​ A integração dessas ferramentas em registros eletrônicos de saúde facilita a aplicação consistente em todos os hospitais e apoia o atendimento baseado em evidências, embora os modelos atuais apresentem limitações na precisão das previsões e na variabilidade individual dos pacientes.[27]

A ADA e a Joint British Diabetes Societies (JBDS) dão suporte ao uso contínuo do monitoramento contínuo de glicose (MCG) e das bombas de insulina durante a hospitalização, quando os pacientes conseguem manejá-los com segurança sob supervisão clínica adequada.[1][28][29]​ Recomenda-se que os hospitais estabeleçam políticas para dar suporte ao uso de tecnologia para diabetes por pacientes hospitalizados e integrem os dados dos dispositivos aos prontuários médicos para otimizar o manejo glicêmico.[1]

Prevenção secundária

A prevenção secundária no gerenciamento da glicemia em pacientes hospitalizados visa identificar e mitigar prontamente os episódios de hiperglicemia e hipoglicemia assim que ocorrerem, minimizando complicações e prevenindo recorrências durante a internação hospitalar.

As principais estratégias incluem:

  • Monitoramento frequente e detecção precoce: o monitoramento contínuo ou frequente da glicose sanguínea, utilizando testes de glicose sanguínea capilar ou monitoramento contínuo de glicose (MCG), é essencial para o reconhecimento oportuno de alterações glicêmicas. Os dados em tempo real permitem ajustes imediatos na terapia.[1]

  • Ajustes oportunos no tratamento: a modificação rápida da insulina ou de outras terapias hipoglicemiantes, com base nas tendências atuais da glicose, ajuda a restaurar e manter a euglicemia. Isso inclui corrigir a hiperglicemia com doses adequadas de insulina e tratar prontamente a hipoglicemia com a administração de carboidratos ou glucagon, conforme indicado.[4]

  • Manejo baseado em protocolos: a implementação de protocolos hospitalares padronizados para o tratamento da hiperglicemia e da hipoglicemia garante respostas consistentes e baseadas em evidências em todas as equipes de atendimento.[1]​ Os protocolos de tratamento da hipoglicemia iniciados por enfermeiros podem reduzir os atrasos no tratamento.[27]

  • Coordenação multidisciplinar: a coordenação entre médicos, enfermeiros, nutricionistas e especialistas em diabetes aprimora o manejo e a educação específicos para cada paciente, reduzindo o risco de episódios recorrentes.[27]

  • Educação de pacientes e funcionários: educar pacientes e equipe clínica sobre como reconhecer sintomas, fatores de risco e intervenções apropriadas apoia os esforços de prevenção secundária.[27]

  • Utilização da tecnologia: a integração de sistemas de suporte à decisão clínica e alertas de MCG pode auxiliar na identificação precoce de tendências à hipoglicemia ou hiperglicemia, permitindo ajustes preventivos.[1][4][27]

  • Documentação e melhora da qualidade: os episódios de hipoglicemia no hospital devem ser documentados no prontuário médico e monitorados para orientar as melhoras da qualidade.[1]​ As equipes de diabetes devem analisar quaisquer incidentes graves em que a hipoglicemia tenha sido um fator contribuinte e desenvolver estratégias para prevenção futura.[73]

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