Abordagem

Há um debate sobre o número exato de bactérias em uma urocultura necessário para se definir a infecção do trato urinário (ITU) em homens. O limite padronizado nos pacientes sintomáticos é >100,000 UFC/mL para os organismos identificados como patógenos comuns; no entanto, muitos locais agora usam o limite de 10,000 UFC/mL ou 1000 UFC/mL, com base no método de coleta ou na população de pacientes, como a linha basal para a cultura e a significância clínica.[43]

A urina de um homem com sintomas do trato urinário (disúria, polaciúria, urgência, dor suprapúbica, dor no ângulo costovertebral) que cultive ≥10³ unidades formadoras de colônias (UFC)/mL de um organismo único ou predominante na cultura sugere a presença de ITU.[25][44]

História

A maioria das ITUs ocorre em homens depois dos 50 anos de idade, e a incidência é mais alta entre os residentes de unidades de cuidados de longa permanência.

A disúria frequentemente resulta de infecção.[6] Além disso, polaciúria, urgência e dor suprapúbica são sinais de ITU. A dor no ângulo costovertebral sugere a extensão da ITU para o rim (pielonefrite). A dor retal ou perineal pode indicar ITU associada à prostatite. Homens podem apresentar secreção uretral ou ter sintomas relacionados ao fluxo da urina comprometido, como hesitação ou noctúria.[25] Por fim, a história inclui a identificação de sinais sistêmicos (por exemplo, febre, calafrios) e possíveis estados imunocomprometidos (por exemplo, diabetes mellitus) que podem indicar uma doença mais grave e que requer hospitalização.

A história médica pregressa pode revelar os seguintes riscos que contribuem com a ITU:[25]

  • ITU prévia

  • Hiperplasia prostática benigna (HPB)

  • Cálculos no trato urinário

  • Instrumentação ou cirurgia urológica prévia

  • Internação recente

A história social irá identificar práticas e preferências sexuais; particularmente, o sexo anal aumenta o risco de ITU.

Exame físico

O exame físico é útil para excluir outras possíveis causas dos sintomas do paciente. Ele deve pelo menos incluir abdome, genitália, reto e palpação do ângulo costovertebral.

A próstata com sensibilidade à palpação e esponjosa, a próstata firme e aumentada ou nodularidade sugerem prostatite, hiperplasia da próstata e câncer de próstata, respectivamente.

As lesões ou secreções do pênis sugerem infecção sexualmente transmissível.

A dor ou edema do epidídimo ou testículos implica a presença de epididimite ou orquite, respectivamente.

A febre pode ocorrer em pacientes com ITU complicada.

Laboratório

A tira reagente ou urinálise microscópica são os exames iniciais para homens com suspeita de ITU. Se a tira reagente for negativa para nitritos e esterase leucocitária, ou se a urinálise microscópica for negativa para bactérias e leucócitos, isto descarta infecção, mas a presença desses marcadores não exclui ITU.[2][45]​ Resultados negativos indicam a necessidade de se buscar outra causa para os sintomas do paciente. Uma urinálise positiva em um homem com sintomas típicos de ITU deve ser acompanhada pela urocultura e a antibioticoterapia empírica, enquanto o resultado da cultura é aguardado. Na ausência de sinais e sintomas de ITU, a urocultura normalmente não é recomendada.[43]​ Nos homens com uma urinálise positiva, a coloração de Gram da urina pode orientar a escolha inicial do antibiótico; no entanto, isso não é necessário, pois a terapia empírica pode ser escolhida com base nas bactérias patogênicas previstas. A coloração de Gram, como a urinálise, não confirma a presença de ITU.[15] A cultura é essencial para confirmar o diagnóstico de ITU e por causa do potencial de organismos não tradicionais em homens.[5][19]​ A presença de ≥10² UFC/mL de um organismo único ou predominante em uma cultura confirma a ITU em homens sintomáticos. Uma amostra de urina de jato médio usada para cultura se compara favoravelmente à aspiração suprapúbica ou a amostras de cateteres.[46]

Não há diferenças na abordagem para pacientes de ambulatório ou de unidades de cuidados de longa permanência. No entanto, nos cuidados de longa permanência, a urinálise é ainda menos preditiva da presença de ITU, porque uma grande proporção desses pacientes tem piúria relacionada à bacteriúria assintomática.[11][4]​​ Porém, uma urinálise negativa descarta a presença de ITU.[4][11]​​

Marcadores biológicos de infecção bacteriana, como a expressão do receptor do gatilho solúvel em célula mieloide (sTREM-1), não têm sido um método confiável para detectar a infecção do trato urinário masculino como resultado de sua baixa sensibilidade.[42][47][48]

Exames por imagem

O exame de imagem dos rins, ureteres e bexiga, por tomografia computadorizada (TC), ultrassonografia ou urograma intravenoso, deve ser reservado para:[1][3]

  • Pessoas com disfunção urinária, sem uma causa claramente identificável, como hiperplasia prostática benigna (HPB)

  • Casos de falha do tratamento

  • Pessoas com hematúria persistente

  • Pessoas com sinais de infecção do trato superior.

Embora o exame de imagem de homens com ITU muitas vezes resulte em achados anormais, ele geralmente não altera o tratamento. Portanto, não é indicado em todos os casos.[1][3][12][13][19][26]

O profissional de saúde deve escolher uma técnica de imagem com base na disponibilidade dos recursos locais e da patologia subjacente suspeita. A TC oferece mais detalhes em geral, mas é cara. Uma radiografia simples dos rins, ureter e bexiga pode ser útil se houver suspeita de cálculos, mas a TC é mais confiável. Se houver suspeita de um processo obstrutivo, a ultrassonografia pode descartá-lo. O urograma intravenoso (UIV) tem apenas uma utilidade limitada em comparação com outros modos de imagem, mas o médico pode pensar em obtê-lo se a suspeita continuar após uma TC ou ultrassonografia negativa, ou nos casos em que um teste mais econômico é desejado.

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal