Rastreamento

O rastreamento para câncer de próstata é controverso devido a preocupações relativas ao excesso de detecção e excesso de tratamento.[121][122]

O rastreamento baseado em grandes ensaios clínicos randomizados de antígeno prostático específico (PSA) apresentou resultados mistos.[123][124]​​​[125][126][127]​​​[128][129][130]​​​ Revisões sistemáticas e metanálises sugerem que o rastreamento baseado em PSA pode reduzir levemente a mortalidade específica por câncer de próstata, mas não a mortalidade geral.[121][131]​ Os potenciais benefícios do rastreamento devem ser ponderados em relação aos riscos do diagnóstico excessivo, complicações decorrentes da biópsia e do tratamento subsequente, além do excesso de tratamento.

Estratégias de rastreamento direcionado (por exemplo, rastreamento adaptado ao risco iniciando aos 45-50 anos de idade) e estratégias que usam outros biomarcadores, calculadoras de risco e RNM pré-biópsia podem ajudar a reduzir o excesso de diagnóstico.[26]​​[132][133]​​[134][135]

Recomendações de rastreamento com PSA

Nos EUA, a tomada de decisão compartilhada antes do rastreamento por PSA é recomendada para pacientes selecionados.[54][57]​​​​​​[58] As discussões sobre o rastreamento devem começar em idade jovem em homens com alto risco de câncer de próstata (por exemplo, aqueles com mutações das linhas germinativas, forte história familiar de câncer de próstata ou ascendência negra africana).[26][136]

A American Cancer Society recomenda o seguinte:[57]

  • Oomens de 50 anos com risco médio de câncer de próstata e expectativa de vida de pelo menos 10 anos devem ter uma discussão sobre o rastreamento do câncer de próstata bem fundamentada com seu médico.

  • Os homens afro-americanos e homens com história familiar de câncer de próstata (parente de primeiro grau diagnosticado <65 anos) devem começar a discutir o rastreamento aos 45 anos de idade.

  • Homens com risco muito alto (mais de um parente de primeiro grau com câncer de próstata diagnosticado com <65 anos) devem começar a discutir o rastreamento aos 40 anos.

O US Preventive Services Task Force (USPSTF) recomenda o seguinte:[58]

  • Os médicos discutam os potenciais benefícios e malefícios do rastreamento periódico do câncer de próstata com base no PSA com os homens de 55 a 69 anos; a decisão sobre rastreamento para o câncer de próstata deve ser individualizada.

  • Ao tomar a decisão sobre o rastreamento, pacientes e médicos devem levar em consideração a história familiar, etnia, comorbidades clínicas, opinião do paciente sobre as vantagens e desvantagens do rastreamento e resultados específicos do tratamento e outras necessidades de saúde.

A American Urological Association e a Society of Urologic Oncology recomendam oferecer:[54]

  • Um teste de rastreamento inicial entre 45-50 anos em homens com risco médio de desenvolvimento de câncer de próstata.

  • Rastreamento por PSA inicia entre 40-45 anos de idade para homens com risco aumentado de desenvolverem câncer de próstata (por exemplo, ascendência negra, mutações das linhas germinativas, forte história familiar de câncer de próstata).

  • Rastreamento regular para câncer de próstata a cada 2-4 anos para homens entre 50-69 anos, embora os intervalos entre os rastreamentos possam ser personalizados.

A National Comprehensive Cancer Network (NCCN) recomenda:[26][37]​​[109][137]​​​​

  • Rastreamento por PSA anual a partir dos 40 anos de idade para homens com mutação das linhas germinativas em BRCA2.

  • Consideração sobre a tomada de decisão compartilhada relacionada ao rastreamento anual a partir dos 40 anos para homens com mutação das linhas germinativas em outros genes de suscetibilidade ao câncer (por exemplo, ATM, BRCA1, CHEK2, MLH1, MSH2, EPCAM, MSH6, PMS2), etnia negra/afro-americana ou com uma forte história familiar de câncer.

No Reino Unido, existe um programa de escolha informada para homens saudáveis de 50 anos. O Programa de Gerenciamento de Risco de Câncer de Próstata fornece aos médicos de atenção primária informações para orientar homens assintomáticos de 50 anos de idade ou mais que perguntam sobre o teste de antígeno prostático específico (PSA) para câncer de próstata.[138]

Avaliação de risco genético

Uma história pessoal e familiar cuidadosa pode identificar pacientes com aumento do risco de câncer de próstata, aos quais deve ser oferecida avaliação de risco genético (incluindo aconselhamento e testes de linha germinativa). A avaliação de risco genético pode informar a tomada de decisão compartilhada sobre quando iniciar o rastreamento regular do câncer de próstata.[26]

Os critérios para avaliação de risco genético podem incluir:[3][26]​​​​​​[109][137]

  • Parente de primeiro ou segundo grau com câncer de próstata metastático, com linfonodos positivos ou de alto/muito alto risco; câncer de ovário; câncer de mama (homem diagnosticado em qualquer idade ou mulher diagnosticada com <50 anos); câncer de pâncreas

  • Três ou mais parentes próximos do mesmo lado da família com câncer de próstata (qualquer grau) e/ou câncer de mama

  • Parente de primeiro grau com câncer colorretal ou câncer de endométrio diagnosticado com <50 anos, ou com câncer síncrono ou metacrônico relacionado à síndrome de Lynch (por exemplo, colorretal, endometrial, gástrico, ovariano, pancreático, urotelial, cerebral), independentemente da idade

  • Três ou mais parentes de primeiro ou segundo grau com cânceres relacionados à síndrome de Lynch em qualquer idade; ou dois ou mais parentes de primeiro ou segundo grau com cânceres relacionados à síndrome de Lynch, incluindo 1 diagnosticado com <50 anos

  • História pessoal de câncer de mama

  • Familiar consanguíneo com uma variante patogênica/provavelmente patogênica em um gene de suscetibilidade ao câncer

  • Ascendência judaica asquenaze

Podem ser realizados testes de linha germinativa para uma variante patogênica específica, se conhecida; o teste do perfil multigênico personalizado é recomendado se a variante for desconhecida, com base na história pessoal e familiar.[109][110]​​[137]​​​​​​​ Os perfis de linha germinativa multigênica podem incluir BRCA1, BRCA2, ATM, CHEK2, PALB2, HOXB13, MLH1, MSH2, MSH6, PMS2.​[3][110]​​[137]

Se o teste de linha germinativa for positivo, as discussões sobre o rastreamento regular com PSA pode ser iniciadas, e um teste de PSA inicial pode ser oferecido, considerando o exame de toque retal.[26] O teste em cascata oportuno (aconselhamento e teste de familiares consanguíneos de indivíduos identificados com uma mutação genética específica) deve ser oferecido.[3]​​

Se o teste de mutação de linha germinativa for negativo, mas a história familiar for preocupante, recomenda-se a tomada de decisão compartilhada sobre quando iniciar o rastreamento com PSA.[26]

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