A maioria dos casos de embolia pulmonar (EP) se resolve. Alguns pacientes podem apresentar "síndrome pós-EP", que consiste em um ou mais sintomas de desconforto torácico, dispneia ou intolerância ao exercício.[286]Klok FA, van der Hulle T, den Exter PL, et al. The post-PE syndrome: a new concept for chronic complications of pulmonary embolism. Blood Rev. 2014 Nov;28(6):221-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25168205?tool=bestpractice.com
Doença tromboembólica crônica (DTC) refere-se a anormalidades de perfusão não resolvidas em exames de imagem após a conclusão de pelo menos 3 meses de terapia anticoagulante. A DTC e a síndrome pós-EP podem coexistir, mas os pacientes podem apresentar uma sem a outra. A sequela mais grave em longo prazo da EP é a hipertensão pulmonar tromboembólica crônica, na qual a DTC está associada à hipertensão arterial pulmonar e anormalidades cardíacas do lado direito. Essa complicação ocorre em 3% a 5% dos pacientes após EP aguda e tem várias opções de tratamento.[287]Ishisaka Y, Watanabe A, Takagi H, et al. Anticoagulation in chronic thromboembolic pulmonary hypertension: a systematic review and meta-analysis. Thromb Res. 2023 Nov;231:91-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37839150?tool=bestpractice.com
O Índice de Gravidade da Embolia Pulmonar (PESI) e o Índice de Gravidade da Embolia Pulmonar simplificado (sPESI) classificam os pacientes com EP confirmada sem choque ou hipotensão em categorias associadas ao aumento da mortalidade em 30 dias.[3]Konstantinides SV, Meyer G, Becattini C, et al. 2019 ESC guidelines for the diagnosis and management of acute pulmonary embolism developed in collaboration with the European Respiratory Society (ERS). Eur Heart J. 2020 Jan 21;41(4):543-603.
https://academic.oup.com/eurheartj/article/41/4/543/5556136
[124]Konstantinides SV, Barco S, Lankeit M, et al. Management of pulmonary embolism: an update. J Am Coll Cardiol. 2016 Mar 1;67(8):976-90.
http://www.onlinejacc.org/content/67/8/976
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26916489?tool=bestpractice.com
Estudos indicam que PESI e sPESI predizem mortalidade em curto prazo com precisão comparável, mas o último é mais fácil de usar.[203]Vinson DR, Ballard DW, Mark DG, et al; MAPLE investigators of the KP CREST Network. Risk stratifying emergency department patients with acute pulmonary embolism: does the simplified pulmonary embolism severity index perform as well as the original? Thromb Res. 2016 Dec;148:1-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27764729?tool=bestpractice.com
[204]Zhou XY, Ben SQ, Chen HL, et al. The prognostic value of pulmonary embolism severity index in acute pulmonary embolism: a meta-analysis. Respir Res. 2012 Dec 4;13:111.
https://respiratory-research.biomedcentral.com/articles/10.1186/1465-9921-13-111
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23210843?tool=bestpractice.com
Usando o sPESI, os pacientes na categoria de alto risco têm uma mortalidade em curto prazo de 10.9%, enquanto os pacientes na categoria de baixo risco têm uma mortalidade de 30 dias de 1%.
A mortalidade geralmente se deve ao choque cardiogênico secundário ao colapso ventricular direito (VD). Uma revisão sistemática e meta-análise de 3283 pacientes hemodinamicamente estáveis com EP aguda constatou que o risco de mortalidade em curto prazo era significativamente maior naqueles com disfunção do VD do que naqueles sem disfunção do VD (razão de chances 2.29, IC de 95% 1.61 a 3.26).[288]Cho JH, Kutti Sridharan G, Kim SH, et al. Right ventricular dysfunction as an echocardiographic prognostic factor in hemodynamically stable patients with acute pulmonary embolism: a meta-analysis. BMC Cardiovasc Disord. 2014 May 6;14:64.
https://www.doi.org/10.1186/1471-2261-14-64
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24884693?tool=bestpractice.com
A mortalidade hospitalar ou de 30 dias foi relatada em 167 de 1223 pacientes (13.7%) com disfunção do VD e em 134 de 2060 pacientes (6.5%) sem disfunção do VD.[288]Cho JH, Kutti Sridharan G, Kim SH, et al. Right ventricular dysfunction as an echocardiographic prognostic factor in hemodynamically stable patients with acute pulmonary embolism: a meta-analysis. BMC Cardiovasc Disord. 2014 May 6;14:64.
https://www.doi.org/10.1186/1471-2261-14-64
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24884693?tool=bestpractice.com
Os dados de registro confirmam que, em pacientes com EP aguda, a hipotensão (pressão arterial [PA] sistólica <90 mmHg) está associada ao aumento da mortalidade.[289]Lin BW, Schreiber DH, Liu G, et al. Therapy and outcomes in massive pulmonary embolism from the Emergency Medicine Pulmonary Embolism in the Real World Registry. Am J Emerg Med. 2012 Nov;30(9):1774-81.
https://www.doi.org/10.1016/j.ajem.2012.02.012
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22633723?tool=bestpractice.com
Dos 1875 pacientes incluídos no Emergency Medicine Pulmonary Embolism in the Real World Registry prospectivo observacional, a mortalidade por internação por todas as causas (13.8% vs 3.0%, P <0.001) e mortalidade em 30 dias (14.0% vs. 1.8%, P <0.001) foram significativamente maiores entre os 58 pacientes com hipotensão do que aqueles sem.[289]Lin BW, Schreiber DH, Liu G, et al. Therapy and outcomes in massive pulmonary embolism from the Emergency Medicine Pulmonary Embolism in the Real World Registry. Am J Emerg Med. 2012 Nov;30(9):1774-81.
https://www.doi.org/10.1016/j.ajem.2012.02.012
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22633723?tool=bestpractice.com
No registro internacional prospectivo Registro Informatizado de la Enfermedad TromboEmbolica venosa (RIETE), a taxa de mortalidade de 90 dias para os 248 pacientes com EP sintomática com hipotensão (PA sistólica <90 mmHg) foi de 9.27%, comparada com 2.99% para pacientes sintomáticos com EP não maciça sintomática.[123]Laporte S, Mismetti P, Décousus H, et al; RIETE Investigators. Clinical predictors for fatal pulmonary embolism in 15,520 patients with venous thromboembolism: findings from the Registro Informatizado de la Enfermedad TromboEmbolica venosa (RIETE) Registry. Circulation. 2008 Apr 1;117(13):1711-6.
http://circ.ahajournals.org/content/117/13/1711.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18347212?tool=bestpractice.com
Recorrência
Diretrizes de consenso recomendam 3 meses de terapia anticoagulante oral, a menos que contraindicada devido a sangramento, em todos os pacientes com tromboembolismo venoso com reavaliação para possível terapia prolongada após os 3 meses iniciais de tratamento.[276]Decousus H, Leizorovicz A, Parent F, et al; Prévention du Risque d'Embolie Pulmonaire par Interruption Cave Study Group. A clinical trial of vena caval filters in the prevention of pulmonary embolism in patients with proximal deep-vein thrombosis. N Engl J Med. 1998 Feb 12;338(7):409-15.
https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJM199802123380701
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9459643?tool=bestpractice.com
Os pacientes com tromboembolismo venoso no contexto de um fator precipitante transitório maior ou menos geralmente interrompem o uso de anticoagulantes após completarem pelo menos 3 meses de terapia. Deve-se considerar a manutenção do tratamento por um tempo indefinido em pacientes com tromboembolismo venoso sem fatores precipitantes ou idiopática.[290]Rosenborg L, Rogberg L, Fredricsson B. Comparison between a conventional index of progressive sperm motility and movement variables analysed by CellSoft. Andrologia. 1991 Jan-Feb;23(1):21-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1897751?tool=bestpractice.com
Os pacientes com câncer continuam a usar anticoagulantes, desde que sejam tolerados, enquanto o câncer estiver ativo e se o risco de sangramento permanecer baixo a moderado, sem quaisquer episódios recentes de sangramento importante.[19]Stevens SM, Woller SC, Baumann Kreuziger L, et al. Antithrombotic therapy for VTE disease: second update of the CHEST guideline and expert panel report. 2021 Dec;160(6):e545-608.
https://journal.chestnet.org/article/S0012-3692(21)01506-3/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34352278?tool=bestpractice.com
A reavaliação regular é necessária em pacientes com câncer, pois os riscos de tromboembolismo venoso e sangramento mudam regularmente devido às modificações nas terapias farmacoterapêuticas, cirúrgicas e radioterapias.[20]National Institute for Health and Care Excellence. Venous thromboembolic diseases: diagnosis, management and thrombophilia testing. Aug 2023 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ng158
[46]Key NS, Khorana AA, Kuderer NM, et al. Venous thromboembolism prophylaxis and treatment in patients with cancer: ASCO guideline update. J Clin Oncol. 2023 Jun 1;41(16):3063-71.
https://ascopubs.org/doi/full/10.1200/JCO.23.00294?role=tab
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37075273?tool=bestpractice.com
Muitos estudos tentaram identificar subgrupos de pacientes com tromboembolismo venoso sem fatores precipitantes que não precisam de tratamento por tempo indeterminado com anticoagulação oral. Há evidências robustas de que o risco de tromboembolismo venoso recorrente seja maior nos seguintes pacientes: sexo masculino; pacientes com diagnóstico de trombose venosa profunda (TVP) proximal (em vez de TVP isolada na panturrilha); pacientes com evidências de coágulo residual à ultrassonografia; pacientes com níveis elevados de dímero D 1 mês após a interrupção de um ciclo de anticoagulação oral de 3 a 6 meses; e aqueles que apresentaram EP sem fatores precipitantes.[19]Stevens SM, Woller SC, Baumann Kreuziger L, et al. Antithrombotic therapy for VTE disease: second update of the CHEST guideline and expert panel report. 2021 Dec;160(6):e545-608.
https://journal.chestnet.org/article/S0012-3692(21)01506-3/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34352278?tool=bestpractice.com
[45]Mazzolai L, Ageno W, Alatri A, et al. Second consensus document on diagnosis and management of acute deep vein thrombosis: updated document elaborated by the ESC Working Group on aorta and peripheral vascular diseases and the ESC working group on pulmonary circulation and right ventricular function. Eur J Prev Cardiol. 2022 May 27;29(8):1248-63.
https://academic.oup.com/eurjpc/article/29/8/1248/6319853
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34254133?tool=bestpractice.com
Vários modelos de avaliação de risco foram desenvolvidos para esta finalidade, incluindo o escore DASH, o Modelo de Predição de Viena e o modelo "Men Continue and HER-DOO2".[259]Kyrle PA, Eichinger S. Clinical scores to predict recurrence risk of venous thromboembolism. Thromb Haemost. 2012 Dec;108(6):1061-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22872143?tool=bestpractice.com
O último modelo identifica um subconjunto de mulheres com baixo risco de tromboembolismo venoso recorrente após um evento inicial sem fatores precipitantes e um estudo prospectivo de validação deste modelo foi publicado.[260]Rodger MA, Le Gal G, Anderson DR, et al. Validating the HERDOO2 rule to guide treatment duration for women with unprovoked venous thrombosis: multinational prospective cohort management study. BMJ. 2017 Mar 17;356:j1065.
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC6287588
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28314711?tool=bestpractice.com