Há 2 aspectos para o diagnóstico: o reconhecimento de um episódio agudo de hipertermia maligna (HM), e a identificação de pacientes com suscetibilidade à HM.
Reconhecimento de um episódio agudo de HM
A HM geralmente ocorre durante o período intraoperatório ou, menos comumente, no pós-operatório. O reconhecimento de um episódio agudo depende de monitoramento intra e pós-operatório adequado:
A ventilação-minuto, o dióxido de carbono exalado (ETCO₂) e as concentrações de oxigênio devem ser documentados. A ventilação-minuto (para manter um dióxido de carbono expirado normal), a produção de dióxido de carbono e o consumo de oxigênio estão aumentados em um evento de HM. Um aumento progressivo inexplicado e inesperado na produção de dióxido de carbono conforme evidenciado no ETCO₂ deve levar a um alto índice de suspeita de HM.[1]Hopkins PM, Girard T, Dalay S, et al. Malignant hyperthermia 2020: guideline from the Association of Anaesthetists. Anaesthesia. 2021 May;76(5):655-64.
https://www.doi.org/10.1111/anae.15317
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33399225?tool=bestpractice.com
A temperatura central deve ser monitorada durante toda a anestesia. Um aumento acentuado na temperatura central (>40 °C [>104 °F]) pode ser observado na HM.[52]Larach MG, Brandom BW, Allen GC, et al. Malignant hyperthermia deaths related to inadequate temperature monitoring, 2007-2012: a report from the North American malignant hyperthermia registry of the malignant hyperthermia association of the United States. Anesth Analg. 2014 Dec;119(6):1359-66.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25268394?tool=bestpractice.com
[53]Shafer SL, Dexter F, Brull SJ. Deadly heat: economics of continuous temperature monitoring during general anesthesia. Anesth Analg. 2014 Dec;119(6):1235-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25405681?tool=bestpractice.com
Ênfase no monitoramento da temperatura é importante para todos os pacientes aos quais se administra um anestésico, principalmente quando existe a possibilidade de que este cause alterações na temperatura corporal. Foi relatado um aumento nas mortes em decorrência de HM de 2007 a 2012, provavelmente associado a um monitoramento de temperatura inadequado e impreciso.[53]Shafer SL, Dexter F, Brull SJ. Deadly heat: economics of continuous temperature monitoring during general anesthesia. Anesth Analg. 2014 Dec;119(6):1235-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25405681?tool=bestpractice.com
A menos que a resposta do sistema nervoso simpático seja obnubilada, por exemplo, pelo uso de betabloqueadores ou remifentanil, a produção elevada de dióxido de carbono acompanhada de um aumento inexplicado e inesperado na frequência cardíaca é uma característica diagnóstica de HM. A tendência crescente na frequência cardíaca é mais útil que a obtenção de um valor específico.[1]Hopkins PM, Girard T, Dalay S, et al. Malignant hyperthermia 2020: guideline from the Association of Anaesthetists. Anaesthesia. 2021 May;76(5):655-64.
https://www.doi.org/10.1111/anae.15317
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33399225?tool=bestpractice.com
O tônus muscular e o grau de bloqueio neuromuscular devem ser verificados. A rigidez muscular do masseter pode ser um sinal precoce de um episódio de HM.[2]Larach MG, Dirksen SJ, Belani KG, et al; Society for Ambulatory Anesthesiology; Malignant Hyperthermia Association of the United States; Ambulatory Surgery Foundation; Society for Academic Emergency Medicine; National Association of Emergency Medical Technicians. Special article: Creation of a guide for the transfer of care of the malignant hyperthermia patient from ambulatory surgery centers to receiving hospital facilities. Anesth Analg. 2012;114:94-100.
http://journals.lww.com/anesthesia-analgesia/Fulltext/2012/01000/Creation_of_a_Guide_for_the_Transfer_of_Care_of.12.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22052978?tool=bestpractice.com
[6]Larach MG, Gronert GA, Allen GC, et al. Clinical presentation, treatment, and complications of malignant hyperthermia in North America from 1987 to 2006. Anesth Analg. 2010 Feb 1;110(2):498-507.
http://journals.lww.com/anesthesia-analgesia/pages/articleviewer.aspx?year=2010&issue=02000&article=00039&type=Fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20081135?tool=bestpractice.com
Os hábitos e a idade do paciente também deverão ser considerados quando houver suspeita de HM aguda. Uma revisão em pacientes pediátricos revelou diferenças no que diz respeito às características clínicas de episódios de HM aguda entre coortes de idades diferentes na infância.[54]Nelson P, Litman RS. Malignant hyperthermia in children: an analysis of the North American malignant hyperthermia registry. Anesth Analg. 2014 Feb;118(2):369-74.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24299931?tool=bestpractice.com
Pacientes mais jovens tem maior probabilidade de apresentar maior grau de acidose láctica, enquanto crianças mais velhas podem apresentar temperatura e níveis de potássio mais altos.
A anestesia inalatória deve ser interrompida, e o fluxo de gás administrado deve ser aumentado acima da ventilação-minuto se houver suspeita de HM. Sangue venoso é obtido para medir os gases e eletrólitos séricos, especialmente potássio. De preferência, a colheita deve ser realizada pelo cateter venoso central se possível. Os achados sugestivos de MH incluem pCO₂ >7.33 kPa (>55 mmHg), pH <7.25, excesso de base mais negativo que -8 mEq/L, e potássio >6 mmol/L (6 mEq/L).[55]Larach MG, Localio AR, Allen GC, et al. A clinical grading scale to predict MH susceptibility. Anesthesiology. 1994 Apr;80(4):771-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8024130?tool=bestpractice.com
A hipercapnia, a taquicardia e a rigidez muscular podem regredir após a retirada do anestésico inalatório, é realizada uma tentativa terapêutica com dantroleno e o paciente é esfriado até 38ºC (100.4ºF); isso é uma evidência de apoio de que o paciente teve um episódio de HM. No entanto, o dantroleno também pode reduzir o metabolismo, a temperatura, a frequência cardíaca e a acidose em pacientes que não são suscetíveis à HM, então essa resposta não é diagnóstica por si só.
Raramente, a HM pode ser desencadeada sem exposição a anestésicos. Fatores desencadeantes incluem atividade física intensa, rabdomiólise induzida por exercício, doença febril ou episódios repetidos de doença relacionada ao calor.[8]Tobin JR, Jason DR, Challa VR, et al. Malignant hyperthermia and apparent heat stroke. JAMA. 2001 Jul 11;286(2):168-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11448278?tool=bestpractice.com
[10]Parness J. Hot on the trail of "I know it when I see it!". Anesth Analg. 2014 Feb;118(2):243-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24445622?tool=bestpractice.com
[11]Davis M, Brown R, Dickson A, et al. Malignant hyperthermia associated with exercise-induced rhabdomyolysis or congenital abnormalities and a novel RYR1 mutation in New Zealand and Australian pedigrees. Br J Anaesth. 2002 Apr;88(4):508-15.
http://bja.oxfordjournals.org/content/88/4/508.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12066726?tool=bestpractice.com
[13]Brown RL, Pollock AN, Couchman KG, et al. A novel ryanodine receptor mutation and genotype-phenotype correlation in a large malignant hyperthermia New Zealand Maori pedigree. Hum Mol Genet. 2000 Jun 12;9(10):1515-24.
http://hmg.oxfordjournals.org/content/9/10/1515.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10888602?tool=bestpractice.com
Os pacientes apresentam um episódio espontâneo de rigidez muscular intensa.[7]Rosenberg H, Pollock N, Schiemann A, et al. Malignant hyperthermia: a review. Orphanet J Rare Dis. 2015 Aug 4;10:93.
http://ojrd.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13023-015-0310-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26238698?tool=bestpractice.com
A HM deve ser considerada no diagnóstico diferencial de qualquer paciente com rigidez muscular associada a qualquer um desses fatores desencadeantes.[3]Sagui E, Montigon C, Abriat A, et al. Is there a link between exertional heat stroke and susceptibility to malignant hyperthermia? PLoS One. 2015 Aug 10;10(8):e0135496.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4530942
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26258863?tool=bestpractice.com
[12]Groom L, Muldoon SM, Tang ZZ, et al. Identical de novo mutation in the type 1 ryanodine receptor gene associated with fatal, stress-induced malignant hyperthermia in two unrelated families. Anesthesiology. 2011 Nov;115(5):938-45.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21918424?tool=bestpractice.com
Exame confirmatório
O teste genético ou teste de contratura muscular pode oferecer um diagnóstico definitivo (veja abaixo). Em ambientes em que a evidência clínica suporta de modo firme um diagnóstico de HM e um teste de contratura muscular é contraindicado (isto é, paciente pesa <20 kg), o teste genético pode preceder o teste de contratura muscular.[56]Hopkins PM, Rüffert H, Snoeck MM, et al. European Malignant Hyperthermia Group guidelines for investigation of malignant hyperthermia susceptibility. Br J Anaesth. 2015 Oct;115(4):531-9.
https://www.emhg.org/testing-for-mh-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26188342?tool=bestpractice.com
Nesses pacientes, uma mutação causadora de HM conhecida pode ser encontrada em loci RyR1 (gene do receptor de rianodina), CACNA1S ou STAC3 (uma proteína tubular T específica dos músculos esqueléticos envolvida na regulação de cálcio). Outras mutações estão sob investigação.
Exclusão de outros diagnósticos
Como a maioria dos sinais de HM são inespecíficos, é importante descartar outros diagnósticos. Se os resultados da ventilação e de exames de sangue de rotina estiverem normais, a complicação anestésica é improvavelmente decorrente da HM e outras causas deverão ser consideradas. Os diagnósticos mais importantes a serem descartados dependem das anormalidades observadas.
Se a hipercapnia estiver presente, considerar:
Alterações no rendimento do sistema ventilador (vazamentos, falhas nas válvulas)
Mudanças na complacência do sistema respiratório do paciente (vias aéreas superiores comprometidas, pulmões duros, diafragma elevado, retração na direção dos pulmões, rolha de muco)
Administração de medicamentos que aumentam o limiar apneico (narcóticos, sedativos, anestésicos)
Fornecimento de dióxido de carbono por insuflação
Metabolismo aumentado devido a outras afecções clínicas (sepse, medicamentos estimulantes, supressão de medicamentos, alergia, endocrinopatia).
Se houver febre, considerar:[57]Herlich A. Perioperative temperature elevation: not all hyperthermia is malignant hyperthermia. Paediatr Anaesth. 2013 Sep;23(9):842-50.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23890328?tool=bestpractice.com
Superaquecimento iatrogênico
Incapacidade de perder calor devido a roupas oclusivas, alta umidade e temperatura ou vasoconstrição
Doenças que aumentam o ponto de referência da termorregulação
Presença de ingestão recente de drogas ilícitas ou sintéticas, também conhecidas como "novas substâncias psicoativas". Elas podem alterar os níveis de neurotransmissores e resultar em hiperatividade, ocasionando temperaturas elevadas.[58]Smith JP, Sutcliffe OB, Banks CE. An overview of recent developments in the analytical detection of new psychoactive substances (NPSs). Analyst. 2015 Aug 7;140(15):4932-48.
http://pubs.rsc.org/en/content/articlehtml/2015/an/c5an00797f
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26031385?tool=bestpractice.com
Se houver evidência de lesão muscular (incluindo potássio elevado), considerar:
Afecções que produzem isquemia muscular
Possível história de doença muscular hereditária, como distrofinopatia
Medicamentos miopáticos concomitantes como inibidores da HMG-CoA redutase (isto é, estatinas)
Se houver evidência de que a rabdomiólise persiste, isto pode ser uma indicação de defeitos na enzima no músculo (considerar a deficiência de carnitina-palmitoil transferase [CPT] II e síndrome de McArdle, deficiência de miofosforilase).
Monitoramento de complicações
Rabdomiólise
Urinálise e mioglobina na urina: devem ser realizadas como um exame inicial em todos pacientes para detectar rabdomiólise. Se houver um achado positivo para sangue na tira reagente, a urina deverá ser enviada para análise microscópica e química para diferenciar entre eritrócitos, mioglobina e hemoglobina.
O débito urinário deve ser monitorado durante o episódio agudo. Uma diminuição no débito urinário acompanhada de mioglobinemia indica uma insuficiência renal iminente.
A creatina quinase deve ser mensurada no momento de um episódio de HM e depois diariamente até que esteja normal. Se a creatina quinase estiver extremamente elevada e houver sinais mínimos de metabolismo aumentado, miopatias estruturais como a distrofinopatia, ou defeitos enzimáticos como a deficiência de CPT, deverão ser considerados como possíveis causas.[36]Hirshey Dirksen SJ, Larach MG, Rosenberg H, et al. Future directions in malignant hyperthermia research and patient care. Anesth Analg. 2011 Nov;113(5):1108-19.
http://journals.lww.com/anesthesia-analgesia/Fulltext/2011/11000/Future_Directions_in_Malignant_Hyperthermia.28.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21709147?tool=bestpractice.com
Lesão renal aguda
Coagulopatia
Mensurações da função de coagulação como contagem plaquetária, tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial e fibrinogênio devem ser realizadas como um exame inicial em todos os pacientes com suspeita de ter um episódio de HM. As pessoas susceptíveis à HM podem ter um aumento do risco de sangramento sem exposição aos gatilhos farmacológicos da HM.[59]Lopez RJ, Byrne S, Vukcevic M, et al. An RYR1 mutation associated with malignant hyperthermia is also associated with bleeding abnormalities. Sci Signal. 2016 Jul 5;9(435):ra68.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27382027?tool=bestpractice.com
Considerar a tromboelastografia se possível.
A coagulopatia intravascular disseminada, que causa sangramento excessivo, pode ser uma característica complicadora com a evolução da HM.[1]Hopkins PM, Girard T, Dalay S, et al. Malignant hyperthermia 2020: guideline from the Association of Anaesthetists. Anaesthesia. 2021 May;76(5):655-64.
https://www.doi.org/10.1111/anae.15317
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33399225?tool=bestpractice.com
Identificação de pacientes com suscetibilidade a HM
A suscetibilidade à HM é uma condição subclínica, apesar de os pacientes poderem descrever desconforto com os exercícios no calor, e alguns se queixarem de cãibras musculares.[12]Groom L, Muldoon SM, Tang ZZ, et al. Identical de novo mutation in the type 1 ryanodine receptor gene associated with fatal, stress-induced malignant hyperthermia in two unrelated families. Anesthesiology. 2011 Nov;115(5):938-45.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21918424?tool=bestpractice.com
Os testes de suscetibilidade à HM por meio de teste de contratura muscular e/ou rastreamento genético fazem parte da manutenção básica da saúde para as famílias afetadas pela HM. Pode haver discordância entre os resultados do teste genético e os do teste de contratura muscular.[7]Rosenberg H, Pollock N, Schiemann A, et al. Malignant hyperthermia: a review. Orphanet J Rare Dis. 2015 Aug 4;10:93.
http://ojrd.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13023-015-0310-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26238698?tool=bestpractice.com
[60]Robinson RL, Anetseder MJ, Brancadoro V, et al. Recent advances in the diagnosis of malignant hyperthermia susceptibility: how confident can we be of genetic testing? Eur J Human Genet. 2003 Apr;11(4):342-8.
http://www.nature.com/ejhg/journal/v11/n4/pdf/5200964a.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12700608?tool=bestpractice.com
Deve-se confiar nos resultados do teste de contratura muscular para fins de diagnóstico. No entanto, quando uma variante genética causativa é identificada, deve-se aplicar um diagnóstico de suscetibilidade à hipertermia maligna, não sendo necessário o teste de contratura muscular adicional.[56]Hopkins PM, Rüffert H, Snoeck MM, et al. European Malignant Hyperthermia Group guidelines for investigation of malignant hyperthermia susceptibility. Br J Anaesth. 2015 Oct;115(4):531-9.
https://www.emhg.org/testing-for-mh-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26188342?tool=bestpractice.com
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Conduta diagnóstica para a investigação de suscetibilidade à HM. TCIV, teste de contratura in vitro; HM, hipertermia maligna; NHM (HM negativa ou normal), classificação aplicada quando todos os testes de contratura apresentam resultados negativos; MHShc, MHSh e MHSc, classificações aplicadas quando as respostas de contratura ao halotano e à cafeína são anormais, apenas a resposta ao halotano é anormal ou apenas a resposta à cafeína é anormal, respectivamente. *Pacientes que devem ser chamados a participar em estudos de pesquisa sobre a base genética da hipertermia malignaHopkins PM et al. Br J Anaesth. 2015 Oct;115(4):531-9. Usado com permissão [Citation ends].
Teste de contratura muscular
Deve ser realizado em todos os pacientes com suspeita de um episódio recente de HM. Esse é um teste in vitro que deve ser realizado no músculo fresco, obtido através de biópsias musculares. O paciente precisa ter se recuperado do episódio de HM para o teste ser válido. O paciente deve ir até o laboratório onde o teste muscular será realizado. A biópsia muscular e o teste de contratura devem ser realizados como qualquer cirurgia ambulatorial. A administração in vitro de halotano em bolus, ou o aumento incremental da exposição à cafeína na amostra de músculo fresco, produz respostas mecânicas características à estimulação em músculos suscetíveis à HM, que são diagnósticas.[61]Metterlein T, Schuster F, Kranke P, et al. In-vitro contracture testing for susceptibility to malignant hyperthermia: can halothane be replaced? Eur J Anaesthesiol. 2011 Apr;28(4):251-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20827211?tool=bestpractice.com
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Resposta mecânica do músculo normal e do músculo suscetível à hipertermia maligna (hipertermia maligna [HM]; positivo) à estimulação direta na presença de uma dose de halotano a 3%Do acervo da Dra. Sheila Muldoon [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Resposta mecânica do músculo normal e do músculo suscetível à hipertermia maligna (hipertermia maligna [HM]; positivo) à estimulação direta na presença da administração incremental de cafeínaDo acervo da Dra. Sheila Muldoon [Citation ends].
O teste de contratura a cafeína-halotano (TCCH) e o teste de contratura in vitro (TCIV) são os bioensaios padronizados utilizados.[62]Islander G, Twetman ER. Comparison between the European and North American protocols for diagnosis of malignant hyperthermia susceptibility in humans. Anesth Analg. 1999 May;88(5):1155-60.
http://journals.lww.com/anesthesia-analgesia/Fulltext/1999/05000/Comparison_Between_the_European_and_North_American.35.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10320187?tool=bestpractice.com
Esses testes são desenvolvidos para serem bem sensíveis e são os únicos testes que podem definitivamente descartar o diagnóstico de HM ou suscetibilidade à HM. A resposta característica é quantificada como um aumento no limiar de contratura. Os critérios de diagnóstico diferem dependendo de qual teste é usado:
TCCH: os pacientes com um limiar de contratura aumentado em resposta à cafeína ou halotano são considerados suscetíveis à HM.
TCIV: os pacientes com um aumento do limiar de contratura em resposta à cafeína e ao halotano, ou apenas a um desses agentes, são diagnosticados como sendo suscetíveis à HM.[56]Hopkins PM, Rüffert H, Snoeck MM, et al. European Malignant Hyperthermia Group guidelines for investigation of malignant hyperthermia susceptibility. Br J Anaesth. 2015 Oct;115(4):531-9.
https://www.emhg.org/testing-for-mh-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26188342?tool=bestpractice.com
Os valores preditivos positivo e negativo de ambos os testes de contratura dependem da probabilidade prévia de o paciente ser suscetível à HM, o que é estabelecido por meio de uma análise minuciosa da história médica e anestésica pessoal e familiar.[7]Rosenberg H, Pollock N, Schiemann A, et al. Malignant hyperthermia: a review. Orphanet J Rare Dis. 2015 Aug 4;10:93.
http://ojrd.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13023-015-0310-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26238698?tool=bestpractice.com
Esses testes necessitam de uma cirurgia pequena e devem ser realizados em um centro de diagnóstico de HM, os quais são numerosos ao redor do mundo.
The European Malignant Hyperthermia Group
Opens in new window
Malignant Hyperthermia Association of the United States
Opens in new window Esses testes não foram padronizados para a população pediátrica e como eles requerem um grande pedaço de músculo eles não são adequados em crianças <20 kg.
Teste genético
O papel do teste genético na HM é complexo, mas aumenta com rapidez.[63]Stowell KM. DNA testing for malignant hyperthermia: the reality and the dream. Anesth Analg. 2014 Feb;118(2):397-406.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24445638?tool=bestpractice.com
[64]Riazi S, Kraeva N, Hopkins PM. Malignant Hyperthermia in the Post-Genomics Era: New Perspectives on an Old Concept. Anesthesiology. 2018 Jan;128(1):168-180.
https://www.doi.org/10.1097/ALN.0000000000001878
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28902675?tool=bestpractice.com
Os indivíduos que foram diagnosticados suscetíveis à HM pelo teste de contratura muscular devem ser submetidos a testes genéticos. Se houver suspeita da HM como causa de um óbito, deverão ser realizados testes genéticos como parte dos exames post-mortem.[23]Gillies RL, Bjorksten AR, Du Sart D, et al. Analysis of the entire ryanodine receptor type 1 and alpha 1 subunit of the dihydropyridine receptor (CACNA1S) coding regions for variants associated with malignant hyperthermia in Australian families. Anaesth Intensive Care. 2015 Mar;43(2):157-66.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25735680?tool=bestpractice.com
[63]Stowell KM. DNA testing for malignant hyperthermia: the reality and the dream. Anesth Analg. 2014 Feb;118(2):397-406.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24445638?tool=bestpractice.com
Mutações do RyR1 foram encontradas em pessoas suscetíveis à HM na Europa, América do Norte e Japão. As mutações do RyR1 também foram encontradas em famílias onde ocorreram eventos e mortes por HM na América do Sul, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Coreia e China. Entretanto, as mutações do RyR1 representam apenas 60% a 70% dos casos de HM.[65]Lanner JT. Ryanodine receptor physiology and its role in disease. Adv Exp Med Biol. 2012;740:217-34.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22453944?tool=bestpractice.com
Mutações no gene CACNA1S podem influenciar a suscetibilidade à HM em algumas famílias, embora elas representem menos de 1% dos casos de MH.[7]Rosenberg H, Pollock N, Schiemann A, et al. Malignant hyperthermia: a review. Orphanet J Rare Dis. 2015 Aug 4;10:93.
http://ojrd.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13023-015-0310-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26238698?tool=bestpractice.com
[23]Gillies RL, Bjorksten AR, Du Sart D, et al. Analysis of the entire ryanodine receptor type 1 and alpha 1 subunit of the dihydropyridine receptor (CACNA1S) coding regions for variants associated with malignant hyperthermia in Australian families. Anaesth Intensive Care. 2015 Mar;43(2):157-66.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25735680?tool=bestpractice.com
[66]Robinson RL, Curran JL, Ellis FR, et al. Multiple interacting gene products may influence susceptibility to malignant hyperthermia. Ann Hum Genet. 2000 Jul;64(Pt 4):307-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11415515?tool=bestpractice.com
Heterozigotos compostos também foram identificados.[17]Monnier N, Krivosic-Horber R, Payen JF, et al. Presence of two different genetic traits in malignant hyperthermia families: implications for genetics analysis, diagnosis, and incidence of malignant hyperthermia susceptibility. Anesthesiology. 2002 Nov;97(5):1067-74.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12411788?tool=bestpractice.com
[18]Ibarra MCA, Wu S, Murayama K, et al. Malignant hyperthermia in Japan: mutation screening of the entire ryanodine receptor type 1 gene coding region by direct sequencing. Anesthesiology. 2006 Jun;104(6):1146-54.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16732084?tool=bestpractice.com
[19]Brandom BW, Bina S, Wong CA, et al. Ryanodine receptor type 1 gene variants in the malignant hyperthermia-susceptible population of the United States. Anesth Analg. 2013 May;116(5):1078-86.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3633164
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23558838?tool=bestpractice.com
Muitas famílias apresentam mutações novas no RyR1.[11]Davis M, Brown R, Dickson A, et al. Malignant hyperthermia associated with exercise-induced rhabdomyolysis or congenital abnormalities and a novel RYR1 mutation in New Zealand and Australian pedigrees. Br J Anaesth. 2002 Apr;88(4):508-15.
http://bja.oxfordjournals.org/content/88/4/508.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12066726?tool=bestpractice.com
[13]Brown RL, Pollock AN, Couchman KG, et al. A novel ryanodine receptor mutation and genotype-phenotype correlation in a large malignant hyperthermia New Zealand Maori pedigree. Hum Mol Genet. 2000 Jun 12;9(10):1515-24.
http://hmg.oxfordjournals.org/content/9/10/1515.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10888602?tool=bestpractice.com
[15]Chamley D, Pollock NA, Stowell KM, et al. Malignant hyperthermia in infancy and identification of novel RYR1 mutation. Br J Anaesth. 2000 Apr;84(4):500-4.
http://bja.oxfordjournals.org/content/84/4/500.full.pdf+html
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10823104?tool=bestpractice.com
[18]Ibarra MCA, Wu S, Murayama K, et al. Malignant hyperthermia in Japan: mutation screening of the entire ryanodine receptor type 1 gene coding region by direct sequencing. Anesthesiology. 2006 Jun;104(6):1146-54.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16732084?tool=bestpractice.com
[19]Brandom BW, Bina S, Wong CA, et al. Ryanodine receptor type 1 gene variants in the malignant hyperthermia-susceptible population of the United States. Anesth Analg. 2013 May;116(5):1078-86.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3633164
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23558838?tool=bestpractice.com
[24]Sambuughin N, Holley H, Muldoon S, et al. Screening of the entire ryanodine receptor type 1 coding region for sequence variants associated with malignant hyperthermia susceptibility in the North American population. Anesthesiology. 2005 Mar;102(3):515-21.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15731587?tool=bestpractice.com
[25]Levano S, Vukcevic M, Singer M, et al. Increasing the number of diagnostic mutations in malignant hyperthermia. Human Mutat. 2009 Apr;30(4):590-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19191329?tool=bestpractice.com
[67]Schiemann AH, Paul N, Parker R, et al. Functional characterization of 2 known ryanodine receptor mutations causing malignant hyperthermia. Anesth Analg. 2014 Feb;118(2):375-80.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24361844?tool=bestpractice.com
Suspeita-se que isso cause HM, mas não há confirmação biológica.[33]Brislin RP, Theroux MC. Core myopathies and malignant hyperthermia susceptibility: a review. Paediatr Anaesth.2013 Sep;23(9):834-41.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23617272?tool=bestpractice.com
[68]Kaufmann A, Kraft B, Michalek-Sauberer A, et al. Novel double and single ryanodine receptor 1 variants in two Austrian malignant hyperthermia families. Anesth Analg. 2012 May;114(5):1017-25.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22415532?tool=bestpractice.com
Dada a penetrância variável e a prevalência de indivíduos suscetíveis à hipertermia maligna (SHM), novas técnicas genéticas como o sequenciamento do exoma identificaram famílias não suspeitas como SHM.[20]Gonsalves SG, Ng D, Johnston JJ, et al; NISC Comparative Sequencing Program. Using exome data to identify malignant hyperthermia susceptibility mutations. Anesthesiology. 2013 Nov;119(5):1043-53.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4077354
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24195946?tool=bestpractice.com
[32]Klingler W, Heiderich S, Girard T, et al. Functional and genetic characterization of clinical malignant hyperthermia crises: a multi-centre study. Orphanet J Rare Dis. 2014 Jan 16;9:8.
http://www.ojrd.com/content/9/1/8
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24433488?tool=bestpractice.com
[63]Stowell KM. DNA testing for malignant hyperthermia: the reality and the dream. Anesth Analg. 2014 Feb;118(2):397-406.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24445638?tool=bestpractice.com
O aconselhamento genético é indicado em pacientes com mutações suspeitas de causar suscetibilidade à HM, incluindo aquelas de significado desconhecido.[10]Parness J. Hot on the trail of "I know it when I see it!". Anesth Analg. 2014 Feb;118(2):243-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24445622?tool=bestpractice.com
O teste genético é realizado em um centro especializado.[56]Hopkins PM, Rüffert H, Snoeck MM, et al. European Malignant Hyperthermia Group guidelines for investigation of malignant hyperthermia susceptibility. Br J Anaesth. 2015 Oct;115(4):531-9.
https://www.emhg.org/testing-for-mh-1
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26188342?tool=bestpractice.com
The European Malignant Hyperthermia Group
Opens in new window
Malignant Hyperthermia Association of the United States
Opens in new window
Rastreamento de parentes
Se um paciente é diagnosticado como suscetível à HM, os familiares consanguíneos devem ser rastreados assim que a avaliação do paciente estiver completa.[23]Gillies RL, Bjorksten AR, Du Sart D, et al. Analysis of the entire ryanodine receptor type 1 and alpha 1 subunit of the dihydropyridine receptor (CACNA1S) coding regions for variants associated with malignant hyperthermia in Australian families. Anaesth Intensive Care. 2015 Mar;43(2):157-66.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25735680?tool=bestpractice.com
Se o paciente apresentar uma mutação identificável, estudos genéticos em parentes podem focar em um éxon em particular.
Se a mesma mutação foi identificada em um parente, este indivíduo deve ser considerado suscetível à HM, e o teste de contratura muscular não é necessário. Se uma mutação não for identificada, o teste de contratura muscular será necessário para descartar definitivamente o diagnóstico.[69]Girard T, Treves S, Voronkov E, et al. Molecular genetic testing for malignant hyperthermia susceptibility. Anesthesiology. 2004 May;100(5):1076-80.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15114203?tool=bestpractice.com
Detecção de deficiências de enzimas musculares
A HM é comumente associada com um aumento na creatina quinase, e alguns pacientes com suscetibilidade à HM apresentarão elevações crônicas. Se um paciente apresenta uma elevação recorrente da creatina quinase >5 vezes o limite superior do normal, as deficiências enzimáticas musculares associadas à rabdomiólise devem ser investigadas.[36]Hirshey Dirksen SJ, Larach MG, Rosenberg H, et al. Future directions in malignant hyperthermia research and patient care. Anesth Analg. 2011 Nov;113(5):1108-19.
http://journals.lww.com/anesthesia-analgesia/Fulltext/2011/11000/Future_Directions_in_Malignant_Hyperthermia.28.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21709147?tool=bestpractice.com
[49]Landau ME, Kenney K, Deuster P, et al. Exertional rhabdomyolysis: a clinical review with a focus on genetic influences. J Clin Neuromuscul Dis. 2012 Mar;13(3):122-36.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22538307?tool=bestpractice.com
O perfil de intolerância ao exercício envolve testes específicos para essas deficiências, incluindo deficiência de carnitina-palmitoil transferase 2 (CPT2), deficiência de miofosforilase e deficiência de mioadenilato deaminase.