Abordagem

O tratamento é focado em fornecer alívio da dor e tratar quaisquer manifestações de hiper ou hipotireoidismo que possam estar presentes. Nem todos os pacientes requerem tratamento, pois os sintomas podem ser leves e/ou diminuir até o momento em que o diagnóstico é firmado.

Fase de hipertireoidismo (tireotóxica)

Durante essa fase, o tratamento é de suporte, pois os sintomas são causados pela liberação de hormônio tireoidiano pré-formado e, portanto, os medicamentos antitireoidianos que inibem a nova síntese de hormônio são inefetivos.

Podem usar-se anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e corticosteroides para tratar os sintomas do hipertireoidismo, mas eles não alteram a evolução clínica da doença.[34][35]

Para a dor, a maioria dos casos é tratada inicialmente com AINEs. A aspirina deve ser evitada, pois em doses altas ela faz com que o hormônio tireoidiano seja deslocado das proteínas plasmáticas, aumentando efetivamente o pool de hormônio tireoidiano bioativo ou livre. A dor na tireoide pode impedir a deglutição ou o sono dos pacientes. Nesses casos, doses moderadas de analgésicos opioides podem ser usadas antes das refeições e ao deitar. Os analgésicos são administrados até que a dor remita, o que pode levar várias semanas.

A dor intensa ou a dor sem resposta clínica a analgésicos pode ser tratada com corticosteroides.[34][35]​​ Se a dor não responder à corticoterapia em 1 a 2 dias, o diagnóstico deve ser reconsiderado. Corticosteroides em altas doses (por exemplo, 40 mg/dia de prednisolona) são geralmente necessários por várias semanas, seguidos por um esquema de retirada gradual de 4 a 6 semanas de acordo com a evolução clínica.[36] ​Alguns dados sugerem que uma dose mais baixa de prednisolona (por exemplo, 15 mg/dia) pode ser mais efetiva para o controle da dor.[37][38]​ Se os corticosteroides forem interrompidos muito precocemente, a dor retornará. Ocasionalmente, a dor recorre em algum momento após 6 semanas, e nessa situação os corticosteroides devem ser usados por um período adicional de 2 semanas antes de um novo esquema de retirada gradual.

Os sintomas de hipertireoidismo na maioria dos pacientes são leves e não requerem tratamento. No entanto, se os sintomas tireotóxicos como taquicardia, ansiedade e/ou tremor forem problemáticos, os pacientes podem se beneficiar do tratamento com um betabloqueador ou bloqueador dos canais de cálcio.[15]​ O betabloqueador é o medicamento de primeira escolha para a taquicardia sinusal. Os bloqueadores dos canais de cálcio podem ser usados quando os betabloqueadores forem contraindicados, como em pacientes com broncoespasmo e asma. Os betabloqueadores são o tratamento preferencial para a taquicardia, pois a ação é dirigida principalmente ao nó sinoatrial e menos ao nó atrioventricular, resultando em menos hipotensão.

Os pacientes com sintomas graves de tireotoxicose podem necessitar de um medicamento que iniba a conversão de T4 em T3. A justificativa dessa abordagem é que o T3 é 20 a 50 vezes mais bioativo que o T4. A conversão de T4 em T3 pode ser reduzida por um alto nível de iodo, geralmente obtido administrando-se uma solução saturada de iodeto de potássio ou ácido iopanoico junto com um corticosteroide em altas doses, como a prednisolona oral.[39]

Fase hipotireoidiana

O tratamento é de suporte nos casos leves (hormônio estimulante da tireoide [TSH] <10-15 mUI/L). Geralmente, os pacientes com esse grau de hipotireoidismo não requerem terapia com hormônio tireoidiano, a menos que uma paciente esteja ativamente tentando conceber ou já esteja grávida, dada a importância de níveis normais do hormônio tireoidiano para o feto.[40]Se o paciente for afetado adversamente pelo hipotireoidismo, ou se o hipotireoidismo for bioquimicamente moderado a grave e/ou acompanhado de uma fadiga que interfira com as atividades diárias, pode ser administrada uma dose baixa a moderada de levotiroxina por vários meses, e depois a dose é interrompida sem um esquema de retirada gradual. O TSH deve ser verificado a cada 4 a 6 semanas durante o tratamento com levotiroxina, e a dose deve ser ajustada para se manter um nível de TSH normal. A maioria dos pacientes (85% a 90%) retorna a uma função tireoidiana normal e não precisará do tratamento com levotiroxina em longo prazo. O tratamento deve ser retirado após 6 meses para se determinar se a função endógena foi normalizada. O nível de TSH deve ser verificado de 4 a 6 semanas após a interrupção. Se estiver normal, não é necessário tratamento adicional. Se estiver elevado, será necessário reinstituir a levotiroxina para hipotireoidismo permanente.[1][2][34]

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