Complicações
Cabeça pequena sugerindo microcefalia reflete o crescimento inadequado do cérebro.
O aumento do perímetro cefálico é indicativo de hidrocefalia, necessitando de derivação ventriculoperitoneal (VP).
A baixa acuidade visual pode se manifestar em até 75% dos pacientes com PC. Comum com história de nascimento prematuro. Pacientes com tetraplegia espástica apresentam taxas mais altas de comprometimento visual.
Cerca de 50% das pessoas com PC têm deficiência intelectual (QI abaixo de 70).[56]
A salivação excessiva (sialorreia) é um problema comum, afetando cerca de metade das pessoas com PC.[236] Pode ser tratada com medicamentos por via oral (glicopirrolato ou triexifenidil), adesivos de escopolamina, injeção de toxina botulínica nas glândulas salivares ou procedimentos cirúrgicos.[237][238][239][240][241][242][243][244]
A deficiência auditiva ocorre em cerca de 10% das pessoas com PC e é mais comumente associada à PC discinética ou atáxica do que à espástica. É necessária uma avaliação auditiva regular contínua.[56]
A possibilidade de mielopatia cervical deve ser considerada em pacientes com diminuição lenta e insidiosa da função, na ausência de trauma ou de outro evento antecedente claro. A perda da deambulação, da função dos membros superiores e do controle intestinal e vesical não faz parte da história natural da PC.
As radiografias e a ressonância nuclear magnética (RNM) cervical podem confirmar a mielopatia cervical. É mais comumente observada em pacientes com discinesia, mas foi relatada em pacientes com espasticidade.[247][248]
Problemas gastrointestinais e alimentares são observados em 50% dos pacientes.
Pacientes com tetraplegia espástica apresentam taxas mais altas de comprometimento motor-oral.
O paciente apresenta sucção, deglutição ou mastigação inadequadas. Um plano individualizado deve abordar fatores como postura, texturas dos alimentos, equipamento especializado, técnica de alimentação e o ambiente da hora das refeições.[56]
Se a ingestão oral for insuficiente para fornecer nutrição adequada após avaliação e intervenções nutricionais, a inserção de gastrostomia percutânea pode ser considerada. Uma revisão das intervenções sobre alimentação e nutrição em pacientes com PC concluiu que crianças alimentadas por gastrostomia ganharam peso, mas os efeitos sobre outras medidas de crescimento e desenvolvimento foram menos claros.[222] Números substanciais de crianças permaneceram abaixo do peso, apesar de não existirem padrões de referência normais para crianças com paralisia cerebral (PC).
Métodos especiais podem ter que ser usados na avaliação nutricional de pacientes com PC se a altura e o peso não puderem ser medidos facilmente.[56][229]
Os problemas comportamentais são 5 vezes mais frequentes em crianças com PC. Eles são tratados com abordagens psicológicas, como aconselhamento dos pais e intervenções mais diretas com as próprias crianças.[230]
Frequentemente observada devido ao controle motor oral e faríngeo inadequado, secundário à espasticidade, fraqueza ou discinesia. Pacientes com tetraplegia espástica apresentam taxas mais altas de comprometimento motor-oral.
A criança deve ser avaliada em relação a dificuldades de deglutição durante a alimentação (incluindo qualquer sufocamento, tosse, engasgo ou vômito) e para outros fatores de risco.[223] A aspiração pode ser silenciosa e sem sintomas.
Os pacientes com suspeita de aspiração devem ser submetidos a estudos de deglutição. O acompanhamento requer o monitoramento para pneumonia, asma ou infecções crônicas do trato respiratório inferior.[231]
O baixo crescimento é comum em crianças com PC, especialmente naquelas com comprometimento quadriplégico. Todas as crianças devem ter a altura, o peso e o perímetro cefálico medidos em série, de acordo com gráficos de crescimento específicos para a idade e sexo. As necessidades nutricionais devem ser abordadas.[232]
Observado em até 40% dos pacientes com PC; mais comum na discinética do que na PC espástica. Os pacientes necessitam de tratamento com medicamentos anticonvulsivantes. O eletroencefalograma (EEG) é realizado para avaliar pacientes com epilepsia.[71]
Até 60% das crianças e jovens com PC têm constipação crônica.[56]
Problemas de sono são comuns em pacientes com PC, mas raramente são estudados nesta população. A higiene do sono deve ser otimizada. Há alguma evidência de que a melatonina possa ser benéfica na melhoria dos padrões de sono.[234] O encaminhamento para serviços especializados em sono deve ser considerado se houver perturbação do sono em andamento.[56]
Observada em 25% dos pacientes.
A DRGE está associada a anemia, desnutrição e infecções recorrentes do trato respiratório superior e baixo peso.[233] Os estudos de deglutição gastrointestinal são indicados em pacientes com suspeita de DRGE.
Pacientes com PC têm uma prevalência aumentada de problemas de saúde mental, psicológicos e emocionais (incluindo depressão, ansiedade e distúrbios de conduta) que podem ter um impacto substancial na qualidade de vida. Avaliação psicológica especializada e manejo contínuo podem ser necessários.[56][106]
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