Avaliação da perda auditiva

A perda auditiva é uma das deficiências sensoriais mais comuns. Estima-se que 1.57 bilhão de pessoas no mundo todo tinham perda auditiva em 2019.[1]GBD 2019 Hearing Loss Collaborators. Hearing loss prevalence and years lived with disability, 1990-2019: findings from the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet. 2021 Mar 13;397(10278):996-1009. https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(21)00516-X/fulltext http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33714390?tool=bestpractice.com

A perda auditiva afeta indivíduos de todas as idades e pode ser permanente se não tratada corretamente. O diagnóstico adequado consiste na compreensão abrangente da anatomia e da fisiologia da orelha.

Anatomia

A orelha humana se divide em 3 partes: orelha externa, orelha média e orelha interna.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Anatomia da orelhaCriado pelo BMJ Knowledge Centre [Citation ends].

• A orelha externa compreende o pavilhão auricular (ou pina), o meato acústico externo e a membrana timpânica (ou tímpano). A membrana timpânica divide a orelha externa e a orelha média.

• Assim como a orelha externa, a orelha média é preenchida por ar em seu estado normal. Conectado ao martelo (malleus) está a bigorna (incus), que, por sua vez, é conectada ao estribo (stapes). Na parede medial da orelha média está o promontório, que demarca a orelha interna e, especificamente, o giro basal da cóclea. O estribo se localiza em uma área chamada janela do vestíbulo. A janela da cóclea é inferior à janela do vestíbulo. Essas janelas levam à orelha interna.

• A orelha interna é preenchida de fluido e contém os órgãos auditivos (cóclea) e os órgãos de equilíbrio (canais semicirculares, utrículo e sáculo). O nervo vestibulococlear conecta os órgãos-alvo às vias auditivas e vestibulares.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Imagem de uma orelha esquerda normalDo acervo de Dr. Richard Buckingham [Citation ends].

Fisiologia

As ondas sonoras exigem um meio, como o ar ou a água. A compressão em uma onda sonora é canalizada através do meato acústico externo para a membrana timpânica. As vibrações da membrana timpânica são, então, transmitidas pela cadeia ossicular através da janela oval para a cóclea. As vibrações da cóclea causam uma onda fluida, que estimula as células ciliadas dentro da cóclea. Isso gera um impulso elétrico, que é transmitido pelo nervo coclear para o cérebro, onde é interpretado.

Qualquer coisa que interfira no movimento do som a partir da orelha externa até a orelha média e para a orelha interna, e depois para o cérebro, pode causar perda auditiva. A orelha externa e a orelha média poderão parecer normais ao exame se a causa estiver na orelha interna ou no cérebro.

Classificação da perda auditiva

Geralmente, a perda auditiva é classificada como condutiva ou neurossensorial.

• Perda auditiva condutiva: causada por uma patologia da orelha externa, da membrana timpânica ou da orelha média que interrompe a transmissão do som para a orelha interna. Muitas causas podem ser tratadas com êxito por meio de cirurgia.

• Perda auditiva neurossensorial: causada por uma função anormal da cóclea, do nervo auditivo ou das vias de processamento auditivo mais altas.[2]Chandrasekhar SS, Tsai Do BS, Schwartz SR, et al. Clinical Practice Guideline: Sudden Hearing Loss (Update). Otolaryngol Head Neck Surg. 2019 Aug;161(1_suppl):S1-S45. https://www.doi.org/10.1177/0194599819859885 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31369359?tool=bestpractice.com Muitas perdas auditivas neurossensoriais são permanentes, porque a orelha interna e as células ciliadas humanas têm uma capacidade apenas limitada de se repararem.[3]Nacher-Soler G, Garrido JM, Rodríguez-Serrano F. Hearing regeneration and regenerative medicine: present and future approaches. Arch Med Sci. 2019 Jul;15(4):957-967. https://www.doi.org/10.5114/aoms.2019.86062 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31360190?tool=bestpractice.com