A maioria dos pacientes com linfedema (aproximadamente 90%) pode ser diagnosticada pela história e exame físico.[1]Lurie F, Malgor RD, Carman T, et al. The American Venous Forum, American Vein and Lymphatic Society and the Society for Vascular Medicine expert opinion consensus on lymphedema diagnosis and treatment. Phlebology. 2022 May;37(4):252-66.
https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/02683555211053532
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35258350?tool=bestpractice.com
[18]Slavin SA, Greene AK, Borud LJ. Lymphedema. In: Weinzweig J, ed. Plastic surgery secrets plus. 2nd ed. Philadelphia, PA: Mosby; 2009. Diagnóstico por imagem é principalmente de suporte. Exames laboratoriais são inespecíficos para linfedema e devem ser realizados apenas para descartar outras doenças ou confirmar suspeitas de filariose subjacente.
História
O paciente geralmente apresenta edema unilateral e indolor do membro. O linfedema afeta os membros inferiores em 90% dos casos, os membros superiores em 10% e a genitália em <1%.[18]Slavin SA, Greene AK, Borud LJ. Lymphedema. In: Weinzweig J, ed. Plastic surgery secrets plus. 2nd ed. Philadelphia, PA: Mosby; 2009. Peso ou fraqueza do membro afetado são queixas comuns.
O médico deve obter informações sobre o início dos sintomas, que normalmente é insidioso.[10]Manrique OJ, Bustos SS, Ciudad P, et al. Overview of lymphedema for physicians and other clinicians: a review of fundamental concepts. Mayo Clin Proc. 2020 Aug 20:S0025-6196(20)30033-1.
https://www.mayoclinicproceedings.org/article/S0025-6196(20)30033-1/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32829905?tool=bestpractice.com
História de edema intermitente é inconsistente com linfedema; o linfedema é uma doença progressiva associada a edema que migra em direção proximal depois do início do membro distal. Normalmente, o edema se torna clinicamente evidente 1 a 2 anos após lesões linfáticas, embora a experiência clínica sugira que, menos comumente, o linfedema pode se desenvolver até os 50 anos de idade, após o tratamento inicial para o câncer.[12]Rockson SG, Keeley V, Kilbreath S, et al. Cancer-associated secondary lymphoedema. Nat Rev Dis Primers. 2019 Mar 28;5(1):22.
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[18]Slavin SA, Greene AK, Borud LJ. Lymphedema. In: Weinzweig J, ed. Plastic surgery secrets plus. 2nd ed. Philadelphia, PA: Mosby; 2009. Nos estágios iniciais do linfedema, observa-se reversão do edema com elevação do membro (por exemplo, à noite); o edema que não reverte ao longo da noite pode significar que o supercrescimento do tecido conjuntivo começou, potencialmente devido à progressão para um linfedema mais avançado.[7]Douglass J, Kelly-Hope L. Comparison of staging systems to assess lymphedema caused by cancer therapies, lymphatic filariasis, and podoconiosis. Lymphat Res Biol. 2019 Oct;17(5):550-6.
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A história cirúrgica pregressa deve ser discutida, com enfoque especial à malignidade prévia (especialmente do câncer de mama), ressecção de linfonodos e radioterapia. Considere a história medicamentosa completa, particularmente medicamentos recém-iniciados ou aumento da dose, pois alguns medicamentos podem contribuir para o inchaço.[10]Manrique OJ, Bustos SS, Ciudad P, et al. Overview of lymphedema for physicians and other clinicians: a review of fundamental concepts. Mayo Clin Proc. 2020 Aug 20:S0025-6196(20)30033-1.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32829905?tool=bestpractice.com
O histórico de viagens recentes a áreas onde a filariose é endêmica (principalmente na África ou na Ásia) deve ser obtido. História de traumatismo penetrante na virilha ou axila deve ser excluída. Para aqueles com suspeita de linfedema primário, é necessária uma revisão completa de sistemas, avaliando os sinais e sintomas em outros órgãos e/ou evidências de comprometimento sindrômico.[2]Brouillard P, Witte MH, Erickson RP, et al. Primary lymphoedema. Nat Rev Dis Primers. 2021 Oct 21;7(1):77.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34675250?tool=bestpractice.com
Além disso, qualquer história familiar de linfedema deve ser discutida.
Exame físico
No exame físico, edema e envolvimento do membro distal são típicos. Nos estágios inicial e não tratado da doença, o edema geralmente é depressível, como resultado do acúmulo de fluido linfático. Edema não depressível (por causa de deposição adiposa e fibrose) é um achado específico mas não sensível no linfedema avançado.[18]Slavin SA, Greene AK, Borud LJ. Lymphedema. In: Weinzweig J, ed. Plastic surgery secrets plus. 2nd ed. Philadelphia, PA: Mosby; 2009.
As mãos e os pés quase sempre são envolvidos; o edema da mão ou do pé pode ocorrer sozinho ou juntamente com envolvimento do braço ou da perna. Um sinal de Stemmer positivo (incapacidade de beliscar entre os dedos polegar e indicador a pele no dorso do segundo pododáctilo) é útil para demonstrar envolvimento distal.[52]Stemmer R. A clinical symptom for the early and differential diagnosis of lymphedema [in German]. Vasa. 1976;5(3):261-2.
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Um sinal de Stemmer negativo não descarta linfedema. Embora esse sinal tenha sido descrito para os pododáctilos, o observador treinado pode demonstrar esse fenômeno em qualquer outra parte do corpo.
O membro afetado normalmente não é sensível à palpação, mostra mudanças mínimas de pigmentação, raramente sofre ulceração e pode apresentar mudanças verrucosas na pele; hiperceratose (pele espessa), papilomatose (pele áspera) e induração ocorrem com a doença avançada.[18]Slavin SA, Greene AK, Borud LJ. Lymphedema. In: Weinzweig J, ed. Plastic surgery secrets plus. 2nd ed. Philadelphia, PA: Mosby; 2009.[31]Keast DH, Despatis M, Allen JO, et al. Chronic oedema/lymphoedema: under-recognised and under-treated. Int Wound J. 2015 Jun;12(3):328-33.
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No linfedema grave, a pele pode romper-se, com consequente exsudação de fluido linfático (linforreia). Isso afeta a cicatrização da ferida e, portanto, aumenta o risco de infecção e de ulceração.
A opinião de especialistas sugere que pacientes com linfedema devem ter uma quantificação objetiva do edema, tanto na linha basal quando em intervalos regulares de acompanhamento, para monitorar a progressão da doença e a eficácia do tratamento ao longo do tempo.[1]Lurie F, Malgor RD, Carman T, et al. The American Venous Forum, American Vein and Lymphatic Society and the Society for Vascular Medicine expert opinion consensus on lymphedema diagnosis and treatment. Phlebology. 2022 May;37(4):252-66.
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O teste de depressão da AFTD pode ser usado e é recomendado pelo International Lymphoedema Framework como um sinal físico para identificar e categorizar o linfedema; ele inclui quatro fatores: localização anatômica do edema, força necessária para causar depressão, quantidade de tempo e definição de edema.[1]Lurie F, Malgor RD, Carman T, et al. The American Venous Forum, American Vein and Lymphatic Society and the Society for Vascular Medicine expert opinion consensus on lymphedema diagnosis and treatment. Phlebology. 2022 May;37(4):252-66.
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[53]Moffatt C, Franks P, Keeley V, et al. The development and validation of the LIMPRINT methodology. Lymphat Res Biol. 2019 Apr;17(2):127-34.
https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/lrb.2018.0081
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A medida do volume do membro pode ser útil para documentar a progressão da doença bem como a resposta ao tratamento. A medição da circunferência usando uma fita métrica é comumente realizada, mas tem confiabilidade intra e interavaliador marginal; se a medição for realizada em um músculo, uma contabilização da dominância do membro deve ser incluída na interpretação dos resultados.[7]Douglass J, Kelly-Hope L. Comparison of staging systems to assess lymphedema caused by cancer therapies, lymphatic filariasis, and podoconiosis. Lymphat Res Biol. 2019 Oct;17(5):550-6.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6797069
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30789319?tool=bestpractice.com
O deslocamento de água é a técnica mais precisa, mas também a mais difícil de realizar.[54]Brorson H, Svensson H. Liposuction combined with controlled compression therapy reduces arm lymphedema more effectively than controlled compression therapy alone. Plast Reconstr Surg. 1998 Sep;102(4):1058-67.
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Outras opções incluem a perimetria (que usa luz infravermelha) ou a espectroscopia de bioimpedância (que usa corrente elétrica).[10]Manrique OJ, Bustos SS, Ciudad P, et al. Overview of lymphedema for physicians and other clinicians: a review of fundamental concepts. Mayo Clin Proc. 2020 Aug 20:S0025-6196(20)30033-1.
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[55]Buendia R, Essex T, Kilbreath SL, et al. Estimation of arm adipose tissue quotient using segmental bioimpedance spectroscopy. Lymphat Res Biol. 2018 Aug;16(4):377-84.
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[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Linfedema primário do membro inferior direitoDo acervo de Dr. Arin K. Greene [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Linfedema secundário: linfedema do membro inferior esquerdo após radioterapia e linfadenectomia para linfoma de HodgkinDo acervo de Dr. Arin K. Greene [Citation ends].
Investigações
Quando história e exame físico não são conclusivos, exames de imagem podem facilitar o diagnóstico, e também podem ajudar no planejamento do tratamento e no monitoramento da progressão da doença. A linfocintilografia, que tem sido usada há >50 anos, visualiza um marcador radiomarcado enquanto ele se move pelo sistema linfático.[2]Brouillard P, Witte MH, Erickson RP, et al. Primary lymphoedema. Nat Rev Dis Primers. 2021 Oct 21;7(1):77.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34675250?tool=bestpractice.com
[47]Executive Committee of the International Society of Lymphology. The diagnosis and treatment of peripheral lymphedema: 2020 consensus document of the International Society of Lymphology. Lymphology. 2020;53(1):3-19.
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A linfocintilografia tem sensibilidade de 96% e especificidade de 100% para a doença.[56]Hassanein AH, Maclellan RA, Grant FD, et al. Diagnostic accuracy of lymphoscintigraphy for lymphedema and analysis of false-negative tests. Plast Reconstr Surg Glob Open. 2017 Jul 12;5(7):e1396.
https://journals.lww.com/prsgo/fulltext/2017/07000/Diagnostic_Accuracy_of_Lymphoscintigraphy_for.16.aspx
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A linfocintilografia envolve a injeção de contraste radiopaco nos canais linfáticos e e fornece uma análise quantitativa do fluxo de linfa; no entanto, raramente é usada devido a sua morbidade associada.[18]Slavin SA, Greene AK, Borud LJ. Lymphedema. In: Weinzweig J, ed. Plastic surgery secrets plus. 2nd ed. Philadelphia, PA: Mosby; 2009. No entanto, ela pode ser útil na determinação do local de obstrução anatômica específica para planejamento pré-operatório de um procedimento de bypass.[18]Slavin SA, Greene AK, Borud LJ. Lymphedema. In: Weinzweig J, ed. Plastic surgery secrets plus. 2nd ed. Philadelphia, PA: Mosby; 2009.
As técnicas de ressonância nuclear magnética (RNM) que envolvem linfografia por RM (LRM) e angiografia por RM (ARM), com e sem contraste (periférico ou intranodal) são cada vez mais usadas em centros do mundo todo e fornecem imagens de alta resolução sem radiação ionizante.[47]Executive Committee of the International Society of Lymphology. The diagnosis and treatment of peripheral lymphedema: 2020 consensus document of the International Society of Lymphology. Lymphology. 2020;53(1):3-19.
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[57]Notohamiprodjo M, Weiss M, Baumeister RG, et al. MR lymphangiography at 3.0 T: correlation with lymphoscintigraphy. Radiology. 2012 Jul;264(1):78-87.
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[58]Pieper CC, Feisst A, Schild HH. Contrast-enhanced interstitial transpedal MR lymphangiography for thoracic chylous effusions. Radiology. 2020 May;295(2):458-66.
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A tomografia computadorizada (TC) também pode ser usada, embora exponha o paciente à radiação ionizante e tenha demonstrado níveis mais baixos de precisão diagnóstica e prognóstica.[59]Kim SY, Bae H, Ji HM. Computed tomography as an objective measurement tool for secondary lymphedema treated with extracorporeal shock wave therapy. Ann Rehabil Med. 2015 Jun;39(3):488-93.
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A linfocintilografia combinada com TC por emissão de fóton único (LAS-SPECT-CT) pode produzir imagens de mais alta resolução e melhorar a localização espacial.[47]Executive Committee of the International Society of Lymphology. The diagnosis and treatment of peripheral lymphedema: 2020 consensus document of the International Society of Lymphology. Lymphology. 2020;53(1):3-19.
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Se a história levantar suspeita de filariose, são indicados esfregaços sanguíneos para detecção de microfilárias. Um teste genético pode ser solicitado em centros especializados para pacientes com linfedema primário.[47]Executive Committee of the International Society of Lymphology. The diagnosis and treatment of peripheral lymphedema: 2020 consensus document of the International Society of Lymphology. Lymphology. 2020;53(1):3-19.
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[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Linfocintilografia mostrando refluxo dérmico e captação ausente de coloide radiomarcado em linfonodos do membro inferior esquerdo consistentes com linfedemaDo acervo de Dr. Arin K. Greene [Citation ends].
Normalmente, técnicas de sequenciamento de próxima geração são usadas para rastrear DNA derivado de sangue usando painéis genéticos. O sequenciamento completo do exoma é outra opção cada vez mais usada.[2]Brouillard P, Witte MH, Erickson RP, et al. Primary lymphoedema. Nat Rev Dis Primers. 2021 Oct 21;7(1):77.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34675250?tool=bestpractice.com