Novos tratamentos

Novos compostos antivirais

Vários compostos antivirais estão em estágio de desenvolvimento clínico. Eles incluem as terapias que bloqueiam a proteína de fusão do vírus sincicial respiratório (VSR) (por exemplo, ziresovir). Um ensaio clínico randomizado e controlado duplo-cego mostrou uma redução nos sinais e sintomas de infecção por VSR em lactentes hospitalizados quando tratados com ziresovir.[110]

Surfactante

Deficiência de surfactante tem sido relatada em lactentes com bronquiolite, talvez como uma consequência da inflamação das vias aéreas e da necrose celular. Pequenos ensaios clínicos randomizados e controlados de terapia com surfactante em lactentes com bronquiolite que requerem ventilação mecânica mostraram melhoras na mecânica respiratória, mas nenhum efeito sobre a duração da ventilação.[111][112] São necessários estudos adicionais sobre o uso da terapia com surfactante na bronquiolite antes que seu tratamento possa ser recomendado.[113][114]

Hélio e oxigênio

Misturas de hélio e oxigênio (heliox) reduzem a resistência nas vias aéreas de grande e médio calibre, onde o fluxo é turbulento e dependente de densidade. Elas também podem ajudar a converter áreas de fluxo turbulento para laminares. Estudos que envolvem tamanhos de amostras pequenos demonstraram escores clínicos melhorados com a terapia heliox em crianças com bronquiolite.[115][116][117] Um amplo estudo demonstrou uma redução na duração da terapia, além de melhora no escore clínico.[118] No entanto, a redução na duração da terapia foi observada apenas quando se administrou heliox por meio de uma máscara facial bem-ajustada ou pressão positiva contínua nas vias aéreas (a cânula nasal foi ineficaz).[118] Por outro lado, em uma metanálise, não foi observada nenhuma redução na taxa de intubação, internações ou duração da internação.[116] Devido à necessidade da concentração de hélio ser de pelo menos 50% para que os efeitos dependentes de densidade de hélio-oxigênio sejam clinicamente significativos, essa terapia não pode ser utilizada em lactentes gravemente hipoxêmicos.[44] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Montelucaste

Apesar de o montelucaste não ter sido efetivo no tratamento de infecções agudas pelo VSR, alguns ensaios clínicos sugeriram um papel importante desse agente na diminuição da sibilância pós-bronquiolítica.[119] Os dados permanecem controversos e são necessários mais ensaios.[5][120][121][122][123][124][125] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Imunoglobulina

Embora a imunoglobulina tenha sido usada para prevenir episódios de bronquiolite grave causada pelo VSR, ela não está licenciada para uso como tratamento para lactentes hospitalizados com bronquiolite. Uma metanálise de 8 estudos da imunoglobulina envolvendo 906 lactentes e crianças com idade <3 anos, hospitalizados com bronquiolite por VSR, não encontrou nenhuma diferença na mortalidade entre aqueles que receberam e não receberam imunoglobulina, mas devido à baixa taxa de eventos os autores não puderam comentar sobre o efeito da terapia sobre a mortalidade com qualquer certeza.[126]​ Também não houve diferenças na duração da hospitalização, necessidade ou duração de ventilação mecânica ou oxigênio suplementar, necessidade de tratamento intensivo ou nos eventos adversos entre aqueles que receberam e não receberam imunoglobulina. Diferentes formulações de imunoglobulinas foram usadas nos estudos, incluindo a imunoglobulina anti-VSR. Os autores da metanálise observaram que todos os estudos foram conduzidos em países de alta renda, onde a mortalidade por bronquiolite é baixa.

Cafeína

A cafeína para apneia na bronquiolite foi estudada em uma população jovem de lactentes e, embora seja segura, não comprovou alterar os desfechos. Um ensaio clínico randomizado e controlado duplo-cego da cafeína intravenosa em dose única não demonstrou redução nos episódios de apneia em comparação ao placebo.[127]

Vitamina D

O metabólito ativo da vitamina D (calcitriol) desempenha um papel tanto na imunidade inata como na adaptativa. Sua função imunomoduladora foi avaliada em termos de melhora da incidência e da gravidade de infecções bacterianas e virais, bem como do tratamento de exacerbações da asma grave.[128][129] Estudos que avaliaram os níveis de vitamina D em lactentes e crianças com bronquiolite aguda relataram resultados conflitantes, mas a maioria demonstrou correlação entre níveis mais baixos de vitamina D e doença mais grave.[130] A suplementação de vitamina D em lactentes com bronquiolite foi associada a um período mais curto até a resolução da doença, retorno mais rápido para a alimentação oral e menor duração da hospitalização, em comparação com placebo.[131]

Sulfato de zinco

A administração de sulfato de zinco a 50 lactentes com bronquiolite aguda na enfermaria reduziu a duração da hospitalização, embora o tempo de permanência no hospital para ambos os grupos-controle e tratamento- foi maior que na maioria dos demais estudos.[132]

Inalação de óxido nítrico (iNO)

Em análises post-hoc de um estudo desenvolvido para avaliar a segurança e a tolerabilidade da inalação de óxido nítrico em 21 lactentes com bronquiolite, os lactentes que ficaram hospitalizados por mais de 24 horas e que receberam inalação de óxido nítrico tiveram um tempo de permanência no hospital menor que aqueles que não receberam inalação de óxido nítrico. Não houve diferença entre os dois grupos em relação à duração da hospitalização para aqueles que receberam alta em menos de 24 horas.[133] Um pequeno ensaio clínico randomizado subsequente com altas doses intermitentes de óxido nítrico em lactentes hospitalizados com bronquiolite relatou uma tendência de melhora na eficácia clínica, em comparação com a terapia padrão; são necessárias pesquisas adicionais.[134]​ Uma metanálise desses e de um estudo adicional não mostrou nenhuma diferença significativa na duração da internação entre os grupos que receberam e não receberam iNO; no entanto, o número total de indivíduos (n=166) foi pequeno e, portanto, as diferenças podem ter passado despercebidas. Houve eventos adversos mais frequentes associados ao tratamento no grupo do iNO, incluindo dessaturação transitória da oxi-hemoglobina e inquietude.[135]

Azitromicina

Nenhum estudo deu suporte ao uso rotineiro de antibióticos macrolídeos em crianças com bronquiolite para reduzir a hospitalização, a duração do uso de oxigênio suplementar ou o tempo de internação hospitalar.[96] Uma metanálise de 7 estudos de 2024 forneceu evidências de baixa certeza de que a azitromicina não evitou a necessidade de cuidados em unidade de terapia intensiva ou os episódios de sibilância recorrente, mas houve evidências de qualidade moderada de que o uso da azitromicina encurtou a duração da hospitalização, embora em apenas -0.27 dia.[136]

Medicina tradicional chinesa

Em um ensaio clínico randomizado duplo cego com lactentes hospitalizados com bronquiolite aguda (3-24 meses de idade, n=133), a Laggera pterodonta, uma medicina tradicional chinesa, resultou em uma proporção maior de crianças que cumprem critério de alta após 96 e 120 horas, comparado ao grupo de controle.[137] Uma metanálise de 46 estudos de 2022 mostrou que a integração da medicina tradicional chinesa com a medicina ocidental foi mais eficaz que a medicina ocidental isolada no tratamento de lactentes com bronquiolite.[138]​ Da mesma forma, a duração da hospitalização foi menor, a taxa de recorrência de bronquiolite foi menor e não houve diferença nos eventos adversos quando a medicina tradicional chinesa foi combinada com a medicina ocidental. Os autores observaram que estudos adicionais são necessários para estabelecer protocolos específicos para o uso da medicina tradicional chinesa na prática clínica.

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