Etiologia

A febre em paciente neutropênico pode ser causada por uma infecção bacteriana, viral ou fúngica. Infecções na corrente sanguínea são a causa mais importante e mais comum de febre em pacientes com neutropenia febril.[14] No entanto, um patógeno é identificado apenas em aproximadamente um terço dos pacientes. A flora endógena do hospedeiro normalmente é a fonte primária de patógenos causadores.

Os dados indicam que, em muitas instituições, organismos Gram-negativos são isolados pelo menos com a mesma frequência, se não mais, que organismos Gram-positivos, provavelmente devido à crescente resistência a antibióticos.[15][16] Os organismos Gram-negativos mais comuns neste cenário são Escherichia coli, espécies de Klebsiella e Pseudomonas aeruginosa. Os organismos Gram-positivos mais comuns são estafilococos coagulase-negativos, Staphylococcus aureus, estreptococos do grupo Viridans e espécies de Enterococcus. Os anaeróbios são encontrados em <5% dos casos, mas com o advento de técnicas moleculares avançadas para identificação microbiana, se espera que haverá um aumento no relato de infecções por anaeróbios na corrente sanguínea microbiologicamente definidas.

Fungos (predominantemente espécies de Candida e Aspergillus) são encontrados em 2% a 10% dos pacientes em risco, particularmente naqueles com uso concomitante de corticosteroides, idosos e com neoplasia hematológica recidivada ou refratária.[1][17] É importante observar que o uso de profilaxia antifúngica durante o período neutropênico em determinadas populações de alto risco teve um impacto significativo na redução do risco de infecção fúngica.[18]

Fisiopatologia

Os pacientes que recebem quimioterapia citotóxica podem desenvolver neutropenia como efeito adverso do tratamento, o que predispõe à infecção.[19] A mielossupressão induzida por quimioterapia costuma ser o principal mecanismo causador de neutropenia. A radioterapia também pode causar neutropenia pelo dano por radiação direta às células-tronco e progenitoras mieloides em divisão.

Rupturas na mucosa são uma importante via de entrada de bactérias. Isso pode ocorrer durante danos ao revestimento endotelial causados pela quimioterapia ou radioterapia (isto é, mucosite) e subsequente translocação da flora endógena pela mucosa e para a corrente sanguínea.[20] Bactérias ou fungos (por exemplo, Candida) também podem entrar na corrente sanguínea por meio de cateteres de demora ou dispositivos implantados que foram colonizados por flora endógena, ou por contaminação durante a inserção, manipulação ou implantação.

Os pacientes com neoplasia hematológica podem ter disfunção imunológica (que afeta a imunidade inata e adaptativa), o que permite que as infecções evoluam sem oposição. Em pacientes com leucemia ou linfoma, a disfunção imune pode estar ligada à leucopenia (por exemplo, resultante de hematopoiese anormal e disfunção da medula óssea), hipogamaglobulinemia, defeitos qualitativos na função neutrofílica (por exemplo, quimiotaxia e fagocitose comprometidas), ou imunidade celular defeituosa. O grau e o tipo de defeito(s) imunológico(s) são preditores de infecção; a neutropenia representa um clássico risco para infecção bacteriana e/ou fúngica, e defeitos concomitantes na imunidade celular (normalmente relacionados com a quimioterapia) representam risco de infecção fúngica e/ou viral.

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