Os episódios primários da febre reumática aguda ocorrem sobretudo em crianças com idades de 5 a 14 anos, mas são raros em indivíduos com mais de 30 anos.[4]Carapetis JR, Steer AC, Mulholland EK, et al. The global burden of group A streptococcal diseases. Lancet Infect Dis. 2005 Nov;5(11):685-94.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16253886?tool=bestpractice.com
Episódios recorrentes continuam sendo relativamente comuns em adolescentes e adultos jovens, sendo porém incomuns em pessoas com mais de 35 anos de idade.[1]World Health Organization. Rheumatic fever and rheumatic heart disease: report of a WHO Expert Consultation. 2004 [internet publication].
https://apps.who.int/iris/handle/10665/42898
No total, estima-se ter havido, em 2019, 40.5 milhões de pessoas acometidas pela doença reumática cardíaca, o que representa 10.7 milhões de anos de vida ajustados para incapacidade perdidos e 306,000 mortes.[5]Watkins DA, Johnson CO, Colquhoun SM, et al. Global, regional, and national burden of rheumatic heart disease, 1990-2015. N Engl J Med. 2017 Aug 24;377(8):713-22.
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1603693#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28834488?tool=bestpractice.com
[6]Roth GA, Mensah GA, Johnson CO, et al. Global burden of cardiovascular diseases and risk factors, 1990-2019: update from the GBD 2019 study. J Am Coll Cardiol. 2020 Dec 22;76(25):2982-3021.
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0735109720377755
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33309175?tool=bestpractice.com
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Prevalência e taxas de mortalidade globais. Fonte: dados extraídos de Global Burden of Disease data 2010/2013.Zühlke, L.J., Beaton, A., Engel, M.E. et al. Group A streptococcus, acute rheumatic fever and rheumatic heart disease: epidemiology and clinical considerations. Curr Treat Options Cardio Med 19, 15 (2017). Usado com permissão. [Citation ends].
A carga mais pesada da febre reumática aguda e da doença reumática cardíaca (DRC) é maior nos habitantes de países de rendas baixa e média e em populações indígenas que vivem em estado de pobreza nos países de alta renda.[4]Carapetis JR, Steer AC, Mulholland EK, et al. The global burden of group A streptococcal diseases. Lancet Infect Dis. 2005 Nov;5(11):685-94.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16253886?tool=bestpractice.com
As maiores prevalência e mortalidade padronizada por idade causada pela doença reumática cardíaca (DRC) são observadas na Oceania, no sul da Ásia e na África Subsaariana central.[5]Watkins DA, Johnson CO, Colquhoun SM, et al. Global, regional, and national burden of rheumatic heart disease, 1990-2015. N Engl J Med. 2017 Aug 24;377(8):713-22.
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1603693#t=article
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28834488?tool=bestpractice.com
[6]Roth GA, Mensah GA, Johnson CO, et al. Global burden of cardiovascular diseases and risk factors, 1990-2019: update from the GBD 2019 study. J Am Coll Cardiol. 2020 Dec 22;76(25):2982-3021.
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0735109720377755
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33309175?tool=bestpractice.com
A febre reumática aguda não mostra uma predileção clara por sexo, embora a doença reumática cardíaca (DRC) seja mais comum nas mulheres. A febre reumática aguda é mais comum em países tropicais, sem variação sazonal. As maiores taxas de febre reumática aguda foram documentadas em crianças aborígines no Território do Norte da Austrália em povos do Pacífico, incluindo aqueles que vivem nos EUA e na Nova Zelândia.[7]Miyake CY, Gauvreau K, Tani LY, et al. Characteristics of children discharged from hospitals in the United States in 2000 with the diagnosis of acute rheumatic fever. Pediatrics. 2007 Sep;120(3):503-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17766522?tool=bestpractice.com
[8]Milne RJ, Lennon DR, Stewart JM, et al. Incidence of acute rheumatic fever in New Zealand children and youth. J Paediatr Child Health. 2012 Aug;48(8):685-91.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22494483?tool=bestpractice.com
No entanto, dados de Uganda descrevem uma incidência maior de febre reumática aguda em populações com malária coexistente, o que sugere o pouco reconhecimento da febre reumática aguda e o valor da vigilância.[9]Okello E, Ndagire E, Atala J, et al. Active case finding for rheumatic fever in an endemic country. J Am Heart Assoc. 2020 Aug 4;9(15):e016053.
https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/JAHA.120.016053
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32750303?tool=bestpractice.com
A febre reumática aguda foi comum em países de renda alta, incluindo os EUA, até a primeira metade do século XX, quando a incidência diminuiu devido à melhora nas condições de vida e na higiene, as quais, por sua vez, resultaram na diminuição da transmissão dos estreptococos do grupo A.[10]Quinn RW. Comprehensive review of morbidity and mortality trends for rheumatic fever, streptococcal disease, and scarlet fever: the decline of rheumatic fever. J Pediatr. 1994 Jan;124(1):9-16.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2690288?tool=bestpractice.com
Na década de 1980, houve um ressurgimento da febre reumática nas regiões entre montanhas nos EUA, o que foi atribuído à emergência de estreptococos virulentos do grupo A pertencentes aos sorotipos M 1, 3 e 18.[11]Veasy LG, Tani LY, Hill HR. Persistence of acute rheumatic fever in the intermountain area of the United States. J Pediatr. 1994 Jan;124(1):9-16.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7802743?tool=bestpractice.com
[12]Veasy LG, Wiedmeier SE, Orsmond GS, et al. Resurgence of acute rheumatic fever in the intermountain area of the United States. N Engl J Med. 1987 Feb 19;316(8):421-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3807984?tool=bestpractice.com
[13]Johnson DR, Stevens DL, Kaplan EL. Epidemiologic analysis of group A streptococcal serotypes associated with severe systemic infections, rheumatic fever, or uncomplicated pharyngitis. J Infect Dis. 1992 Aug;166(2):374-82.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1634809?tool=bestpractice.com
Além disso, a mudança dos padrões no uso de antibióticos, sobretudo a exclusão do uso de antibióticos no tratamento da faringite estreptocócica do grupo A em países com baixas taxas de febre reumática aguda, também pode ter afetado a epidemiologia das doenças causadas por estreptococos do grupo A. No entanto, de maneira geral, a incidência da febre reumática aguda nos EUA é desconhecida, e ela não é mais uma doença de notificação compulsória nacionalmente.[14]Centers for Disease Control and Prevention. Group A streptococcal disease. Acute rheumatic fever. Jun 2022 [internet publication].
https://www.cdc.gov/groupastrep/diseases-hcp/acute-rheumatic-fever.html