Abordagem

Os sintomas de apresentação de rinite não alérgica (RNA) não se distinguem dos de outras formas de rinite crônica. Eles incluem:

  • Congestão nasal bilateral

  • Drenagem pós-nasal bilateral

  • Outros sintomas do trato respiratório superior, como espirros e rinite

  • Plenitude auricular bilateral

  • Sintomas quase todos os dias.

Algumas negativas na história são a chave para distinguir entre síndromes de RNA e rinite alérgica:

  • História de alergias na família diminui a probabilidade de RNA

  • Os sintomas não têm oscilações sazonais na RNA: mais especificamente, os fatores desencadeantes não são piores em uma estação polínica específica, em resposta a alérgenos no ar

  • Os sintomas não são exacerbados pela exposição a gatos ou cachorros.

A exacerbação dos sintomas em resposta a perfumes/fragrâncias, spray de cabelo, pot pourris de flores secas e fumaça de queima de madeira e de tabaco, bem como a mudanças barométricas e de temperatura, pode ser observada tanto em pacientes com RNA quanto em pacientes com rinite alérgica.[5]

Já foi relatado, com base em um questionário de autoavaliação, que a probabilidade pré-teste de rinite vasomotora não alérgica em um paciente foi de 96% caso o início dos sintomas tivesse acontecido mais tarde (idade >35), caso o paciente não tivesse história de alergias na família e caso não tivesse sintomas relacionados a mudanças de estação ou exposição a gatos. No entanto, os gatilhos não alérgicos incluíram mudanças de temperatura, diesel e escapamento de carros, fumaça de tabaco, perfumes e fragrâncias, incenso, produtos de limpeza, papel de jornal, spray de cabelo e bebidas alcoólicas, alimentos condimentados ou o ato de comer.[9]​ No entanto, nem todos os pacientes com RNA exibem sintomas em resposta a gatilhos não alérgicos.

Realizou-se um estudo mais recente para determinar se a reclassificação dos subtipos de rinite clinicamente diagnosticados, baseada em um questionário de índice de irritação (QII), identificava os pacientes riníticos com características clínicas diferentes. O QII mostrou boa uniformidade interna e validação cruzada. Após a reclassificação, 48% e 52% dos pacientes clinicamente diagnosticados com rinite alérgica (n=533) foram categorizados, respectivamente, como tendo rinite alérgica leve e rinite alérgica grave; enquanto 64% e 36% dos pacientes com RNA (n=123) foram categorizados, respectivamente, como tendo RNA leve e RNA grave. Os pacientes reclassificados como rinite alérgica grave e RNA grave tinham maior probabilidade de ser clinicamente diagnosticados com asma, bem como de relatar maior número de sintomas de rinite e sintomas perenes com exacerbações sazonais, do que os pacientes reclassificados como rinite alérgica leve e RNA leve, respectivamente (P <0.01). Como resultado do QII houve significativa reclassificação: pacientes clinicamente diagnosticados com rinite foram reclassificados em categorias diagnósticas diferentes com características clínicas únicas.[18]

Achados dos exames

Os achados são parecidos nas síndromes alérgicas perenes e na RNA. Eles incluem:

  • Cornetos nasais edemaciados, vermelhos e inchados

  • Um pouco de muco

  • Aspecto pavimentoso da faringe posterior

  • Retração das membranas timpânicas.

Pregas nasais e "olhos de guaxinim" estão correlacionados com a congestão venosa, e a respiração bucal correlaciona-se com congestão nasal. Assim, embora esses sinais sejam considerados característicos da doença alérgica, eles também podem ser observados na rinite não alérgica crônica.

Exame de imagem precoce para problemas estruturais

Normalmente, o exame de imagem não é indicado durante a avaliação inicial para RNA. No entanto, diante dos seguintes sintomas, deve-se considerar um exame de imagem para descartar problemas estruturais ou um tumor:

  • Sintomas unilaterais

  • Sintomas constitucionais, como perda de peso

  • Linfadenopatia fixa

  • História de ausência de resposta a medicamentos descongestionantes.

Teste de alergia

Deve-se descartar alergia antes que se possa fazer um diagnóstico de RNA.[3][4]​ As opções são os testes alérgicos cutâneos por puntura ou testes sorológicos de IgE para aeroalérgenos específicos. Devem-se testar tanto aeroalérgenos sazonais quanto perenes.

Teste alérgico cutâneo por puntura (“prick test”):

  • Testa diretamente a IgE ligada ao mastócito cutâneo

  • É o teste mais sensível e específico

  • É menos eficaz se houver história de dermografismo, de eczema grave ou se o paciente estiver tomando bloqueadores de histamina, inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) ou antidepressivos tricíclicos

  • Podem ser usados na presença de corticosteroides em altas doses, apesar da possível atenuação das respostas ao teste cutâneo.

Teste sorológico para IgE:

  • Um teste baseado em ensaio de imunoadsorção enzimática substituiu a tradicional técnica radioalergoadsorvente

  • É mais caro que o teste alérgico cutâneo por puntura ("prick test")

  • Fora da estação alergênica, pode resultar em falso-negativo, uma vez que a meia-vida da IgE sérica é de 2.5 dias (a verificação da IgE específica para pólen de primavera durante o outono ou inverno pode resultar em níveis menores de IgE específica)

  • Pode dar uma resposta inespecífica caso os níveis totais de IgE estejam muito altos.

A rinite não alérgica (RNA) deve descartar rinite alérgica localizada, na qual os pacientes têm testes cutâneos negativos, mas anticorpos IgE localizados e específicos nas secreções nasais.

Teste eosinófilo nasal

Uma vez que o diagnóstico de RNA tenha sido estabelecido, indica-se a pesquisa de eosinófilos em esfregaços nasais, a fim de ajudar a diferenciar os subtipos de RNA em uma condição inflamatória não alérgica e uma condição não inflamatória e não alérgica. Falsos-negativos são comuns e podem resultar de interferências tão simples quanto uma recente irrigação nasal com soro fisiológico ou uma longa sessão de natação. Para verificar a presença ou ausência de eosinófilos, considere repetir os esfregaços nasais em dias sucessivos, enquanto os pacientes não estiverem usando corticosteroides intranasais ou anti-histamínicos. Outros métodos, como raspagens nasais, tiveram resultados positivos com maior consistência.[19]

Provocação nasal

A provocação nasal usando uma câmara de rinite não alérgica apresentou indução nos sintomas reprodutíveis em resposta ao ar seco e frio, bem como ao ar seco e frio seguido de ar quente, em pacientes com RNA.[20]

Exames por imagem

A tomografia computadorizada (TC) dos seios da face não é uma exigência na avaliação para RNA, mas é indicada em caso de suspeita de doença estrutural, incluindo doença do complexo ostiomeatal ou sinusite. A análise mais útil será obtida pela especificação de um TC sem contraste dos seios paranasais, a fim de descartar a doença do complexo ostiomeatal e outras anomalias estruturais.

As indicações para TC dos seios da face incluem:

  • Ausência de resposta às tentativas agudas de descongestionantes

  • Ausência de respostas às terapias de segunda linha com combinação de soluções salinas nasais, corticosteroides nasais e azelastina nasal

  • Ciclos múltiplos de antibióticos para uma possível sinusite

  • Sintomas ou achados de alerta: sintomas unilaterais, rinorreia sanguinolenta ou achados gerais que sugerem malignidades como caquexia, linfadenopatia fixa e perda de peso.

A maioria dos pacientes com RNA terá uma TC normal dos seios nasais; porém, a sinusite crônica e a doença do complexo ostiomeatal podem ser complicações não reconhecidas da RNA. Uma TC nos indivíduos refratários ao tratamento descartará anormalidades estruturais.

Endoscopia nasal

Pode ser considerada se houver inchaço da garganta, rouquidão ou suspeita de uma massa no exame físico. A endoscopia nasal pode ser útil na visualização direta das pregas vocais. No entanto, a TC dos seios da face, especificada para descartar doença do complexo ostiomeatal, fornece informações estruturais melhores na maioria dos casos. A endoscopia nasal não é, portanto, recomendada rotineiramente, a menos que haja alta suspeita de outro diagnóstico.

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