Brucelose
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Algoritmo de tratamento
Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal
doença não complicada
antibioticoterapia dupla
A brucelose é considerada não complicada quando ocorrem achados agudos inespecíficos e ausência de infecção focal.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que adultos e crianças com 8 anos ou mais de idade devem ser tratados com uma tetraciclina por 6 semanas (a doxiciclina é preferida devido à sua administração menos frequente e risco mais baixo de efeitos adversos), associada a um aminoglicosídeo parenteral (estreptomicina por 2-3 semanas ou gentamicina por 7-10 dias) ou rifampicina oral por 6 semanas.[75]World Health Organization. Brucellosis in humans and animals. 2006 [internet publication]. https://www.who.int/publications/i/item/9789241547130
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomendam um esquema oral para doença não complicada (uma tetraciclina ou sulfametoxazol/trimetoprima associado a rifampicina por um mínimo de 6 semanas).[62]Centers for Disease Control and Prevention. Brucellosis reference guide: exposures, testing and prevention. February 2017 [internet publication]. https://www.cdc.gov/brucellosis/pdf/brucellosi-reference-guide.pdf
Em geral, as recidivas são tratadas com o mesmo esquema utilizado inicialmente, já que a causa raramente é a resistência aos antimicrobianos.
Opções primárias
doxiciclina: 100 mg por via oral duas vezes ao dia
ou
tetraciclina: 500 mg por via oral quatro vezes ao dia
--E--
gentamicina: 5 mg/kg por via intramuscular/intravenosa uma vez ao dia
ou
estreptomicina: 1 g por via intramuscular uma vez ao dia
Opções secundárias
doxiciclina: 100 mg por via oral duas vezes ao dia
ou
tetraciclina: 500 mg por via oral quatro vezes ao dia
--E--
rifampicina: 600-900 mg/dia por via oral administrados em 1-2 doses fracionadas
ou
sulfametoxazol/trimetoprima: 800/160 mg por via oral duas vezes ao dia
e
rifampicina: 600-900 mg/dia por via oral administrados em 1-2 doses fracionadas
antibioticoterapia dupla ou monoterapia
A brucelose é considerada não complicada quando ocorrem achados agudos inespecíficos e ausência de infecção focal.
O tratamento ideal de gestantes e lactantes é baseado em relatórios anedóticos.[58]Khan MY, Mah WM, Memish ZA. Brucellosis in pregnant women. Clin Infect Dis. 2001 Apr 15;32(8):1172-7. http://cid.oxfordjournals.org/content/32/8/1172.full http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11283806?tool=bestpractice.com Geralmente, recomenda-se um ciclo de 6 semanas de rifampicina oral.[41]Beeching NJ. Brucellosis. In Fauci AS, Braunwald E, Kasper DL, et al., eds. Harrison’s principles of internal medicine. 20th ed. New York, NY: McGraw-Hill; 2018:1192-6.[42]Beeching NJ, Madkour MM. Brucellosis. In: Farrar J, Hotez P, Junghanss T, et al, eds. Manson’s tropical diseases. 23rd ed. London: Elsevier; 2013:371-378, 378.e1. Rifampicina associada a sulfametoxazol/trimetoprima por 4 semanas é uma alternativa aceitável.[58]Khan MY, Mah WM, Memish ZA. Brucellosis in pregnant women. Clin Infect Dis. 2001 Apr 15;32(8):1172-7. http://cid.oxfordjournals.org/content/32/8/1172.full http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11283806?tool=bestpractice.com
O sulfametoxazol/trimetoprima não é recomendado no primeiro trimestre de gestação, pois foi associado a um aumento do risco de malformações congênitas. O esquema recomendado só deve ser usado se os benefícios do tratamento forem superiores aos riscos.
Um especialista deve ser consultado para orientação sobre escolha dos antibióticos no tratamento desses pacientes.
Opções primárias
rifampicina: 600-900 mg/dia por via oral administrados em 1-2 doses fracionadas
ou
rifampicina: 600-900 mg/dia por via oral administrados em 1-2 doses fracionadas
e
sulfametoxazol/trimetoprima: 800/160 mg por via oral duas vezes ao dia
Mais sulfametoxazol/trimetoprimaO sulfametoxazol/trimetoprima não é recomendado no primeiro trimestre de gestação, pois foi associado a um aumento do risco de malformações congênitas. O esquema recomendado só deve ser usado se os benefícios do tratamento forem superiores aos riscos.
antibioticoterapia dupla
A brucelose é considerada não complicada quando ocorrem achados agudos inespecíficos e ausência de infecção focal.
As tetraciclinas geralmente são contraindicadas em crianças <8 anos de idade devido ao risco de descoloração dos dentes e inibição do crescimento ósseo. Portanto, as tetraciclinas podem ser substituídas por sulfametoxazol/trimetoprima em crianças com menos de 8 anos de idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda sulfametoxazol/trimetoprima por 6 semanas, associada a um aminoglicosídeo (estreptomicina por 3 semanas ou gentamicina por 7-10 dias) ou rifampicina por 6 semanas.[75]World Health Organization. Brucellosis in humans and animals. 2006 [internet publication]. https://www.who.int/publications/i/item/9789241547130
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomendam um esquema oral para doença não complicada (sulfametoxazol/trimetoprima associado a rifampicina por 4-6 semanas).[62]Centers for Disease Control and Prevention. Brucellosis reference guide: exposures, testing and prevention. February 2017 [internet publication]. https://www.cdc.gov/brucellosis/pdf/brucellosi-reference-guide.pdf
Opções primárias
sulfametoxazol/trimetoprima: 8-10 mg/kg/dia por via oral administrados em 2 doses fracionadas
Mais sulfametoxazol/trimetoprimaA dose refere-se ao componente trimetoprima.
e
rifampicina: 15-20 mg/kg/dia por via oral administrados em 1-2 doses fracionadas, máximo de 900 mg/dia
ou
sulfametoxazol/trimetoprima: 8-10 mg/kg/dia por via oral administrados em 2 doses fracionadas
Mais sulfametoxazol/trimetoprimaA dose refere-se ao componente trimetoprima.
--E--
gentamicina: 5 mg/kg por via intramuscular/intravenosa uma vez ao dia
ou
estreptomicina: 30 mg/kg por via intramuscular uma vez ao dia
doença complicada
antibioticoterapia tripla incluindo um aminoglicosídeo
Um esquema triplo de antibioticoterapia geralmente é recomendado para infecção complicada, e pode ser necessário prolongar os ciclos por períodos mais longos de tempo de acordo com a resposta clínica e radiológica.[138]Ulu-Kilic A, Karakas A, Erdem H, et al. Update on treatment options for spinal brucellosis. Clin Microbiol Infect. 2014 Feb;20(2):O75-82. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24118178?tool=bestpractice.com
Existem poucas evidências em relação à duração ideal do tratamento em casos de doença focal ou complicada (orquite, sacroileíte, espondilite, endocardite), mas a maioria dos autores favorece a antibioticoterapia tripla para adultos ou adolescentes com doxiciclina e rifampicina (por pelo menos 3-6 meses) e um aminoglicosídeo (somente nas duas primeiras semanas).[41]Beeching NJ. Brucellosis. In Fauci AS, Braunwald E, Kasper DL, et al., eds. Harrison’s principles of internal medicine. 20th ed. New York, NY: McGraw-Hill; 2018:1192-6.[42]Beeching NJ, Madkour MM. Brucellosis. In: Farrar J, Hotez P, Junghanss T, et al, eds. Manson’s tropical diseases. 23rd ed. London: Elsevier; 2013:371-378, 378.e1.[75]World Health Organization. Brucellosis in humans and animals. 2006 [internet publication]. https://www.who.int/publications/i/item/9789241547130 [126]Ariza J, Bosilkovski M, Cascio A, et al. Perspectives for the treatment of brucellosis in the 21st century: the Ioannina recommendations. PLoS Med. 2007 Dec;4(12):e317. http://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.0040317 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18162038?tool=bestpractice.com [127]Skalsky K, Yahav D, Bishara J, et al. Treatment of human brucellosis: systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. BMJ. 2008 Mar 29;336(7646):701-4. http://www.bmj.com/content/336/7646/701 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18321957?tool=bestpractice.com
Na ausência de evidências, considerações semelhantes podem ser aplicadas para crianças e devem ser avaliadas individualmente para gestantes e lactantes. Logo, recomenda-se uma consulta com um especialista em doenças infecciosas antes de começar o tratamento em gestantes, lactantes e crianças.
Geralmente, a doxiciclina não é recomendada na gestação devido a preocupações relativas ao desenvolvimento do esqueleto fetal e ao crescimento ósseo. Os aminoglicosídeos também não são recomendados na gestação devido à possibilidade de ototoxicidade fetal e toxicidade renal. O esquema recomendado só deve ser usado se os benefícios do tratamento forem superiores aos riscos.
Em geral, as recidivas são tratadas com o mesmo esquema utilizado inicialmente, já que a causa raramente é a resistência aos antimicrobianos.
Opções primárias
doxiciclina: adultos: 100 mg por via oral duas vezes ao dia
--E--
rifampicina: adultos: 600-900 mg/dia por via oral administrados em 1-2 doses fracionadas
--E--
gentamicina: adultos: 5 mg/kg por via intramuscular/intravenosa uma vez ao dia
ou
estreptomicina: adultos: 1 g por via intramuscular uma vez ao dia
substituição da valva
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
A endocardite por Brucella geralmente afeta a valva aórtica e é responsável por uma grande proporção da taxa de 1% a 5% de mortalidade da brucelose.[86]Uddin MJ, Sanyal SC, Mustafa AS, et al. The role of aggressive medical therapy along with early surgical intervention in the cure of Brucella endocarditis. Ann Thorac Cardiovasc Surg. 1998 Aug;4(4):209-13. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9738123?tool=bestpractice.com
A maioria dos pacientes acaba precisando de substituição valvar apesar do tratamento com antibióticos por 6 meses ou mais.[5]Pappas G, Papadimitriou P, Akritidis N, et al. The new global map of human brucellosis. Lancet Infect Dis. 2006 Feb;6(2):91-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16439329?tool=bestpractice.com [41]Beeching NJ. Brucellosis. In Fauci AS, Braunwald E, Kasper DL, et al., eds. Harrison’s principles of internal medicine. 20th ed. New York, NY: McGraw-Hill; 2018:1192-6.[42]Beeching NJ, Madkour MM. Brucellosis. In: Farrar J, Hotez P, Junghanss T, et al, eds. Manson’s tropical diseases. 23rd ed. London: Elsevier; 2013:371-378, 378.e1. Existem evidências de que uma cirurgia precoce melhore a mortalidade.[134]Keshtkar-Jahromi M, Razavi SM, Gholamin S, et al. Medical versus medical and surgical treatment for brucella endocarditis. Ann Thorac Surg. 2012 Dec;94(6):2141-6. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23102495?tool=bestpractice.com
antibioticoterapia tripla excluindo um aminoglicosídeo
Um esquema triplo de antibioticoterapia geralmente é recomendado para infecção complicada, e pode ser necessário prolongar os ciclos por períodos mais longos de tempo de acordo com a resposta clínica e radiológica.[138]Ulu-Kilic A, Karakas A, Erdem H, et al. Update on treatment options for spinal brucellosis. Clin Microbiol Infect. 2014 Feb;20(2):O75-82. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24118178?tool=bestpractice.com
Em casos de manifestações neurológicas (meningoencefalite, lesões focais no cérebro ou no nervo craniano), geralmente o uso da estreptomicina ou da gentamicina é desencorajado em virtude da capacidade questionável dos aminoglicosídeos em penetrar no líquido cefalorraquidiano (LCR) e do potencial para neurotoxicidade, o que pode complicar ainda mais o quadro clínico.[135]Pappas G, Akritidis N, Christou L. Treatment of neurobrucellosis: what is known and what remains to be answered. Expert Rev Anti Infect Ther. 2007 Dec;5(6):983-90. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18039082?tool=bestpractice.com A ceftriaxona ou sulfametoxazol/trimetoprima pode ser adicionada como um terceiro medicamento para uma melhor penetração no sistema nervoso central.[41]Beeching NJ. Brucellosis. In Fauci AS, Braunwald E, Kasper DL, et al., eds. Harrison’s principles of internal medicine. 20th ed. New York, NY: McGraw-Hill; 2018:1192-6.[42]Beeching NJ, Madkour MM. Brucellosis. In: Farrar J, Hotez P, Junghanss T, et al, eds. Manson’s tropical diseases. 23rd ed. London: Elsevier; 2013:371-378, 378.e1.[48]Beeching NJ, Erdem H. Brucellosis. In: Cohen J, Powderly WG, Opal SM, eds. Infectious diseases. 4th ed. London: Elsevier Science; 2016:1098-1101.[135]Pappas G, Akritidis N, Christou L. Treatment of neurobrucellosis: what is known and what remains to be answered. Expert Rev Anti Infect Ther. 2007 Dec;5(6):983-90. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18039082?tool=bestpractice.com [136]Erdem H, Ulu-Kilic A, Kilic S, et al. Efficacy and tolerability of antibiotic combinations in neurobrucellosis: results of the Istanbul study. Antimicrob Agents Chemother. 2012 Mar;56(3):1523-8. http://aac.asm.org/content/56/3/1523.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22155822?tool=bestpractice.com [137]Tajerian A, Sofian M, Zarinfar N, et al. Manifestations, complications, and treatment of neurobrucellosis: a systematic review and meta-analysis. Int J Neurosci. 2022 Aug 5 [Epub ahead of print]. https://www.doi.org/10.1080/00207454.2022.2100776 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35930502?tool=bestpractice.com O tratamento é necessário por pelo menos 6 meses.
Na ausência de evidências, considerações semelhantes podem ser aplicadas para crianças e devem ser avaliadas individualmente para gestantes e lactantes. Logo, recomenda-se uma consulta com um especialista em doenças infecciosas antes de começar o tratamento em gestantes, lactantes e crianças.
Geralmente, a doxiciclina não é recomendada na gestação devido a preocupações relativas ao desenvolvimento do esqueleto fetal e ao crescimento ósseo. O sulfametoxazol/trimetoprima não é recomendado no primeiro trimestre de gestação, pois foi associado a um aumento do risco de malformações congênitas. O esquema recomendado só deve ser usado se os benefícios do tratamento forem superiores aos riscos.
Em geral, as recidivas são tratadas com o mesmo esquema utilizado inicialmente, já que a causa raramente é a resistência aos antimicrobianos.
Opções primárias
doxiciclina: adultos: 100 mg por via oral duas vezes ao dia
--E--
rifampicina: adultos: 600-900 mg/dia por via oral administrados em 1-2 doses fracionadas
--E--
ceftriaxona: adultos: 1-2 g por via intravenosa/intramuscular uma vez ao dia
ou
sulfametoxazol/trimetoprima: adultos: 160/800 mg por via oral duas vezes ao dia
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