Caso clínico

Caso clínico #1

Um homem de 42 anos de idade apresenta febre, cefaleia, dor abdominal e vômitos. Ele recebe tratamento sintomático no pronto-socorro do hospital e recebe alta. Ele volta 2 dias depois com vômitos incontroláveis, cefaleia e agravamento da febre. Um histórico de viagens recentes revela que o paciente acabou de voltar de uma viagem de ecoturismo à República dos Camarões. O paciente não foi vacinado antes de viajar e admite cumprimento inadequado da profilaxia contra malária. O exame físico mostra que ele está ictérico, agudamente doente e febril. Exames laboratoriais revelam trombocitopenia, anemia e leucopenia, bem como tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial e transaminases elevados, e insuficiência renal com creatinina elevada. Ele é submetido inicialmente a tratamento empírico contra malária, embora os esfregaços e culturas iniciais tenham sido negativos. No terceiro dia ele desenvolve coagulação intravascular disseminada progressiva com choque e diátese hemorrágica. Ele morre depois de 4 dias de internação. O soro coletado durante seu último dia de vida deu positivo para imunoglobulina M (IgM) contra febre amarela.

Caso clínico #2

Um homem brasileiro de 25 anos de idade é observado em um hospital universitário do Rio de Janeiro 2 dias após voltar do estado do Amazonas, onde trabalhou como madeireiro. Ele apresenta cefaleia intensa, febre, calafrios, mal-estar e mialgia generalizada. Ao exame físico, ele parece indisposto e está febril e levemente ictérico. É observada hiperemia conjuntival. Os exames laboratoriais revelam leucopenia e transaminases elevadas, com bilirrubina elevada. As colorações para malária são negativas. O diagnóstico inicial é de dengue, pois sua história revelou uma infecção pregressa por dengue. No terceiro dia, a febre cessa e ele se recupera completamente. Os testes iniciais são negativos para IgM para febre amarela e positivos para imunoglobulina G (IgG) para dengue. Em investigações subsequentes, a sorologia para febre amarela indica títulos elevados, confirmando o diagnóstico de febre amarela.

Outras apresentações

O quadro clínico da febre amarela caracteriza-se por 3 períodos: infecção, remissão e intoxicação. Após um tempo de incubação de 3 a 6 dias, observa-se um período inicial de infecção com início súbito de sintomas inespecíficos, como febre (temperatura média de 39 °C [102 °F]), cefaleia, mialgias, tontura e mal-estar que duram de 2 a 6 dias.[2] Hiperemia conjuntival, bradicardia relativa (sinal de Faget) e leucopenia são características desse período. A maioria das infecções não avança dessa fase inicial e apresenta resolução espontânea. Após um período de remissão caracterizado por ausência de febre com duração de 24 a 48 horas, 15% a 25% dos pacientes desenvolvem um período de intoxicação.[2] Esse período caracteriza-se por um efeito rebote dos sintomas, frequentemente acompanhados de dor abdominal, vômitos e letargia. Icterícia, transaminite e coagulopatia se desenvolvem, culminando em choque, insuficiência hepatorrenal e óbito em 7 a 10 dias após o início.

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