Etiologia

Acredita-se que as infecções virais sejam a causa mais comum de labirintite e neurite vestibular. Doenças virais, em particular vírus de DNA, têm uma associação conhecida com outras mononeuropatias, como paralisia de Bell, neurite óptica e neuronite peritoneal.

A labirintite viral geralmente está associada a uma infecção prévia do trato respiratório superior. Agentes virais etiológicos incluem vírus da varicela-zóster, citomegalovírus, vírus da parotidite, vírus do sarampo, vírus da rubéola e HIV.[3][16]

A labirintite bacteriana está associada à otite média crônica ou aguda, meningite e colesteatoma (acúmulo ou crescimento de tecido conjuntivo e epidérmico dentro da orelha média). Diferente da labirintite viral, a forma bacteriana pode afetar as duas orelhas simultaneamente.[6][17] Potenciais causas bacterianas incluem o Treponema pallidum, Haemophilus influenzae, espécies de Streptococcus, espécies de Staphylococcus e Neisseria meningitidis.[6] A labirintite sifilítica pode se seguir à neurossífilis terciária que ocorre muitos anos após a infecção primária e não é observada com a sífilis primária ou secundária aguda.[3]

A neurite vestibular geralmente está associada a uma infecção viral anterior ou concomitante.[18]​ Os agentes virais etiológicos incluem o vírus influenza, o adenovírus, o vírus do herpes simples, o citomegalovírus, o vírus Epstein-Barr, o vírus da rubéola e o vírus parainfluenza.[18]​ A reativação do vírus do herpes simples latente tipo 1 é uma das causas mais comuns.[1]​ Infecções bacterianas, infecções por protozoários, oclusão vascular e causas alérgicas e autoimunes também foram implicadas na neurite vestibular.[7][18]

Fisiopatologia

A labirintite e a neurite vestibular são subtipos da síndrome vestibular aguda, que resulta de lesão unilateral em órgãos vestibulares periféricos ou centrais.[19]​ Ambas as condições têm mecanismos fisiopatológicos distintos e podem ser distinguidas principalmente pela presença ou ausência de perda auditiva.

Labirintite

As infecções que surgirem na orelha média (otite média) podem se disseminar para a orelha interna através das janelas da cóclea e do vestíbulo. A inflamação ou os agentes infecciosos podem se disseminar da orelha interna para dentro do canal auditivo interno. A meningite pode se disseminar para a orelha interna através do aqueduto coclear ou o modíolo coclear.[17] Teoricamente, a disseminação hematogênica dos agentes infecciosos através da artéria labiríntica até as estrias vasculares é possível, mas ainda não foi demonstrada.[17]

A infecção no labirinto membranoso pode resultar em uma resposta inflamatória significativa, com fibrose intraluminal resultante e possível ossificação (ou seja, labirintite ossificante).[20][21][22] A meningite bacteriana está associada a um risco significativo de perda auditiva.[23] Os sintomas auditivos ou vestibulares, ou ambos, podem se apresentar em até 20% das crianças com meningite.[24]

Neurite vestibular

Tanto as divisões nervosas superiores quanto as inferiores são afetadas na maioria dos casos de neurite vestibular aguda, enquanto os nervos vestibulares superiores ou inferiores podem ser afetados individualmente em algumas pessoas.[25]​ As anormalidades são altas quando o nervo vestibular superior é afetado.[25][26]

A inflamação do nervo vestibular na neurite vestibular pode ser causada pela replicação do vírus do herpes simples-1, levando a danos secundários nas células ganglionares vestibulares e nos axônios nos canais ósseos.[1]

Uma revisão sistemática encontrou maior proporção de neutrófilos para linfócitos e maior prevalência de fatores de risco vascular entre pacientes com neurite vestibular.[27]​ Níveis plasmáticos elevados de fibrinogênio e proteína C-reativa e níveis diminuídos de lipoproteína(a) foram observados em pacientes que apresentam neurite vestibular aguda.[28]​ Um estudo relatou níveis significativamente elevados de proteína C-reativa e proteínas pró-inflamatórias e pró-adesivas elevadas em células mononucleares do sangue periférico de pacientes com neurite vestibular aguda.[29]

Classificação

Tipos de labirintite

Labirintite serosa (viral):

  • Causada por inflamação somente do labirinto

  • Geralmente ela se apresenta com perda auditiva e vertigem menos grave que a labirintite supurativa; muitas vezes a perda auditiva é recuperada

Labirintite associada ao HIV:

Foram reportadas diversas queixas auditivas e vestibulares, incluindo de labirintite, em pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS). A importância relativa da infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV) em si, em oposição a suas infecções oportunistas associadas, requer mais estudos.

Labirintite supurativa (bacteriana):[2]

  • Acompanha invasão bacteriana direta do ouvido interno e, portanto, é tipicamente unilateral

  • Geralmente, apresenta-se com vertigem e perda auditiva grave a profunda

  • A perda auditiva que ocorre com a labirintite supurativa é geralmente irreversível

Labirintite meningogênica:

  • Ocorre no quadro da meningite

  • Geralmente, começa no giro basal da cóclea adjacente à abertura do aqueduto coclear

Labirintite sifilítica:[3]

  • Pode acompanhar neurossífilis terciária, que ocorre muitos anos após a infecção por sífilis primária, e não é observada com a sífilis primária ou secundária aguda

  • Os pacientes podem apresentar perda auditiva progressiva e vertigem induzida por pressão ou som (sinais de Hennebert e Tullio)

Labirintite ossificante:

  • A fibrose do labirinto membranoso ocorre poucos dias após a infecção aguda

  • A ossificação pode ocorrer junto com a fibrose, resultando na substituição óssea completa do labirinto membranoso

  • O labirinto membranoso pode ser obstruído em até 30% dos pacientes com labirintite supurativa

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