Etiologia
A labirintite viral geralmente está associada a uma infecção prévia do trato respiratório superior. Agentes virais etiológicos incluem vírus da varicela-zóster, citomegalovírus, caxumba, sarampo, rubéola e vírus da imunodeficiência humana (HIV).[6][7] A labirintite também foi associada à doença autoimune da orelha interna (por exemplo, síndrome de Cogan ou doença de Behçet).[5]
A labirintite bacteriana está associada à otite média crônica ou aguda, meningite e colesteatoma (acúmulo ou crescimento de tecido conjuntivo e epidérmico dentro da orelha média). Diferente da labirintite viral, a forma bacteriana pode afetar as duas orelhas simultaneamente.[2][8] Potenciais causas bacterianas incluem o Treponema pallidum, Haemophilus influenzae, espécies de Streptococcus, espécies de Staphylococcus e Neisseria meningitidis.[2] A labirintite sifilítica pode se seguir à neurossífilis terciária que ocorre muitos anos após a infecção primária e não é observada com a sífilis primária ou secundária aguda.[6]
Fisiopatologia
As infecções que surgirem na orelha média (otite média) podem se disseminar para a orelha interna através das janelas da cóclea e do vestíbulo. A inflamação ou os agentes infecciosos podem se disseminar da orelha interna para dentro do canal auditivo interno. A meningite pode se disseminar para a orelha interna através do aqueduto coclear ou o modíolo coclear.[8] Teoricamente, a disseminação hematogênica dos agentes infecciosos através da artéria labiríntica até as estrias vasculares é possível, mas ainda não foi demonstrada.[8]
A infecção no labirinto membranoso pode resultar em uma resposta inflamatória significativa, com fibrose intraluminal resultante e possível ossificação (ou seja, labirintite ossificante).[9][10][11] A meningite bacteriana está associada a um risco significativo de perda auditiva.[12] Os sintomas auditivos ou vestibulares, ou ambos, podem se apresentar em até 20% das crianças com meningite.[13]
Classificação
Tipos de labirintite
Labirintite serosa (viral):
Causada por inflamação somente do labirinto
Geralmente ela se apresenta com perda auditiva e vertigem menos grave que a labirintite supurativa; muitas vezes a perda auditiva é recuperada
O termo neurite vestibular (isto é, inflamação do nervo vestibular) é muitas vezes erroneamente usado de forma intercambiável com a labirintite viral. Pacientes com qualquer uma das afecções apresentam vertigem e/ou desequilíbrio, mas a neurite vestibular não está associada à perda auditiva, enquanto pacientes com labirintite viral apresentam perda auditiva decorrente de inflamação da cóclea e do nervo coclear.
Labirintite supurativa (bacteriana):
Acompanha invasão bacteriana direta do ouvido interno e, portanto, é tipicamente unilateral
Geralmente, apresenta-se com vertigem e perda auditiva grave a profunda
A perda auditiva que ocorre com a labirintite supurativa é geralmente irreversível.[4]
Labirintite meningogênica:
Ocorre no quadro da meningite
Geralmente, começa no giro basal da cóclea adjacente à abertura do aqueduto coclear.
Labirintite autoimune:[5]
Condições autoimunes (por exemplo, síndrome de Cogan ou doença de Behçet), que afetam o labirinto, geralmente presente com vertigem e perda auditiva simultânea ou sequencial bilateral
Pode ser responsiva aos corticosteroides, mas às vezes evolui para perda auditiva profunda bilateral e hipofunção vestibular.
Labirintite ossificante:
A fibrose do labirinto membranoso ocorre poucos dias após a infecção aguda
A ossificação pode ocorrer junto com a fibrose, resultando na substituição óssea completa do labirinto membranoso
O labirinto membranoso pode ser obstruído em até 30% dos pacientes com labirintite supurativa.
Labirintite sifilítica:
Pode acompanhar neurossífilis terciária, que ocorre muitos anos após a infecção por sífilis primária, e não é observada com a sífilis primária ou secundária aguda[6]
Os pacientes podem apresentar perda auditiva progressiva e vertigem induzida por pressão ou som (sinais de Hennebert e Tullio).
Labirintite associada ao HIV:
Foram reportadas diversas queixas auditivas e vestibulares, incluindo de labirintite, em pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS). A importância relativa da infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV) em si, em oposição a suas infecções oportunistas associadas, requer mais estudos.
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