História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

neoplasia maligna

Há maior probabilidade de que a doença metastática (particularmente os cânceres pulmonar e de mama) causem tamponamento cardíaco, em comparação com as neoplasias malignas pericárdicas/cardíacas primárias.[27] O derrame pode ​ser secundário a uma terapia para o câncer ao invés da doença metastática pericárdica em si.[26][27]​​[28]

presença de outros fatores de risco

Os principais fatores de risco incluem: dissecção da aorta; pericardite purulenta, derrame pericárdico idiopático extenso, tuberculose, insuficiência renal em estágio terminal, hipotireoidismo, e doença autoimune.[18][29][31][33]​​​[36][37]​​​​[38]

dispneia

Até 90% dos pacientes relatam dispneia.[10]

pressão venosa jugular (PVJ) elevada

Um dos três sinais da tríade de Beck.

A pressão venosa central está aumentada em um esforço para manter os volumes ventriculares.[10] Uma revisão sistemática constatou que a sensibilidade combinada da PVJ elevada foi de 76% (IC de 95%, 62% a 90%).[40]

sons cardíacos distantes

Um dos três sinais da tríade de Beck.

Os sons cardíacos podem ficar abafados em consequência de um derrame pericárdico extenso.[10] Uma revisão sistemática constatou que a sensibilidade combinada das bulhas cardíacas hipofonéticas foi de apenas 28% (IC de 95%, 21% a 35%).[40]

pulso paradoxal

Refere-se a uma redução de >10 mmHg na pressão arterial sistólica com a inspiração. Um pulso paradoxal grave pode levar ao desaparecimento do pulso periférico com a inspiração. Uma revisão sistemática constatou que a sensibilidade combinada de um pulso paradoxal >10 mmHg foi de 82% (IC de 95%, 72% a 92%) e que sua presença em um paciente com derrame pericárdico aumenta a probabilidade de tamponamento (razão de probabilidades positiva de 3.3), enquanto um pulso paradoxal ≤10 mmHg torna o tamponamento improvável (razão de probabilidades negativa de 0.03).[40]

hipotensão

Um dos três sinais da tríade de Beck.

Relatou-se que ocorre em até 35% dos pacientes com tamponamento não traumático.[10]​ Uma revisão sistemática constatou que a sensibilidade combinada da hipotensão foi de apenas 26% (IC de 95%, 16% a 36%).[40]

taquicardia

Um dos achados mais comuns no tamponamento cardíaco.[40] Relatou-se que ocorre em até 88% dos pacientes.[10]​ Uma revisão sistemática constatou que a sensibilidade combinada da taquicardia foi de 77% (IC de 95%, 69% a 85%).[40]

Incomuns

cirurgia ou intervenção cardíaca recente

Uma cirurgia ou intervenção cardíaca é um fator de risco forte para tamponamento. Nos pacientes cirúrgicos, o tamponamento é mais comum depois das cirurgias valvares e transplantes cardíacos, e menos frequente nas cirurgias de revascularização miocárdica isoladas.[5][34][35]​ Raramente, o tamponamento pode ocorrer depois de uma trombólise ou angioplastia, intervenções coronárias percutâneas, ablações, ou implantação de marca-passo/desfibrilador.[22]

Tríade de Beck: hipotensão, sons cardíacos hipofonéticos e PVJ elevada

A maioria dos pacientes não apresentará todas as características clássicas da tríade de Beck (hipotensão, bulhas cardíacas hipofonéticas e aumento da PVJ).[10][40][41]​​​ A tríade foi originalmente descrita em pacientes com tamponamento agudo secundário a um trauma ou cirurgia. Em alguns pacientes não cirúrgicos, especialmente quando o derrame pericárdico tiver se desenvolvido lentamente, a tríade de Beck pode não estar presente.[40]

Outros fatores diagnósticos

comuns

dor torácica

Dor torácica atípica, sem ser por esforço. Relatou-se que ocorre em 12% a 74% dos pacientes.[10]

dor abdominal

Secundária à congestão e/ou hipoperfusão hepática. Relatou-se que ocorre em 12% a 16% dos pacientes.[10]

Incomuns

febre

Pode indicar uma etiologia infecciosa subjacente. Relatou-se que ocorre em 7% a 70% dos pacientes.[10]

atrito pericárdico

Mais comum nas etiologias inflamatórias dos derrames pericárdicos. Pode estar ausente nos derrames grandes.[2]

Fatores de risco

Fortes

neoplasia maligna

A neoplasia maligna é uma causa comum de derrame pericárdico hemodinamicamente significativo e, portanto, de tamponamento cardíaco, sendo os cânceres de mama e de pulmão os sítios primários mais comuns.[14][16][18][26] As neoplasias malignas primárias do pericárdio são raras.[27]​​​

O tamponamento sem sinais inflamatórios tem maior probabilidade de estar relacionado à neoplasia maligna.[20]

Até 60% dos derrames relacionados a neoplasias malignas não são causados diretamente pela neoplasias, mas são complicações da terapia sistêmica ou da radiação contra o câncer.[15]​​[26][27]​​[28]

dissecção da aorta

O tamponamento cardíaco é uma complicação comum e de risco à vida da dissecção da aorta do tipo A (DAA) aguda.[12][29]​​​ Achados de um grande estudo de coorte do International Registry of Acute Aortic Dissection constataram que o tamponamento foi detectado em 18.7% dos pacientes.[30]

pericardite purulenta

A infecção bacteriana grave do pericárdio é rara mas rapidamente fatal, e representa um alto risco de tamponamento.[31]​ O tamponamento cardíaco pode ocorrer em até 79% dos pacientes com pericardite purulenta.[32]

derrame pericárdico crônico extenso idiopático

Os pacientes com derrames extensos crônicos (>3 meses) que apresentam sinais inflamatórios têm maior probabilidade de desenvolver tamponamento que aqueles sem sinais inflamatórios.[20] Cerca de um terço dos pacientes com derrames pericárdicos extensos assintomáticos desenvolverão tamponamento clinicamente significativo.[33]

pós-cirurgia ou intervenção cardíaca

O tamponamento cardíaco pode apresentar-se rapidamente, secundário a uma hemorragia (hemopericárdio). Nos pacientes cirúrgicos, o tamponamento é mais comum depois de cirurgias valvares e transplantes cardíacos, e menos frequente nas cirurgias de revascularização miocárdica isoladas.[5][34][35]​​​ Raramente, o tamponamento pode também ocorrer depois de trombólises ou angioplastias, intervenções coronárias percutâneas, ablações e implantes de marca-passos/desfibriladores.[22]

Derrame pericárdico e tamponamento cardíaco pós-operatório sintomático também podem ocorrer como uma complicação tardia da cirurgia/intervenção cardíaca. Um estudo acompanhou pacientes de cirurgia cardíaca por 6 meses após o procedimento e constatou que 6.2% dos pacientes foram submetidos a tratamento para derrame pericárdico pós-operatório tardio, dos quais dois terços foram classificados como tendo tamponamento.[35]​ O tempo médio até a apresentação foi de 11 dias após a operação (faixa: 8-87 dias).

tuberculose (TB)

Nas pessoas de regiões endêmicas, especialmente em pacientes com infecção por HIV, a incidência de pericardite tuberculosa e derrame é alta. Em um amplo estudo urbano realizado no Reino Unido, a tuberculose representou 26% dos derrames pericárdicos com necessidade de drenagem cirúrgica. A maior parte desses pacientes foi proveniente de áreas com tuberculose endêmica.[18]

Fracos

doença autoimune

Não há estudos grandes que investiguem a incidência de derrame pericárdico ou tamponamento cardíaco em pacientes com doenças autoimunes, mas a maioria das séries de casos relata detecção frequente de derrame pericárdico com baixa incidência de tamponamento.[36]

hipotireoidismo

Embora os derrames pericárdicos sejam observados em até 37% dos pacientes com hipotireoidismo, o líquido se acumula lentamente e o tamponamento raramente ocorre.[15][37]

insuficiência renal em estágio terminal

Geralmente se desenvolve de modo gradual, portanto o risco de tamponamento é menor. Relata-se que os derrames pericárdicos assintomáticos ocorrem em 70% a 100% dos pacientes com pericardite urêmica ou relacionada a diálise; o tamponamento cardíaco ocorre em até 20% dos pacientes com pericardite relacionada a diálise.[38]

anticoagulação

Pode aumentar o risco de derrames pericárdicos hemorrágicos extensos se usada no tratamento de infartos do miocárdio da parede anterior ou pericardite constritiva, ou após uma cirurgia cardíaca.[39]

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