Etiologia

A etiologia do tamponamento cardíaco varia amplamente, pois o derrame pericárdico tem diferentes causas, e é afetada por fatores como características demográficas, cenários clínicos, ou distribuição geográfica. Em até 60% dos pacientes, doenças prévias conhecidas podem ser identificadas como a causa do derrame pericárdico.[16]

As etiologias comuns incluem:[12][14][15][18][16][19]​​​​[20][21][22]​​​​​

  • Neoplasia maligna (particularmente câncer de mama e de pulmão)

  • Derrame pericárdico idiopático

  • Infecção viral (pericardite)

  • Tuberculose (em regiões endêmicas)

  • Trauma

  • Iatrogênico (secundário a cirurgia ou intervenção cardíacas)

  • Uremia

  • Pericardite induzida por radiação

  • Doença vascular do colágeno

  • Hipotireoidismo/mixedema

Consulte Avaliação do derrame pericárdico.

Fisiopatologia

O tamponamento cardíaco é determinado pela taxa de acúmulo de líquido pericárdico, pelo estiramento pericárdico e pela eficácia dos mecanismos compensatórios.[23][24]

No tamponamento cardíaco clássico, a pressão pericárdica está elevada porque há um acúmulo de líquido no espaço pericárdico. As pressões diastólica ventricular, do átrio direito e de oclusão sobem para se igualar às pressões pericárdicas em resposta ao colapso da câmara cardíaca.[2]​ Essa equalização das pressões é a característica hemodinâmica do tamponamento. Quando a pressão pericárdica excede as pressões dentro da câmara, esta entra em colapso.[2]

Quando o pericárdio está estirado, repleto de líquido e sem elasticidade, a variação respiratória típica no enchimento ventricular direito e esquerdo é imensamente exagerada. A inspiração aumenta as pressões intratorácicas negativas e aumenta o retorno venoso para o coração direito. Esse volume aumentado no coração direito pressiona os septos intra-atrial e intraventricular sobre o coração esquerdo. Isso é conhecido como "interdependência ventricular".[25]​ Portanto, haverá diminuição dos volumes no coração esquerdo com a inspiração, resultando em uma redução exagerada do débito cardíaco sistêmico e uma queda da pressão arterial sistêmica. Clinicamente, isso é conhecido como pulso paradoxal, uma queda na pressão arterial sistêmica >10 mmHg com a inspiração.

Na ecocardiografia, a interdependência ventricular é demonstrada por um colapso diastólico do ventrículo direito ou uma mudança do septo com o ato da respiração (oscilação do septo), ou quando há uma variação acima de 30% na velocidade de fluxo transmitral durante a inspiração e/ou acima de 60% na velocidade de fluxo transtricúspide.[4]​​ O enchimento diastólico prejudicado é mais bem observado nas câmaras cardíacas direitas, devido à menor pressão de enchimento. Nos casos de hipertensão pulmonar grave, com pressões atrial e ventricular direitas muito elevadas, as mudanças no enchimento diastólico podem ser observadas primeiro nas câmaras cardíacas esquerdas.​

Classificação

Classificação clínica do tamponamento cardíaco

Tamponamento agudo

  • Esse tamponamento de início rápido é observado no trauma cardíaco/de grandes vasos, ou como uma complicação de procedimentos cardíacos invasivos.

  • Apresenta-se com as características clássicas da tríade de Beck (hipotensão, estase jugular e sons cardíacos hipofonéticos).

  • O derrame pode ser pequeno, dada a relativa falta de elasticidade do pericárdio.[3]

Tamponamento subagudo

  • Um processo mais gradual de acúmulo de líquido, permitindo o estiramento do pericárdio e derrames muito maiores que os observados no tamponamento agudo.[4]

  • É o tipo mais comum de tamponamento encontrado na prática.

  • Geralmente, é observado em pacientes com doença neoplásica, tuberculose, uremia ou doença idiopática. Os sintomas podem ser mais sutis e alguns ou todos os sinais da tríade de Beck podem estar ausentes.[4]

Tamponamento regional

  • Causado por um derrame pericárdico loculado ou um hematoma pericárdico compressivo que invade mecanicamente uma câmara do coração, prejudicando o enchimento normal.[4][5]

  • Os sintomas variam e o diagnóstico pode ser difícil com a ecocardiografia.

  • Observado localizado na região ventricular após um infarto do miocárdio, e no átrio posterior após uma cirurgia cardíaca aberta.[5]

Tamponamento de baixa pressão

  • Fisiologia de baixa pressão causada por um derrame pericárdico grande e hipovolemia concomitantes.[6][7]​ Há uma queda na pressão atrial direita, e uma pequena elevação na pressão intrapericárdica com um derrame pericárdico pode provocar um colapso da câmara.

  • Pode ser observado em estados hipovolêmicos associados com hemorragia, hemodiálise/ultrafiltração, menor ingestão oral reduzida e vômitos (geralmente em pacientes com câncer), ou diurese excessiva.[4][5][6]

  • Os sinais e sintomas típicos de instabilidade hemodinâmica normalmente estão ausentes.[4][6]​​

Pericardite efusiva-constritiva

  • Uma classificação incomum e distinta do tamponamento. Manifesta-se com características de pericardite efusiva aguda concomitante com tamponamento cardíaco e pericardite constritiva crônica.[4][8]​​

  • O tamponamento se desenvolve devido a uma combinação de derrame e restrição, como resultado de um pericárdio inflamado/cicatrizado.

  • Ocorre com mais frequência em indivíduos com neoplasias malignas ou exposição prévia a radiação.[9]

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