Abordagem

A American Academy of Ophthalmology apoia o encaminhamento imediato e apropriado de indivíduos a um oftalmologista quando apresentam pressão intraocular em nível anormal, perda transitória ou sustentada de qualquer parte do campo visual ou história familiar de glaucoma (especialmente se o paciente for de origem africana ou hispânica).[38]

Os objetivos do tratamento são reverter ou prevenir o fechamento angular, controlar a pressão intraocular (PIO) e evitar danos ao nervo óptico.[1]

O tratamento clínico inicial de um episódio agudo de glaucoma de ângulo fechado

O tratamento de um episódio agudo exige a redução da PIO elevada, potencialmente prejudicial, para aliviar a dor e reduzir o edema da córnea.[1]

Inibidores tópicos ou sistêmicos da anidrase carbônica, betabloqueadores tópicos e agonistas alfa-2 tópicos podem ser usados como terapias de primeira linha isoladamente, mas mais tipicamente em combinação. Esses medicamentos reduzem a PIO por meio da supressão da produção de humor aquoso.[1]​ Os betabloqueadores tópicos reduzem a PIO em aproximadamente 20% a 25%.[39]​ Os agonistas alfa-2 tópicos reduzem a PIO em aproximadamente 18% a 35%.[39]

Em pacientes nos quais se acredita que o fechamento angular se deva a bloqueio pupilar ou síndrome de íris em platô, os agentes colinérgicos tópicos (por exemplo, pilocarpina) devem ser iniciados depois que a PIO diminuir para <40 mmHg.[39]​ Os agentes colinérgicos são contraindicados no fechamento angular secundário a um mecanismo induzido pela lente ou ao desvio do aquoso; paradoxalmente, podem resultar em aprofundamento da câmara anterior e estreitamento do ângulo nesses olhos.[17]​ A endentação corneana pode ajudar a romper o bloqueio pupilar.[1]

Agentes hiperosmóticos sistêmicos devem ser usados caso os tratamentos médicos acima mencionados não sejam eficazes. Os agentes hiperosmóticos também são utilizados inicialmente quando as pressões estiverem excessivamente altas.[1]

Após a resolução do ataque agudo, o tratamento cirúrgico definitivo deve ser realizado dentro de 24 a 48 horas, com o objetivo de atingir um ângulo aberto persistente.

Manejo cirúrgico inicial de um episódio agudo de glaucoma de ângulo fechado

Caso não seja possível diminuir a pressão intraocular (PIO) com terapia medicamentosa, uma paracentese da câmara anterior pode oferecer resolução imediata.[40][41]​ Geralmente, isso resulta na eliminação do edema da córnea, o que pode facilitar uma iridotomia periférica a laser.[41]​​

Manejo cirúrgico definitivo para o glaucoma de ângulo fechado (GAF) crônico e após a resolução do ataque agudo

O tratamento definitivo visa alcançar um ângulo persistentemente aberto e o alívio do bloqueio pupilar. O tratamento de escolha é a iridotomia periférica a laser (IPL).[1][39]​ A IPL deve ser realizada no olho contralateral quando indicada (isto é, se o ângulo da câmara anterior for considerado anatomicamente estreito).[1]

Uma metanálise de dois ensaios clínicos randomizados e controlados revelou que os olhos tratados com iridotomia (procedimento em que um laser é usado para criar uma abertura na íris) apresentaram ângulos mais amplos em 1 e 5 anos, em comparação com os olhos que não receberam iridotomia.[42]​ Os olhos submetidos à iridotomia apresentaram menos sinéquias anteriores periféricas (SAP) após 5 anos do que os olhos que não foram submetidos à iridotomia.[42]​ Os efeitos da iridotomia na pressão ocular e na visão foram, no entanto, limitados. Vale ressaltar que os estudos incluídos na metanálise recrutaram pacientes com risco de desenvolver glaucoma primário de ângulo fechado (GPAF), e não pacientes com GPAF.

Os fatores associados ao fechamento angular persistente após a IPL incluem ângulo mais estreito, íris espessa, corpo ciliar posicionado anteriormente e maior cavidade do cristalino.[43]​ Caso a iridotomia fique ocluída, o bloqueio pupilar pode recorrer, sendo indicada a repetição da iridotomia. Pode ser necessário retratamento com cirurgia a laser ou iridectomia cirúrgica.[1]

Iridoplastia a laser

A iridoplastia a laser pode ser considerada na presença de uma IPL patente com um ângulo de aposição residual.[1]​ Neste procedimento, utiliza-se um laser de argônio para fazer queimaduras com retração em toda a circunferência da íris periférica, a fim de empurrá-la para longe da RT.[44]

Cirurgia de extração da lente

Se o fechamento angular residual for atribuído à lente, deve-se considerar uma cirurgia de extração da lente, com ou sem goniossinequiálise. A extração precoce da lente pode proporcionar um melhor controle da PIO em longo prazo e reduzir a necessidade de medicamentos adicionais para glaucoma, em comparação com a IPL.[45][46]

Os agentes colinérgicos podem ser usados caso haja fechamento angular residual após o tratamento com laser.

PIO persistentemente elevada em pacientes com GAF agudo ou crônico, apesar da cirurgia

Caso a PIO permaneça elevada após a cirurgia, o manejo inicial consiste na administração de medicamentos para reduzir a PIO. As opções de primeira linha incluem um análogo tópico da prostaglandina e/ou um betabloqueador tópico e/ou um agonista alfa-2 tópico.[1]

Os análogos tópicos de prostaglandinas são potentes agentes redutores da PIO e devem ser usados como primeira opção.[47][48]​ Eles atuam aumentando o fluxo uveoescleral e atingem o pico de eficácia de 8 a 12 horas após a administração.[39]​ Os betabloqueadores tópicos e os agonistas alfa-2 são normalmente usados isoladamente ou em combinação, a critério do médico.

A terapia crônica com inibidores sistêmicos da anidrase carbônica está associada a muitos efeitos adversos e deve ser reservada para pacientes com glaucoma refratário a outros tratamentos clínicos.[39]

​Não é comum que a PIO se mantenha elevada mesmo tomando-se todas essas medidas; nesse caso, indica-se cirurgia para diminuir a PIO, como trabeculectomia ou implante de tubo.[49][50] [ Cochrane Clinical Answers logo ] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Episódio repetido de GAF agudo

Se o mecanismo de fechamento angular não tiver sido eliminado, pode ocorrer um novo episódio agudo. Nesse evento, o médico deve procurar o mecanismo específico daquele fechamento angular e tratá-lo de acordo. Também é importante verificar se a iridotomia periférica está patente.

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