Critérios
Critérios do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, quinta edição, texto revisado (DSM-5-TR)[1]
O DSM-5-TR da American Psychiatric Association oferece critérios operacionais a serem usados para estabelecer um diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). O TOC é classificado no capítulo geral sobre "Transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos associados".
Deve apresentar obsessões e/ou compulsões.
As obsessões ou compulsões consomem tempo (por exemplo, mais de 1 hora por dia) ou causam sofrimento clinicamente significativo ou comprometimento nas áreas social, ocupacional ou em outras áreas importantes de funcionamento.
Essas obsessões e/ou compulsões não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de outra condição clínica.
O transtorno não é melhor explicado por sintomas de outro transtorno mental, como preocupações excessivas no contexto de um transtorno de ansiedade generalizada ou com comportamentos alimentares ritualizados no contexto de um transtorno alimentar.
As obsessões são:
Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes experienciados, em algum momento do distúrbio, como intrusivos e indesejados, causando, na maioria dos indivíduos, ansiedade ou sofrimento acentuado.
Há alguma tentativa por parte da pessoa afetada de ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens, ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação (isto é, realizando uma compulsão).
As compulsões são:
Comportamentos repetitivos (por exemplo, lavar as mãos, organizar, verificar) ou ações mentais (por exemplo, rezar, contar, repetir palavras silenciosamente) que a pessoa se sente compelida a realizar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser rigorosamente aplicadas.
Esses comportamentos ou atos mentais são realizados para evitar ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento, ou evitar algum evento ou uma situação temida. No entanto, eles são claramente excessivos ou não estão associados de um modo realista ao que eles devem neutralizar ou evitar.
No diagnóstico, especifique o nível de esclarecimento do paciente. Observe que isso pode variar ao longo do ciclo da doença.
Com insight bom ou razoável: o indivíduo reconhece que suas crenças no TOC definitivamente ou provavelmente não são reais ou que podem ou não ser reais.
Com baixo insight: o indivíduo pensa que as crenças no TOC são provavelmente reais.
Com crenças delirantes/insight ausente: o indivíduo está completamente convencido de que suas crenças no TOC são reais.
Não estabeleça, para esses pacientes, um diagnóstico adicional de um transtorno psicótico, a menos que suas crenças delirantes envolvam conteúdo que vá além do que é característico do transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados (por exemplo, um indivíduo com transtorno dismórfico corporal que está convencido de que seu alimento foi envenenado).
Especifique também se o distúrbio está relacionado a um tique (isto é, se o paciente apresenta história atual ou pregressa de um transtorno de tique).
Definição da Classificação Internacional de Doenças, 11ª revisão (CID-11)[7]
Publicada pela Organização Mundial da Saúde, a CID-11 oferece uma definição de TOC reconhecida internacionalmente. Ela classifica o TOC no capítulo "Transtornos mentais, comportamentais ou do neurodesenvolvimento" na seção "Transtorno obsessivo-compulsivo ou transtornos relacionados".
Características diagnósticas essenciais
Presença de obsessões e/ou compulsões persistentes:
As obsessões são pensamentos repetitivos e persistentes (por exemplo, de contaminação), imagens (por exemplo, de cenas violentas) ou impulsos/desejos (por exemplo, de esfaquear alguém) que são sentidos como intrusivos ou indesejados e estão comumente associados com ansiedade. Normalmente, o indivíduo tenta ignorar ou suprimir as obsessões ou neutralizá-las ao realizar compulsões.
Compulsões são comportamentos ou rituais repetitivos, incluindo atos mentais repetitivos, que o indivíduo se sente compelido a fazer em resposta a uma obsessão, de acordo com regras rígidas ou para alcançar a sensação de completude. Exemplos de comportamentos evidentes incluem lavagem, verificação e organização repetitiva de objetos. Exemplos de atos mentais análogos incluem repetir mentalmente frases específicas para evitar desfechos negativos, revisar uma memória para ter certeza de que não se causou um dano e contar objetos mentalmente. As compulsões não estão conectadas de maneira realista com o evento temido (por exemplo, organizar itens de maneira simétrica para evitar danos a um ente querido) ou são claramente excessivas (por exemplo, tomar banho durante horas todos os dias para prevenir doenças).
As obsessões e compulsões consomem tempo (por exemplo, mais de 1 hora por dia) ou resultam em sofrimento ou comprometimento significativos nas áreas pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou em outras áreas importantes de funcionamento. Se as funções forem mantidas, isso só se dá por meio de esforços adicionais significativos.
Os sintomas ou comportamentos não são uma manifestação de outra doença (por exemplo, AVC isquêmico dos gânglios da base) e não são decorrentes dos efeitos de uma substância ou medicamento sobre o sistema nervoso central (por exemplo, anfetamina), incluindo efeitos de abstinência.
Especificadores do esclarecimento
Médio a bom esclarecimentos: na maior parte do tempo, o indivíduo é capaz de cogitar a possibilidade de que as crenças específicas do seu transtorno podem não ser verdadeiras, e está disposto a aceitar uma explicação alternativa para a experiência. O nível do especificador ainda pode ser aplicado se, em momentos específicos (por exemplo, quando muito ansioso), o indivíduo não demonstra esclarecimento.
Pouco ou nenhum esclarecimento: na maior parte do tempo ou o tempo todo, o indivíduo está convencido de que as crenças específicas do transtorno são verdadeiras e não aceita uma explicação alternativa para sua experiência. A ausência de esclarecimento apresentada pelo indivíduo não varia de maneira acentuada em função do nível de ansiedade.
Escala de Sintomas Obsessivo-Compulsivos de Yale-Brown (Y-BOCS)[37]
A Escala de Sintomas Obsessivo-Compulsivos de Yale-Brown (Y-BOCS) é a medida mais usada dos sintomas de TOC. Ela pode ser usada como um instrumento de autoavaliação ou uma entrevista semiestruturada, e tem sido válida nos casos de TOC. A Y-BOCS existe na versão para adultos e para crianças.[37] Essa escala não é uma ferramenta diagnóstica, mas uma medida confiável da gravidade do sintoma. A Y-BOCS tem um checklist dos sintomas e uma escala de classificação de gravidade. O checklist de sintomas da Y-BOCS também fornece ao terapeuta informações sobre as áreas problemáticas que precisam ser mais enfocadas no tratamento. A escala de gravidade da Y-BOCS consiste em 10 perguntas: 5 sobre obsessões e 5 sobre compulsões. Essa escala deve ser administrada para os pacientes que estejam começando o tratamento de TOC e deve ser readministrada periodicamente, talvez a cada 6 meses, para acompanhar o progresso do tratamento. A definição de resposta e ausência de resposta ao tratamento se baseia na Y-BOCS.
0 a 7: subclínica/assintomática
8 a 15: sintomas leves
16 a 23: sintomas moderados
24 a 31: sintomas graves
32 a 40: extremamente graves
Impressão clínica global (CGI)
A CGI é usada para avaliar a gravidade clínica geral de qualquer transtorno mental. Ela foi desenvolvida para ser usada nos ensaios clínicos patrocinados pelo National Institute of Mental Health (NIMH) para fornecer uma avaliação breve, através de um único item, da visão clínica sobre o funcionamento global do paciente antes e depois de iniciar um medicamento em estudo. É composta por medidas de 1 item de 2 acompanhantes que avaliam o seguinte: a) gravidade da psicopatologia em uma escala de 1 a 7 e b) mudança desde o início do tratamento em uma escala semelhante de 7 pontos. O formato de resposta da CGI é:
0: não avaliado
1: normal, não está doente
2: limítrofe para doença mental
3: levemente doente
4: moderadamente doente
5: acentuadamente doente
6: gravemente doente
7: entre os pacientes mais extremamente doentes
Nível de resposta[25]
Estágio I: Recuperação
Escala de Sintomas obsessivo-compulsivos de Yale-Brown (Y-BOCS) <8
Estágio II: Remissão
Y-BOCS <16
Estágio III: Resposta completa
Redução de 35% ou mais no escore de Y-BOCS
Impressão Clínica Global (CGI) 1 ou 2
Estágio IV: Resposta parcial
Redução de 25% a 35% no escore de Y-BOCS
Estágio V: Não resposta
Redução de <25% no escore de Y-BOCS
CGI 4
Estágio VI: Recidiva
CGI 6 ou aumento de 25% no escore de remissão de Y-BOCS depois de mais de 3 meses de tratamento adequado
Estágio VII: Refratário
Nenhuma alteração e nenhum agravamento com todas as terapêuticas disponíveis
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