Etiologia

A etiologia de granulomatose com poliangiite (GPA; anteriormente conhecida como granulomatose de Wegener) é pouco compreendida.[13] Uma etiologia imunológica não infecciosa foi proposta, com base em diversos fatores:

  • presença de anticorpos anticitoplasma de neutrófilo (ANCA) na maioria dos casos

  • achados in vitro de suporte

  • falta de evidência sugestiva de agente causador infeccioso

  • associação com outras doenças autoimunes (especialmente doença autoimune tireoidiana)

  • resposta à terapia imunossupressora.

Embora o risco de GPA em parentes de primeiro grau seja, em geral, baixo, é indiscutível que fatores genéticos possam ser importantes.[14] Um estudo de associação genômica ampla demonstrou uma associação entre a antiproteinase 3 ANCA e HLA-DP, alfa 1-antitripsina e proteinase 3.[15] Sílica, metais pesados e outros produtos químicos foram propostos como possíveis gatilhos ambientais, mas nenhuma ligação foi definitivamente comprovada.[16] Flutuações anuais e variações sazonais na incidência da doença sugerem uma possível influência de infecções como fator desencadeante da doença, mas essas observações não são consistentes entre os estudos e ainda não foram identificados agentes infecciosos específicos.[16] Embora o carreamento nasal de Staphylococcus aureus possa ser um fator de risco para recidiva da doença em pacientes com GPA já estabelecida, não foi claramente demonstrado que a erradicação do S aureus reduza o risco de recidiva.[17]

Fisiopatologia

Em geral, a granulomatose com poliangiíte (GPA) tem como alvos as artérias de pequeno e médio calibres e as arteríolas. Inflamação granulomatosa e vasculite são as características histopatológicas marcantes da doença. Também pode ser observada formação evidente de granuloma. A inflamação necrosante é característica. Quando há necrose em uma grande área confluente (geralmente observada em biópsia pulmonar a céu aberto), essa pode ser descrita como uma necrose geográfica. Em geral, imunofluorescência e microscopia eletrônica dos tecidos afetados revelam poucos imunodepósitos, ou nenhum. Nos rins, essa condição é chamada de glomerulonefrite pauci-imune. Essa característica ajuda a distinguir a GPA de outras inflamações sistêmicas, como o lúpus eritematoso sistêmico (LES) e a endocardite infecciosa, nas quais se espera o depósito de imunocomplexos.

A associação de anticorpos anticitoplasma de neutrófilo (ANCA) com a GPA foi observada há mais de 20 anos.[18] Existem algumas evidências sugestivas de que os ANCAs podem estar envolvidos na patogênese da doença, embora isso não tenha sido claramente estabelecido.[13] O próprio sistema imunológico também tem implicação: células T estão envolvidas na formação e manutenção do granuloma, e também foram descritas células T autorreativas específicas para PR3.[19] A eficácia relatada para o tratamento de depleção de células B com rituximabe sugere que essas células podem ter uma participação importante na patogênese da doença. Os efeitos relevantes das células B nesse contexto incluem produção de citocinas, apresentação de antígenos e produção de ANCA.[20]

Classificação

Classificação clínica

Atualmente, não existe uma classificação formal que seja aceita para os subtipos da doença e validada na prática médica. A diferenciação dos pacientes com doença sistêmica e limitada com base na presença ou ausência de comprometimento renal pode ser equivocada, uma vez que a maioria dos pacientes que inicialmente parece ter granulomatose com poliangiíte (GPA) limitada desenvolvem doença renal durante a evolução da doença. Portanto, é melhor evitar esses termos.

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