Etiologia

Acredita-se que os tumores neuroendócrinos (TNEs) do intestino derivem de células do sistema endócrino difuso. Essas células são caracterizadas pela produção de uma grande variedade de peptídeos hormonais e outras substâncias bioativas.[10] Os tumores do intestino médio que causam síndrome carcinoide variam de tumores endócrinos benignos bem diferenciados a tumores endócrinos de baixo grau de malignidade.[11] Ocasionalmente, alguns tumores do intestino médio podem ser carcinomas endócrinos pouco diferenciados.

Aproximadamente 40% dos TNEs são funcionais. A síndrome carcinoide ocorre em 20% a 30% dos pacientes com tumores carcinoides do intestino médio e em aproximadamente 5% dos carcinoides brônquicos. Outros tumores do intestino anterior (por exemplo, TNEs pancreáticos) podem causar síndrome carcinoide, embora isso seja incomum (1%). Geralmente os tumores do intestino posterior são não funcionais e somente em alguns casos provocam síndrome carcinoide. A síndrome carcinoide é geralmente observada em pacientes com metástases hepáticas (95% dos pacientes), mas o excesso de produção de taquiquinina, serotonina (5-hidroxitriptamina) decorrente de metástases retroperitoneais ou tumores ovarianos pode ultrapassar o fígado e circulação sistêmica.

Fisiopatologia

Tumores neuroendócrinos geralmente secretam aminas biogênicas na circulação. Entretanto, quando o local primário está dentro do intestino, as aminas secretadas são degradadas pelo fígado, e os sintomas geralmente não ocorrem.[12] Quando há presença de metástases hepáticas, essas aminas drenam para a circulação antes de serem quebradas e, por isso, causam síndrome carcinoide.[13] Os produtos secretores mais proeminentes dos tumores carcinoides são aminas, calicreína e prostaglandinas. Uma dessas aminas é a serotonina. Normalmente a serotonina é sintetizada a partir do triptofano e, em seguida, é metabolizada pela monoaminoxidase para ácido 5-hidroxindolacético, que posteriormente é secretado na urina.[14] Em pessoas saudáveis, aproximadamente 99% do triptofano são usados para a síntese do ácido nicotínico e <1% é convertido em serotonina. Entretanto, em pacientes com tumores carcinoides, existe uma mudança em relação à produção de serotonina. A produção aumentada de serotonina e outros produtos e sua liberação direta na circulação sistêmica, decorrente de metástases hepáticas, leva ao desenvolvimento da síndrome carcinoide.[15]

Classificação

Funcional/não funcional

Os tumores podem ser não funcionais ou funcionais, dependendo se eles secretam ou não peptídeos que causam síndromes (por exemplo, serotonina e quininas liberadas por tumores neuroendócrinos [TNEs] que causam síndrome carcinoide).

Intestino anterior/médio/posterior

Os tumores podem ser divididos conforme a origem embriológica:

  • Intestino anterior: da boca ao duodeno

  • Intestino médio: do jejuno ao cólon ascendente

  • Intestino posterior: o restante do cólon e o reto

TNEs brônquicos típicos/atípicos

Tumores carcinoides típicos geralmente apresentam crescimento mais lento e são menos propensos à metástase que tumores atípicos. Tumores carcinoides atípicos são mais agressivos que tumores típicos, com uma taxa mais elevada de metástases.

Histopatologia[1]​​

A OMS atualizou a classificação histológica das neoplasias neuroendócrinas (NNEs). Esses tumores são agora chamados coletivamente de NNEs e são divididos em duas categorias com base na diferenciação:[2]

  • Tumores bem diferenciados, denominados TNEs

  • Cânceres pouco diferenciados, denominados carcinomas neuroendócrinos (CNEs)

O sistema de classificação para NNEs permanece praticamente o mesmo, com TNEs bem diferenciados sendo classificados em Grau 1 (G1), Grau 2 (G2) e Grau 3 (G3) com base em seu índice de proliferação Ki-67. CNEs pouco diferenciados são sempre classificados como tumores de alto grau (G3) devido à sua natureza agressiva.

NNE bem diferenciada

  • Grau 1

  • Grau 2

  • Grau 3

NNE pouco diferenciada

  • CNE (alto grau)

    • Tipo de células pequenas (CNECP)

    • Tipo de células grandes (CNECG)

  • Neoplasia endócrina e não endócrina mista (MiNEN) (grau 1-3)

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