Monitoramento
A frequência de monitoramento de pacientes com esclerose múltipla (EM) depende da condição do paciente.
Pacientes que sofrem uma recidiva devem ser observados pelo profissional de saúde no momento da recidiva ou logo após para determinar se há necessidade de manejo do quadro agudo e de avaliar o impacto da recidiva na escolha da terapia em curso.
Os pacientes, em sua maioria, precisam ser observados apenas a cada 6 a 12 meses se estiverem relativamente estáveis e não precisarem alterar a medicação para a terapia sintomática ou modificadora da doença.
Alguns médicos fazem o teste de caminhada cronometrada de 25 pés (T25FW) e o teste dos 9 pinos nos buracos (9-PnB) como medidas quantitativas da função para comparação entre as consultas.[204] A diferença clínica minimamente importante para melhoras do teste T25FW é estimada em 20% para pacientes com EM.[205]
Desfechos relatados por pacientes específicos da EM
Já foram identificados desfechos específicos da EM relatados por pacientes. A avaliação de mais de 80 ferramentas de desfechos relatados por pacientes, específicas da EM, respaldam o uso da Escala de Impacto da Esclerose Múltipla (MSIS-29; que mede o impacto físico e psicológico da EM) e a Escala de Leeds para a Qualidade de Vida com Esclerose Múltipla (LMSQOL). No entanto, uma revisão sistemática concluiu que são necessários novos instrumentos específicos para populações com EM progressiva primária e secundária.[206]
Avaliação laboratorial contínua
Os pacientes com EM têm uma incidência mais elevada de diabetes e de deficiência de vitamina B12, vitamina D e da tireoide que a população em geral, e exames de sangue apropriados devem ser realizados para verificar se essas condições estão presentes na ocasião, particularmente em pacientes com fadiga.
A necessidade de monitoramento adicional dos exames de sangue depende do agente modificador da doença utilizado.
Não é necessário monitoramento se o agente utilizado for o glatirâmer. Pacientes que tomam interferonas, fingolimode e natalizumabe devem fazer hemograma completo e testes de função hepática a cada 3 a 6 meses. O teste do título de anticorpos para o vírus John Cunningham (JCV) também deve ser feito no início para pacientes que tomam natalizumabe. Já foram publicadas recomendações de painéis de especialistas sobre a estratificação e o monitoramento contínuo do risco de leucoencefalopatia multifocal progressiva associado ao natalizumabe.[100]
Agentes imunossupressores, como o metotrexato e a azatioprina, exigem um monitoramento frequente da função hepática e hemogramas. Para pacientes que fazem uso de fingolimode, o monitoramento deve incluir a repetição o exame oftalmológico após 3 a 4 meses do início do tratamento. Os pacientes devem também ser monitorados rigorosamente quanto à presença de evidências de exacerbação da EM após a interrupção do tratamento com fingolimode.[93]
O alentuzumabe requer monitorização mensal de sangue e urina por 48 meses após a última infusão através de avaliação de risco rigorosa e estratégia de mitigação.
O impacto clínico e radiográfico dos anticorpos neutralizantes no betainterferona 1b ainda não está claro.[207]
Monitoramento por ressonância nuclear magnética (RNM)
Deve ser realizada uma RNM cranioencefálica de 3 a 6 meses após o início ou a troca da terapia modificadora da doença; um intervalo mais longo pode ser considerado para pacientes tratados com terapia modificadora da doença de ação lenta. Deve ser usado o mesmo protocolo da RNM inicial.[3]
Recomenda-se uma RNM anual em pacientes clinicamente estáveis, a fim de monitorar a presença de nova atividade da doença; os exames de imagem devem ser realizados com mais frequência se houver preocupações.[3][208]
A RNM também é usada para monitorar complicações do tratamento, como leucoencefalopatia multifocal progressiva.[3]
O exame de imagem da medula espinhal deve ser considerado em pacientes com fenótipo de medula espinhal (algumas lesões cerebrais), recidiva da medula espinhal ou incapacidade progressiva que não pode ser explicada por achados da RNM cranioencefálica.[3] A RNM da medula espinhal não é recomendada para acompanhamento de rotina para monitorar a atividade da doença em outros pacientes com EM.
A necessidade de RNM para monitoramento durante a gestação deve ser avaliada caso a caso; por exemplo, pode ser adequada para uma paciente com atividade da doença inesperada. Agentes de contraste baseados em gadolínio são contraindicados durante a gravidez.[3]
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