História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
comuns
presença de fatores de risco
Os fatores de risco importantes para câncer esofágico incluem sexo masculino; idade avançada; uso do tabaco; ingestão excessiva de álcool; esôfago de Barrett; DRGE; hérnia de hiato; história familiar de câncer esofágico ou outro; baixo nível socioeconômico; raça não branca; bebidas e alimentos de alta temperatura; beber mate; uma dieta pobre em frutas e vegetais frescos; e a presença de síndromes neoplásicas hereditárias.
disfagia
O sintoma manifesto mais comum de câncer esofágico.
A disfagia geralmente ocorre somente após haver obstrução de mais de dois terços do lúmen. Os pacientes afetados geralmente terão evoluído para doença localmente avançada com tumores pelo menos T3 e doença potencialmente linfonodal no momento do diagnóstico.
odinofagia
Dor à deglutição é um dos sinais de tumor localmente avançado, com possível invasão das vias aéreas ou do mediastino.
perda de peso
Um dos sinais mais comuns na apresentação. Mais de 50% dos pacientes perdem >5% do peso corporal antes da internação para esofagectomia, e 40% dos pacientes perdem >10%. A perda de peso (independente do índice de massa corporal) está associada com o aumento do risco operatório, redução da qualidade de vida e sobrevida desfavorável na doença avançada.[88]
Quando não associada com odinofagia ou disfagia, a perda de peso pode ser negligenciada e contribuir para uma manifestação tardia.
As diretrizes da European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN) podem ser usadas para auxiliar na avaliação e no manejo do quadro nutricional.[115]
Outros fatores diagnósticos
Incomuns
soluços
O comprometimento do nervo frênico pode desencadear soluços.
tosse pós-prandial/paroxística
Isso pode indicar a presença de uma fístula esofagotraqueal ou esofagobronquial, resultante de invasão local por um tumor.
Fatores de risco
Fortes
sexo masculino
O sexo masculino é um fator de risco tanto para o carcinoma de células escamosas esofágico quanto para o adenocarcinoma esofágico.[20][21] Aproximadamente 70% dos casos ocorrem em homens.[6][7]
Entre 2016 e 2020, a taxa ajustada à idade de novos casos de câncer esofágico nos EUA foi de 7.1 por 100,000 em homens e 1.7 por 100,000 em mulheres.[7]
A diferença não pode ser originária de outros fatores de risco (por exemplo, doença do refluxo gastroesofágico, obesidade), pois estes estão igualmente divididos entre os sexos.[22]
idade avançada
O risco de câncer esofágico aumenta com a idade, com pico de incidência entre 80 e 84 anos.[19]
tabagismo
O tabagismo aumenta bastante o risco de carcinoma de células escamosas esofágico (CCEO) e aumenta moderadamente o risco de adenocarcinoma esofágico (ACE).[25]
Fumantes atuais apresentam um aumento do risco de nove vezes de CCEO em comparação com não fumantes.[26] O tabagismo aumenta o risco de ACE e adenocarcinoma da junção esofagogástrica em aproximadamente duas a três vezes.[26][27]
Com relação ao CCEO, parece haver um efeito sinérgico na presença do consumo de álcool.[44][45]
uso excessivo de álcool (carcinoma de células escamosas)
O risco relativo (RR) de carcinoma de células escamosas esofágico (CCEE) é maior em etilistas, em comparação com indivíduos que não bebem ou que bebem ocasionalmente (RR 4.95, IC de 95% 3.86 a 6.34).[43] Parece haver um efeito sinérgico na presença de fumaça de tabaco.[44][45]
Existem poucas evidências quanto a uma associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e adenocarcinoma esofágico.[69][70]
Esôfago de Barrett (adenocarcinoma)
O esôfago de Barrett (metaplasia da mucosa do esôfago distal) é causado por refluxo gastroesofágico de longa duração. Ele é uma condição pré-maligna para o desenvolvimento de adenocarcinoma esofágico (ACE).[28]
O risco de evolução do esôfago de Barrett para ACE está correlacionado com o grau de displasia presente. A taxa de progressão anual de displasia de baixo grau para displasia de alto grau ou ACE é de 4%; o risco anual de progressão de displasia de alto grau para ACE é de 25%.[30]
Foi descrita uma forma familiar do esôfago de Barrett, com múltiplos relatos de agrupamentos familiares de pacientes com essa afecção. Em uma análise do banco de dados de pacientes diagnosticados com esôfago de Barrett ou ACE nos Países Baixos, 7% dos casos foram familiares. Nesses casos, a idade média dos pacientes é menor no início dos sintomas de refluxo e no diagnóstico de ACE, em comparação com os casos não familiares, o que sugere uma possível predisposição hereditária para esôfago de Barrett e/ou ACE em alguns indivíduos.[31]
DRGE (adenocarcinoma)
Um estudo do tipo caso-controle de base populacional revelou que as pessoas com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) tiveram um aumento de sete vezes no risco de desenvolvimento de adenocarcinoma esofágico (ACE), em comparação com as pessoas sem DRGE.[32]
Sintomas mais frequentes, mais graves e duradouros foram associados a um maior risco de câncer.[32]
O uso de teofilinas ou medicamentos anticolinérgicos para relaxar o esfíncter esofágico inferior tem sido associado a um aumento modesto do risco de ACE, embora a associação possa ser confundida pela presença de asma concomitante ou doença pulmonar obstrutiva crônica.[33]
hérnia de hiato (adenocarcinoma)
A presença de hérnia de hiato aumenta o risco de adenocarcinoma de duas a seis vezes, mais provavelmente em virtude do aumento do refluxo gastroesofágico.[25]
história familiar de câncer esofágico ou outro tipo de câncer (carcinoma de células escamosas)
Em um estudo de coorte populacional de controle, o risco cumulativo de câncer esofágico até os 75 anos foi de 12.2% em parentes de primeiro grau de indivíduos com carcinoma de células escamosas esofágico (CCEO) e de 7.0% no grupo de controle (razão de riscos [RR] 1.91, IC de 95% 1.54 a 2.37).[54]
O aumento do risco de CCEE foi associado com a história familiar de qualquer tipo de câncer.[55]
condição socioeconômica baixa
Um grande número de estudos epidemiológicos nos EUA confirmou que o risco de câncer esofágico é mais elevado em populações de condição socioeconômica mais baixa.[25]
Diversos indicadores de condições socioeconômicas foram usados nesses estudos, a maioria relatando um risco duas a quatro vezes maior entre indivíduos com condição socioeconômica mais baixa em comparação com indivíduos com condição socioeconômica mais elevada.[25]
raça não branca (carcinoma de células escamosas)
bebidas e alimentos em alta temperatura (carcinoma de células escamosas)
consumo de chimarrão (carcinoma de células escamosas)
O consumo de chimarrão está associado ao aumento do risco de carcinoma de células escamosas esofágico.[56][57] Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e lesão térmica foram implicados.[25]
O chimarrão é uma infusão da erva Ilex paraguayensis (erva-mate). É comumente consumido no sul do Brasil, nordeste da Argentina, Uruguai e Paraguai.[71] Essas regiões também têm os riscos mais elevados de câncer esofágico na América do Sul (principalmente carcinoma de células escamosas).[72][73]
baixa ingestão de frutas e verduras frescas
síndromes de cânceres hereditários
A tilose (também conhecida como queratoderma palmoplantar não epidermolítico, ou síndrome de Howel-Evans) é uma síndrome autossômica dominante rara causada por mutações das linhas germinativas no gene RHBDF2. Ela está associada a um aumento do risco vitalício de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas esofágico (CCEO), com uma idade média de 45 anos ao diagnóstico. O rastreamento de rotina por endoscopia digestiva alta é recomendado para os pacientes e seus familiares a partir de 20 anos de idade.[15]
A síndrome de Bloom é um distúrbio autossômico recessivo raro, causado por uma mutação no gene BLM, que codifica a enzima de reparo do DNA RecQL3 helicase.[65] Está associada ao aumento do risco de desenvolvimento de múltiplos cânceres, especialmente linfoma e leucemia mieloide aguda, neoplasias dos tratos gastrointestinais inferior e superior (inclusive CCEO), câncer de pele e cânceres da genitália e do trato urinário.[65] O rastreamento para a doença do refluxo gastroesofágico (com ou sem endoscopia para detectar câncer esofágico inicial) pode ser considerado.[15]
A anemia de Fanconi (AF) é uma condição autossômica recessiva causada por mutações na linha germinativa de qualquer um dos pelo menos 21 genes associados com a via da AF, a qual tem um papel na reparação do DNA. Ela se apresenta com anormalidades congênitas, pancitopenia progressiva e predisposição para o câncer (neoplasias hematológicas e tumores de órgãos sólidos, particularmente carcinomas de células escamosas, inclusive CCEO).[66] A endoscopia digestiva alta pode ser considerada como uma estratégia de rastreamento.[15]
Fracos
obesidade (adenocarcinoma)
O IMC elevado é um fator de risco para o adenocarcinoma esofágico (ACE), independentemente da presença de doença do refluxo gastroesofágico.[34][35][36][37]
Estudos do tipo caso-controle demonstram uma relação dose-dependente entre o IMC e o ACE.[37][38]
Foi relatada uma associação inversa entre IMC e risco de carcinoma de células escamosas esofágico.[34][36][39][40]
papilomavírus humano (carcinoma de células escamosas)
acalasia
deficiências de vitaminas e minerais (carcinoma de células escamosas)
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