Prevenção primária
Os estreptococos do grupo B (EGB) são a causa principal de sepse neonatal e são adquiridos antes do nascimento, por meio da colonização da vagina materna. Estudos mostraram que o rastreamento ativo para a colonização, juntamente com a administração de antibióticos intraparto a portadoras e grupos de risco, reduziu a incidência de infecção por EGB de início precoce e é um meio de prevenção recomendado nos EUA.[6][55][56] Entretanto, a eficácia do rastreamento foi debatida em uma revisão sistemática. A revisão concluiu que apesar da administração de antibióticos intraparto em mães colonizadas por EGB parecerem reduzir a doença por EGB de início precoce, isso poderia ser o resultado de um viés no desenho e na execução do estudo. Além disso, a revisão observou que a profilaxia antibiótica intraparto não reduziu significativamente a incidência de mortalidade por todas as causas, mortalidade por infecção por EGB ou infecções causadas por outras bactérias.[57] O American College of Obstetricians and Gynecologists recomenda a estratégia de rastreamento para a prevenção da infecção por EGB de início precoce.[6] As diretrizes locais também devem ser consultadas.
Na prática clínica, as pacientes com indicação para profilaxia antibiótica intraparto devem receber benzilpenicilina ou ampicilina até o parto. Os antibióticos recomendados para pacientes com alergia à penicilina dependem do risco de anafilaxia, angioedema, dificuldade respiratória ou urticária, após a administração de penicilina ou de uma cefalosporina. As pacientes com alergia à penicilina e baixo risco de anafilaxia (com base na história clínica) devem receber cefazolina até o parto. A profilaxia para os que têm alto risco de anafilaxia depende dos testes de suscetibilidade antimicrobiana. Se o isolado não mostrar resistência induzida e for sensível, deve ser administrada clindamicina até o parto, ao passo que, se houver resistência ou resistência induzida e não for conhecida a sensibilidade, deve ser administrada a vancomicina até o parto. Para determinar o manejo neonatal, a profilaxia antibiótica materna é somente considerada suficiente se a penicilina, ampicilina ou cefazolina for continuada por, no mínimo, 4 horas antes do parto. A profilaxia materna com clindamicina ou vancomicina não é considerada suficiente em relação ao neonato independentemente da duração da administração.[6]
Os swabs retais e vaginais devem ser obtidos imediatamente para cultura de EGB e a profilaxia do EGB deve ser iniciada se surgirem sinais e sintomas de parto prematuro (gestação <37 semanas, 0 dias). Se o verdadeiro trabalho de parto é iniciado, a profilaxia deve ser continuada até o parto, a menos que resultados negativos de cultura de amostras obtidas nas 5 semanas anteriores estejam disponíveis. Se o parto não ocorrer nesse momento, esses resultados de cultura podem ser usados para informar o status do EGB no início do verdadeiro trabalho de parto. As culturas devem ser repetidas nas semanas de gestação de 36 a 37, se o parto ainda não tiver ocorrido.[6]
Em caso de ruptura prematura de membranas (RPM), as culturas de EGB devem ser obtidas e a profilaxia iniciada. Se o trabalho de parto não tiver começado, os antibióticos profiláticos devem ser continuados por 48 horas e mais antibióticos devem ser administrados no início do verdadeiro trabalho de parto, se os resultados da cultura forem positivos.[6]
Em adultos não gestantes, a infecção pode ser prevenida por meio da atenção aos fatores predisponentes (por exemplo, cuidados com a pele, cuidado com cateteres venosos centrais ou urinários e lavagem das mãos) e com o manejo e a modulação dos fatores de risco (por exemplo, diabetes, imunossupressão).[13][58]
Atualmente, não há medidas de prevenção primária para a infecção neonatal de início tardio ou infecção em bebês, crianças ou gestantes. No entanto, em 2015, a Organização Mundial da Saúde identificou o desenvolvimento de vacinas contra GBS como uma prioridade global e, desde então, publicou um relatório descrevendo a justificativa de saúdepública para um programa de imunização materna. Os candidatos à vacina materna continuam em ensaios clínicos de fase 2.[59]
Embora a clorexidina vaginal resulte em redução estatisticamente significativa da colonização de neonatos, os estudos não mostraram uma redução em outros desfechos. Portanto, não há evidências para dar suporte à clorexidina vaginal como meio de prevenção da doença por EGB de início precoce.[60][61][62]
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Indicações para antibióticos intraparto:[6][55][63]
Bebê prévio com doença por EGB
Colonização por GBS, bacteriúria ou infecção durante a gestação atual
Colonização por GBS, bacteriúria ou infecção em gestação prévia (desnecessário caso o rastreamento por cultura ou reação em cadeia da polimerase tenha sido realizado entre 35 e 37 semanas de gestação [36 e 37 semanas de gestação nos EUA] ou 3 a 5 semanas antes da data prevista do parto, se a gestação atual for negativa)
Parto com <37 semanas de gestação (não necessária, se o resultado da cultura de rastreamento obtida nas 5 semanas anteriores for negativo)
Status desconhecido de GBS e temperatura intraparto ≥38°C (100.4°F) OU ruptura prematura de membranas ≥18 horas
Antibióticos clinicamente indicados (por exemplo, infecção do trato urinário ou corioamnionite).
Antibióticos intraparto não são recomendados para mulheres submetidas a parto cesáreo pré-termo planejado com membranas intactas.[6][55]
Prevenção secundária
Mulheres que têm bebês com infecção por EGB devem ser aconselhadas a se submeterem à profilaxia antibiótica durante gestações futuras.
Para diagnosticar a infecção por EGB de início precoce, o manejo de neonatos deve estar em conformidade com as diretrizes locais.[6] Qualquer neonato com sinais de sepse deve receber antibióticos empíricos antes dos resultados da investigação (hemocultura, hemograma completo com diferenciação de leucócitos e contagem plaquetária, radiografia torácica se os sinais respiratórios focais estiverem presentes, e punção lombar se o bebê estiver suficientemente estável). O esquema de antibioticoterapia deve abranger o EGB e qualquer outro possível micro-organismo infectante.
Neonatos aparentemente saudáveis, mas que nasceram de mães com corioamnionite, devem se submeter à avaliação clínica limitada (hemocultura e hemograma completo com diferenciação de leucócitos e contagem plaquetária), bem como à antibioticoterapia profilática, dependendo dos resultados da cultura. É necessária a confirmação do diagnóstico de corioamnionite para orientar o manejo posterior apropriado do neonato. Os que não apresentam sinais de sepse, e nasceram de mães que fizeram profilaxia de GBS, devem ficar em observação por, no mínimo, 48 horas. Se a mãe recebeu a profilaxia de GBS adequada (penicilina, ampicilina ou cefazolina continuada por, no mínimo, 4 horas antes do parto), o neonato pode ter alta após 24 horas, se o atendimento médico for de fácil acesso em caso de emergência e as informações para a observação em casa forem fornecidas. Se a profilaxia de GBS adequada ainda não foi recebida pela mãe e o neonato nasceu antes de 37 semanas de gestação, ou se tiver ocorrido a RPM com duração >18 horas, o neonato deve ser submetido à avaliação clínica limitada e ficar em observação por, no mínimo, 36-48 horas.[64]
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