Etiologia

A incapacidade de manter as vias aéreas acima da superfície da água precipita um episódio de afogamento. Ele pode decorrer de incapacidade física ou incapacidade de lidar com condições ambientais (por exemplo, temperatura, ondas, correntezas ou profundidade). Quedas, acidentes de barco ou com veículo automotor e comorbidades clínicas (convulsões, AVC, intoxicação ou doença cardíaca) podem causar incapacitação física ou mental, resultando em afogamento. A gravidade e as complicações do afogamento estão relacionadas à hipoxemia induzida pela asfixia decorrente da submersão e à lesão pulmonar decorrente da aspiração.

Fisiopatologia

O processo de afogamento, desde a submersão ou imersão até a parada cardíaca, geralmente ocorre em questão de segundos a poucos minutos. Em situações incomuns, como na hipotermia rápida, esse processo pode durar até 1 hora.[12]

Em menos de 2% dos casos, pode haver laringoespasmo quando a vítima começa a inalar água.[13][14]​ A obstrução das vias aéreas resulta em comprometimento da oxigenação e da ventilação, causando apneia, hipoxemia e perda da consciência. A parada cardíaca hipóxica geralmente ocorre após um período de bradicardia e atividade elétrica sem pulso, e não por meio de fibrilação ventricular.[15][16]​ Na maioria dos casos de parada cardíaca relacionada a afogamento, o tecido do coração está relativamente saudável, e a perfusão cessa em decorrência da lesão hipóxica.[17][18]

O quadro clínico é determinado pela reatividade das vias aéreas e pela quantidade de água aspirada, mas não pelo tipo de água (salgada ou doce). A aspiração de água causa destruição de surfactante e washout nos alvéolos, além de hipóxia. O efeito do gradiente osmótico na membrana capilar alveolar pode prejudicar a integridade da membrana, aumentar sua permeabilidade e exacerbar variações de fluido, plasma e eletrólitos.[15] Ocorre edema pulmonar regional ou generalizado, que pode alterar a troca de oxigênio.[15]​​[17]​​[19] O pequeno volume de 1 a 3 mL/kg de aspiração de água já produz alterações profundas na troca gasosa pulmonar e diminui a complacência pulmonar em 10% a 40%.[15] Os efeitos combinados de fluido nos pulmões, perda de surfactante e aumento da permeabilidade capilar alveolar podem resultar em diminuição da complacência pulmonar, aumento do shunt direita-esquerda nos pulmões, atelectasia e alveolite.[15]

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