Etiologia
É provável que a alergia alimentar se desenvolva como resultado de fatores genéticos e ambientais. Com relação aos determinantes genéticos:
A alergia a amendoim é 7 vezes mais provável em crianças com algum irmão com alergia a amendoim que na população geral[15]
Não foram identificados genes específicos que contribuam para o surgimento de alergia alimentar.
Fatores ambientais que hipoteticamente contribuem para o desenvolvimento de alergia incluem:[16]
Exposição reduzida a bactérias e infecções (hipótese da higiene)
Aumento no consumo de ácidos graxos poli-insaturados ômega 3
Diminuição de antioxidantes na dieta
Excesso ou deficiência de vitamina D
Possível exposição cutânea[17]
Embora a sensibilização às proteínas alimentares seja a forma mais comum de alergia alimentar tanto de origem vegetal como animal, foi descrita a sensibilização aos epítopos de carboidratos que causam uma reação alérgica à carne de mamíferos. Esta forma de alergia alimentar envolve sensibilização ao epítopo de carboidratos de galactose-alfa-1,3-galactose (alfa-gal). A alfa-gal é uma porção de carboidrato que está presente nas células e tecidos de todos os mamíferos, exceto os primatas de ordem superior (incluindo seres humanos). Picadas de carrapato podem levar à sensibilização de humanos ao alfa-gal, e a ingestão subsequente de carne (por exemplo, carne bovina, suína, cordeiro) leva a uma reação alérgica tardia. A reação ocorre tipicamente 3 a 6 horas após a ingestão. Foi relatada reatividade cruzada com cetuximabe (alfa-gal está presente na porção Fab da cadeia pesada do cetuximabe).[18]
Fisiopatologia
As reações alérgicas alimentares mediadas por imunoglobulina (Ig) E são de início rápido (geralmente começam entre alguns minutos a 2 horas após a ingestão), e são uma manifestação de uma cascata de eventos.[19]
Anticorpos IgE específicos a determinados epítopos alérgenos alimentares são produzidos por pacientes com a doença atópica.
Esses anticorpos se ligam aos receptores de IgE nos mastócitos e basófilos encontrados no trato respiratório, no trato gastrointestinal e na pele.
Ao serem expostos ao alérgeno alimentar, ocorre ligação cruzada dos anticorpos IgE, resultando na liberação de mediadores de mastócitos e basófilos.
Ocorre a liberação de citocinas, quimiocinas, histamina, prostaglandinas e leucotrienos, resultando em vasodilatação, contração do músculo liso e secreção de muco.
As reações podem ser generalizadas ou localizadas num sistema de órgãos específico. Acredita-se que os sintomas estejam relacionados à liberação de mediadores dos mastócitos tissulares e dos basófilos circulantes, resultando em reações como urticária e angioedema, rinoconjuntivite, anafilaxia gastrointestinal e anafilaxia generalizada. As alergias alimentares não mediadas por IgE apresentam sintomas mais crônicos ou subagudos geralmente isolados ao trato gastrointestinal. As alergias alimentares mediadas por células/relacionadas a anticorpos IgE podem estar relacionadas ao homing de células T sensíveis ao alimento na pele, no caso de dermatite atópica, ou aos mediadores que realizam o homing e ativam os eosinófilos, no caso das gastroenteropatias eosinofílicas.[16]
Classificação
Classificação clínica por resposta imune[1]
Reações mediadas por imunoglobulina E (IgE). As apresentações incluem:
Urticária
Angioedema
Erupção cutânea morbiliforme
Rinoconjuntivite aguda
Asma aguda
Anafilaxia
Anafilaxia induzida por exercícios dependente de alimento.
Reações não mediadas por IgE. As apresentações incluem:
Dermatite de contato
Dermatite herpetiforme
Enterocolite induzida por proteína alimentar
Doença celíaca
Síndrome de Heiner.
Reações mistas (mediadas por IgE/não mediadas por IgE). As apresentações incluem:
Dermatite atópica
Esofagite eosinofílica
Gastrite eosinofílica
Gastroenterite eosinofílica.
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