Monitoramento
A recorrência da síndrome de Cushing dependente de hormônio adrenocorticotrófico é comum, com um risco de recorrência de 5% a 26%, no mínimo, a 5 anos. Rastreie os pacientes que tiverem obtido remissão após a recuperação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) quanto à recorrência da doença e, a seguir, anualmente ou antes, se houver suspeita clínica.[26] Use um dos quatro testes de alta sensibilidade (cortisol salivar noturno, teste de supressão noturna com dexametasona de 1 mg, cortisol livre urinário de 24 horas ou teste de desmopressina) para detectar a recorrência. O cortisol salivar noturno é o teste mais sensível para detectar a recorrência e deve ser feito anualmente após a recuperação do eixo HHA no pós-operatório, e depois anualmente.[26]
Muitos pacientes são medicados com corticosteroides após a cirurgia da hipófise, mas devem ter a remissão avaliada durante a primeira semana do pós-operatório.[68] Isso é feito mais facilmente com a medição do cortisol matinal pelo menos 24 horas após a última dose da corticoterapia. Pacientes com cortisol matinal pós-operatório de <55 nanomoles/L (<2 microgramas/dL) são considerados em remissão e podem passar para um acompanhamento em longo prazo. Pacientes com cortisol matinal pós-operatório de >138 nanomoles/L (>5 microgramas/dL) exigem avaliação mais cuidadosa e, possivelmente, tratamento mais longo. Pacientes com cortisol matinal entre 55 e 138 nanomoles/L (2 e 5 microgramas/dL) devem ser acompanhados com medições matinais adicionais para a detecção de redução dos níveis posteriores de cortisol. Indivíduos com cortisol matinal >55 nanomoles/L (>2 microgramas/dL) após a cirurgia têm 2.5 vezes mais probabilidade de recorrência que aqueles com níveis de cortisol <55 nanomoles/L (<2 microgramas/dL).[72]
Como o hipocortisolismo pós-operatório é preditivo de remissão, alguns centros defendem a suspensão da corticoterapia de rotina após a cirurgia da hipófise e a monitorização dos níveis de cortisol a cada 8 horas ou se ocorrerem sintomas de insuficiência adrenal.[74] Se a insuficiência adrenal ocorrer, ou se forem documentados baixos níveis de cortisol, a corticoterapia deverá ser iniciada. Outros centros iniciam a corticoterapia de rotina imediatamente após a cirurgia e avaliam a remissão do hipercortisolismo posteriormente, durante a fase pós-operatória. Os corticosteroides costumam ser rapidamente reduzidos a doses fisiológicas em 1 semana ou menos (em geral com alta hospitalar). O teste para verificar se o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal se recuperou poderá ser feito por meio de acompanhamento de 3 meses após a cirurgia. O teste é geralmente o de cortisol matinal antes da dose de hidrocortisona matinal, se continuada. Níveis de cortisol >552 nanomoles/L (>20 microgramas/dL) indicam a recuperação do eixo. Níveis <83 nanomoles/L (<3 microgramas/dL) indicam necessidade contínua de corticosteroides. Níveis entre 83 nanomoles/L (3 microgramas/dL) e 552 nanomoles/L (20 microgramas/dL) exigem novos testes (teste de estimulação por cosintropina, teste de tolerância à insulina ou teste de metirapona).
É necessário realizar testes padronizados, acompanhamento e manejo das doenças associadas a hipertensão, diabetes e osteoporose, pois essas doenças poderão persistir após o tratamento efetivo do hipercortisolismo.
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