Etiologia

Foi levantada a hipótese de que o movimento paradoxal das pregas vocais (obstrução intermitente da laringe) (MPPV/OIL) seja uma síndrome da laringe hiperfuncional, supostamente decorrente da síndrome da laringe irritável ou da disfunção laríngea hipercinética, que permite que as vias motora e sensorial do sistema nervoso central permaneçam em um estado de "prontidão para espasmos" em resposta a diversos fatores desencadeantes sensoriais.[35][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Laringe normal: cor normal das pregas vocais e das estruturas circundantes, pregas vocais com bordos regularesDo acervo da University of Wisconsin School of Medicine and Public Health [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@4d2ff944[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Laringe irritável: eritema bilateral do complexo aritenoideo com alterações dos tecidos que sugerem início de granulomaDo acervo da University of Wisconsin School of Medicine and Public Health [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@4412e2d5

Os seguintes fatores têm sido associados ao desenvolvimento de MPPV/OIL:[36][37]

  • Refluxo gastroesofágico (DRGE)

  • Refluxo laringofaríngeo (RLF)

  • Asma

  • Alergias (por exemplo, ácaros)

  • Tensão muscular laríngea

  • Exercício físico

  • Irritantes transportados pelo ar

  • Infecção respiratória do trato superior

  • Período pós-operatório

  • Estresse emocional e físico

Escores moderados e graves no Índice de Sintomas de Refluxo (RSI) têm sido correlacionados com diagnóstico de MPPV/OIL.[38] Casos de MPPV/OIL associados ao exercício são cada vez mais descritos como obstrução laríngea induzida pelo exercício.[37]

Vários casos documentados de MPPV/OIL subsequentes a exposição a irritantes corroboram uma possível relação causal.[39][40][41][42][43]

A presença de problemas psicológicos tem sido sugerida como uma possível etiologia do MPPV/OIL, mas, embora em adolescentes e atletas tenham sido identificados sintomas de ansiedade com MPPV/OIL e asma coexistentes, e a depressão tenha sido associada com a condição, essa potencial ligação causal não é corroborada na literatura.[26][28][31][44]​​​ Portanto, pode ser mais preciso associar os sintomas psicológicos ao MPPV/OIL do que categorizar os fatores psicológicos como uma real etiologia dessa condição.

Fisiopatologia

A laringe é a guardiã das vias aéreas. Trata-se de uma estrutura musculocartilaginosa composta por 2 grupos musculares, intrínseco e extrínseco, que recebem uma abundante inervação de numerosos nervos cranianos. A inervação que chega aos músculos intrínsecos é fornecida pelo nervo vago (X), que leva a inervação motora e sensorial bilateral através dos nervos laríngeos recorrentes e superiores esquerdos e direitos. Os músculos extrínsecos são inervados pelos nervos trigêmeo (V), facial (VII) e hipoglosso (XII) e ainda pelas ramificações C2 e C3 da alça cervical.[45] Todos os músculos intrínsecos, com a exceção do cricoaritenóideo posterior (que é o músculo abdutor primário da laringe), estão envolvidos na adução laríngea.

A função de proteção das vias aéreas é tanto reflexiva quanto voluntária.[46]

  • A resposta adutora laríngea é um reflexo protetor que tem sido descrito como um reflexo laríngeo de conservação da vida.[47] A resposta adutora laríngea produz um fechamento rápido e breve das pregas vocais em resposta a estímulos aferentes; quando essa resposta é prolongada, resulta em laringoespasmo.[48]​ A via da resposta adutora laríngea no tronco encefálico compartilha uma região sensitiva comum com a que regula a tosse e a deglutição.[48]

  • Reflexos respiratórios importantes são mediados através de receptores situados na mucosa laríngea. Os mecanorreceptores reagem a pressões negativas e a fluxos e movimentos laríngeos, enquanto os quimiorreceptores controlam os reflexos de proteção das vias aéreas inferiores, incluindo os reflexos de tosse e deglutição.[49]

Sensibilidade laríngea diminuída foi identificada em pacientes com DRGE e tosse, e em pacientes com MPPV/OIL e sintomas de refluxo laringofaríngeo com alto Índice de Sintomas de Refluxo. Esse achado dá suporte à categorização da OIL-I como um distúrbio motor e sensorial e destaca o papel da sensibilidade laríngea na manutenção da proteção das vias aéreas.[38][50]​​ A OIL induzida pelo exercício atinge a intensidade máxima em ventilações mais altas durante exercícios intensos e cessa rapidamente após a interrupção do exercício.[51][52][53][54]​​ Isso sugere um mecanismo físico relacionado aos efeitos de pressão negativa durante o esforço ventilatório máximo em indivíduos anatomicamente propensos.[55]

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