Prognóstico

Geralmente, a tripanossomíase humana africana (THA) é considerada letal se não for tratada, mas o tratamento da doença é efetivo. Alguns raros casos de recuperação espontânea têm sido relatados.[148][149][150]

É possível que ocorram recidivas, e a sua frequência depende do medicamento usado e difere de uma área para outra, atingindo até 60% de recidivas para o melarsoprol em alguns focos em certas áreas.[151][152]​ Embora não haja teste de cura, a avaliação do desfecho do tratamento é recomendada, incluindo exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) em pacientes sintomáticos.[32]​ O reaparecimento de tripanossomos até 24 meses após o tratamento é considerado como uma recidiva e não reinfecção.[153] A avaliação da eficácia de medicamentos em ensaios clínicos, tem sido feita por um período de acompanhamento de 18 meses.[154] Porém, os pacientes devem ser acompanhados por até 24 meses para avaliar a cura. O acompanhamento é baseado no diagnóstico parasitológico e na análise de parâmetros do LCR.

THA gambiense

A doença tem um ciclo crônico com evolução de vários meses a anos, da infecção ao primeiro estágio, ao segundo estágio e, finalmente, à morte, como resultado de complicações da doença (infecções, situação debilitante e problemas cardíacos ou neurológicos).[31]

O tratamento do primeiro estágio da doença com pentamidina apresenta bons resultados em termos de segurança e eficácia, com baixa letalidade (<0.5%) e alta taxa de cura (cerca de 95%).​[133][134]​​​ O fexinidazol apresenta eficácia equivalente à pentamidina no primeiro estágio da doença.[130]

O tratamento do segundo estágio da doença tem eficácia variável dependendo da área e dos medicamentos usados (taxas de cura de 70% a 95%) com uma taxa de letalidade considerável dependendo do medicamento utilizado (0.15% a 10%). O tratamento com eflornitina apresenta uma taxa de mortalidade de 0.7% a 2% e uma eficácia de cerca de 90%, mas em algumas áreas (província de Kasai na República Democrática do Congo [RDC]) essa eficácia vem diminuindo (80%).[135] A combinação de nifurtimox associado a eflornitina demonstrou menor mortalidade (0.15% a 0.5%) e taxa de cura de 95% a 98%.[32][155][156]​​​​​ O fexinidazol apresenta eficácia equivalente ao nifurtimox associado a eflornitina no segundo estágio não grave da doença (<100 leucócitos/microlitro no LCR) e eficácia inferior ao nifurtimox associado a eflornitina no segundo estágio grave da doença (≥100 leucócitos/microlitro no LCR). A taxa de mortalidade é de cerca de 1.5%.[131][132]​​ O melarsoprol tem uma alta taxa de mortalidade (3% a 10%), com eficácia variável. O nível de falha do tratamento aumentou após o ano 2000, atingindo 59% em algumas áreas da RDC.[136][137]

THA rhodesiense

A doença tem uma evolução aguda com evolução de várias semanas da infecção ao primeiro estágio, ao segundo estágio e, finalmente, à morte como resultado de complicações da doença (problemas cardíacos ou neurológicos, infecções).[157] O tratamento no primeiro estágio com suramina tem bons resultados em termos de segurança e eficácia, com baixa taxa de letalidade (<0.5%) e alta taxa de cura (cerca de 95%).[158] O tratamento no segundo estágio com melarsoprol mostra uma eficácia adequada (taxas de cura de 90% a 97%) mas com uma taxa de letalidade considerável (5% a 10%).[138] A avaliação de desfecho do tratamento é limitada a pacientes nos quais os sintomas reaparecem.

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