Abordagem
O tratamento da infecção sintomática geralmente é de suporte, pois não está disponível nenhum tratamento antiviral específico. Por conta da distribuição geográfica e dos sintomas semelhantes, pacientes com suspeita de infecção pelo vírus da Zika também devem ser avaliados e tratados quanto a uma possível infecção pelo vírus da dengue ou da chikungunya. Também é importante descartar outras infeções sérias, mas potencialmente tratáveis (por exemplo, malária, leptospirose, febre amarela, vírus do Nilo Ocidental).
Os médicos das áreas nas quais existe transmissão local devem consultar as autoridades de saúde locais para obter as orientações atuais.
Terapias de suporte para pacientes sintomáticos
As terapias de suporte incluem repouso, reposição hídrica e uso de analgésicos e/ou antipiréticos (por exemplo, paracetamol). Aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) devem ser evitados até que a infecção pelo vírus da dengue seja descartada, a fim de reduzir o risco de hemorragia.[130] Pode-se usar loção de calamina topicamente para tratar o prurido associado à erupção cutânea.
A mesma orientação geral é dada para sintomas em gestantes e não gestantes. Podem ser recomendadas medidas não farmacológicas (como panos úmidos, água morna em banhos de imersão/duchas) para reduzir a febre durante a gestação. No entanto, se essas medidas falharem, o paracetamol poderá ser usado com segurança em gestantes.
Prevenção e controle de infecção
Para evitar transmissão de infecção, deve-se evitar o contato entre uma pessoa infectada e mosquitos. Devem-se instituir estratégias de prevenção da picada do mosquito, especialmente durante a primeira semana de infecção.[14] Profissionais da saúde que cuidam dos pacientes devem se proteger contra picadas de mosquito usando repelentes e vestindo mangas longas e calça comprida.
Precauções padrão (por exemplo, higiene das mãos, uso de equipamento de proteção individual, higiene respiratória e etiqueta da tosse, práticas de injeção seguras, manuseio seguro de equipamentos ou superfícies potencialmente contaminados) são recomendadas para proteção dos profissionais da saúde e pacientes em instalações de saúde e em ambientes de trabalho de parto. Estas precauções são recomendadas independentemente da existência de suspeição ou confirmação de infecção.[94]
Gestantes com possível exposição por mosquito ou sexual
As gestantes que puderem ter sido expostas ao vírus da Zika devem realizar os testes laboratoriais recomendados e ultrassonografias fetais regulares (por exemplo, a cada 3-4 semanas) para avaliar o feto quanto à presença de microcefalia ou de outras anormalidades. Todas as gestantes devem ser incentivadas a frequentar as consultas de pré-natal agendadas.[14][177] Recomenda-se o devido suporte psicológico para a mulher e sua família.[195]
Síndrome congênita do vírus Zika
Não há tratamento específico e o manejo depende do indivíduo e da presença de sintomas específicos e problemas do neurodesenvolvimento (como convulsões, deficiência intelectual, paralisia cerebral, problemas de audição/visão). Deve-se iniciar terapias de suporte. A criança deve iniciar a reabilitação o quanto antes. Esse processo de reabilitação deve incluir suporte multidisciplinar com fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. Recomenda-se uma abordagem coordenada, com apoio psicossocial contínuo para famílias e cuidadores.[2][178]
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças criaram orientações detalhadas para a avaliação inicial e manejo ambulatorial de crianças com possível infecção congênita pelo vírus da Zika durante os primeiros 12 meses de vida.
A Organização Mundial da Saúde também oferece orientações específicas para rastreamento, avaliação e manejo de neonatos e bebês com infecção congênita por Zika.
A amamentação, de acordo com as diretrizes normais de alimentação infantil, ainda é recomendada em mulheres com infecção suspeita, provável ou confirmada, ou aquelas que residem ou viajaram para áreas de transmissão contínua. A transmissão através do leite materno é apenas uma preocupação teórica neste momento e os benefícios da amamentação superam o risco de transmissão. Não está claro se o leite materno de mulheres infectadas tem carga viral ou infectividade suficiente para causar infecção em bebês.[92][196][197] Uma revisão sistemática não encontrou evidências de transmissão perinatal via amamentação ou ingestão de leite materno com base em evidências de baixa certeza.[93] Entre os bebês de 0 a 12 meses afetados por complicações associadas à infecção pelo vírus da Zika, as práticas de alimentação infantil devem ser modificadas (por exemplo, correção postural, espessamento da alimentação, ajuste do ambiente) para alcançar e manter o crescimento e desenvolvimento infantil ideal. As mães e cuidadores devem receber apoio qualificado dos profissionais da saúde.[196]
Síndrome de Guillain-Barré
Existem poucos dados relacionados ao tratamento da síndrome de Guillain-Barré (SGB) no contexto de infecção pelo vírus da Zika.
Todos os pacientes devem ser hospitalizados e monitorados rigorosamente durante pelo menos 5 dias ou até estarem clinicamente estáveis. Alguns pacientes podem necessitar de um nível superior de cuidado na unidade de terapia intensiva (por exemplo, pacientes com progressão rápida de fraqueza motora, desconforto respiratório, sintomas bulbares, ou disfunções autonômicas). Os pacientes devem ser monitorados rigorosamente quanto a complicações.[145]
O manejo deve basear-se nos sintomas de acordo com os protocolos de tratamento habituais do SGB e envolve terapia de suporte (por exemplo, manejo da via aérea, manejo cardiovascular, controle da dor, plasmaférese, imunoglobulina intravenosa, reabilitação, profilaxia de trombose venosa profunda, suporte nutricional, cuidados intestinais e vesicais, prevenção de escaras de decúbito, prevenção da ulceração da córnea se houver fraqueza facial), bem como apoio psicossocial e início precoce de um programa de reabilitação.[145][147]
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