História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
comuns
presença de fatores de risco
Ascendência mediterrânea, idade <20 anos, sexo masculino, história familiar positiva, país de residência, presença de estresse psicológico, doença viral, desidratação, exaustão extrema e o uso de simpatomiméticos vasoconstritores (por exemplo, metaraminol) podem ajudar a confirmar o diagnóstico.
febre periódica
Temperatura >38 °C (100 °F), que geralmente dura de 12 a 72 horas, mas não mais que 1 semana.
Em crianças muito novas, a doença pode começar com febre isolada, mas evolui para sintomas típicos com o decorrer do tempo.[64]
dor abdominal
A maioria dos pacientes (95%) se lembra de ter tido pelo menos um episódio. Geralmente precede a febre e dura mais tempo. Varia de leve a intensa (peritonite) e de localizada a generalizada com rigidez e dor à descompressão brusca. Alguns desses pacientes fizeram cirurgia abdominal mais de uma vez para pseudoabdome agudo.[6][70]
hábito intestinal alterado
Os pacientes geralmente têm constipação, mas alguns, especialmente crianças, podem ter diarreia.
edema/dor aguda na articulação
Os ataques geralmente afetam uma grande articulação por vez nos membros inferiores, mas outras articulações (por exemplo, ombro) também podem ser afetadas. Os ataques costumam durar de 2 a 3 dias. Derrame desenvolve-se em 75% das ocorrências. Em geral não há nenhuma sequela permanente, apesar das múltiplas recorrências.[72]
resposta à colchicina
Única entre as outras síndromes de febre periódica hereditária.[68] Pode ser usada como um teste diagnóstico.
O teste diagnóstico com colchicina é considerado positivo quando os sintomas desaparecem com o tratamento com colchicina e reaparecem depois de sua supressão.
Incomuns
lesões cutâneas do tipo erisipela
A manifestação cutânea mais característica. Ocorre em 7% a 40% dos casos.[75]
Sensíveis, eritematosas, elevadas, bem demarcadas. A área sensível tem de 10 a 15 cm de diâmetro. Geralmente abaixo do joelho, muitas vezes localizada no tornozelo, e desaparece em 24 a 72 horas com a resolução do ataque.
Outros fatores diagnósticos
comuns
dor torácica pleurítica
Pleurisia está presente em 30% a 40% dos pacientes. Geralmente, é unilateral.[6]
Também pode ser um indicador de pericardite, que está presente em 0.5% a 1% dos pacientes.
mialgia aguda
Ocorre em aproximadamente 20% dos pacientes. Geralmente dura apenas 2 dias.[71] Aparece especialmente durante ou após o esforço físico.
hepatoesplenomegalia
história de apendicectomia
Realizada antes da vida adulta em vários pacientes em virtude da gravidade da dor abdominal localizada em um quadrante específico em alguns casos.
cicatrizes abdominais
A mimetização difusa de um abdome agudo ocorre em vários pacientes com a FFM. Alguns deles passaram por vários procedimentos cirúrgicos abdominais exploratórios.
Incomuns
dor articular crônica
Presente em 5% dos pacientes.
Afeta principalmente o quadril ou joelho. Raramente poliarticular. Em alguns casos provoca artroplastia da articulação.[72]
atrito pleural
Pode ser um indicador de pericardite, que está presente em 0.5% a 1% dos pacientes.
mialgia/fibromialgia crônica
Ocorre em raros casos.[72]
cefaleia
Há relatos de meningite asséptica.[76]
rigidez de nuca
Há relatos de meningite asséptica.[76]
fotofobia
Há relatos de meningite asséptica.[76]
dor escrotal aguda + edema
Ocorre como resultado de serosite da túnica vaginal. Pode ser confundida com torção testicular em meninos pré-puberais.[72]
distúrbios visuais
Há relatos de visão turva ou perda da visão completa ou parcial em virtude de neurite óptica.[77]
Fatores de risco
Fortes
ascendência mediterrânea
A prevalência da febre familiar do Mediterrâneo (FFM) é de 0.1% em pessoas de origem mediterrânea.[11] Também há relatos em populações melungeons (mistura trirracial de pessoas de origem europeia, da África Subsaariana, indígena norte-americana e mediterrânea que vivem principalmente na região dos Apalaches) nos EUA. A Turquia e a Armênia têm a maior prevalência estimada de FFM: 1:1000 e 1:500, respectivamente.[12] A frequência relatada de portadores do gene é de 1:15 em judeus não asquenazes, 1:16 em árabes, 1:5 em turcos e 1:7 em armênios.[12]
idade <20 anos
história familiar positiva
A FFM é uma doença genética de herança mendeliana recessiva comum em pessoas de origem mediterrânea. Em alguns casos, a FFM pode aparecer esporadicamente e continuar a afetar várias gerações. Isso se deve às altas taxas de portadores em determinadas populações, o que causa herança pseudodominante. Episódios de febre, polisserosite, erupções cutâneas e artrite geralmente ocorrem antes dos 4 anos de idade, mas são inespecíficos. O diagnóstico geralmente é feito retrospectivamente com base nos ataques febris recorrentes e na história familiar positiva.[6] A genotipagem de mutações do gene da febre do Mediterrâneo em 1250 linhagens de famílias armênias com FFM mostrou que a herança é autossômica recessiva em 91.5% e pseudodominante em 8.5% de todas as famílias.[49] Herança dominante verdadeira também foi descrita em algumas famílias.[31][32][33]
mutação genética no gene MEFV
O gene responsável pela febre do Mediterrâneo foi identificado por clonagem posicional e mapeado no cromossomo 16p13.3 e >80% de suas mutações foram identificadas até o momento.[18][19] Pacientes homozigotos para a mutação M694V apresentam uma doença grave precoce, febre mais alta, esplenomegalia e eritema do tipo erisipela, monoartrite aguda, síndrome miálgica refratária e têm maior probabilidade de evoluir para amiloidose renal.[21][26][50][51][52][53]
Em um contexto clínico de FFM, a presença de duas mutações em alelos diferentes (homozigosidade ou heterozigosidade composta) confirma o diagnóstico.[54] Quando apenas 1 mutação está presente, o diagnóstico não é confirmado; no entanto, ele não deve ser descartado se o quadro clínico for típico, porque existem algumas mutações raras ou desconhecidas.[36][55] The registry of hereditary auto-inflammatory disorders mutations Opens in new window Os mesmos heterozigotos "verdadeiros" podem exibir um quadro clínico completo de FFM. Também é provável que alguns pacientes heterozigotos, como em muitas doenças recessivas, apresentem sinais clínicos atenuados. Manifestações incompletas são mais comuns em pacientes heterozigotos, e a heterozigosidade pode ser um fator de risco para várias outras doenças inflamatórias (por exemplo, doença de Crohn, doença de Behçet ou esclerose múltipla).[56][57][58] A herança de outras mutações gênicas que afetam a pirina e a inflamação também pode causar sintomas.
país de origem: Armênia, Turquia ou bacia do Mediterrâneo
Em um amplo estudo que incluiu 35 centros em 14 países (2482 casos de FFM incluindo 260 com amiloidose renal), o país de recrutamento, e não o genótipo da febre do Mediterrâneo, foi o fator de risco principal para amiloidose renal com um aumento de três vezes no risco, sugerindo a importância dos fatores ambientais na patogênese da FFM.[59]
Um outro estudo de registro internacional, multicêntrico constatou que os pacientes do Mediterrâneo Oriental apresentam um fenótipo de doença mais leve depois de migrarem para a Europa, também refletindo o efeito do meio envolvente na expressão da doença.[41]
Fracos
sexo masculino
estresse psicológico
Reconhecida por pacientes e médicos como um fator desencadeante para ataques de FFM.[40]
doença viral
Reconhecida por pacientes e médicos como um fator desencadeante para ataques de FFM.[40]
esforço físico
Reconhecida por pacientes e médicos como um fator desencadeante para ataques de FFM.[40]
exaustão extrema
Reconhecida por pacientes e médicos como um fator desencadeante para ataques de FFM.[40]
uso de simpatomiméticos vasoconstritores
O metaraminol e outros medicamentos com mecanismos de ação semelhantes podem desencadear ataques de FFM.[40]
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal