Ataque isquêmico transitório

Deve-se suspeitar de ataque isquêmico transitório (AIT) quando o paciente apresenta sintomas típicos de torpor ou fraqueza unilateral rapidamente revertidos, mas também sintomas menos clássicos, como perda de visão unilateral, diplopia, afasia transitória ou vertigem.

Em pacientes que apresentarem deficit neurológico continuado, o tratamento agressivo para acidente vascular cerebral (AVC) não deve ser postergado na esperança de que os sintomas apresentem resolução espontânea.

Os ataques isquêmicos transitórios (AITs) têm grande risco de eventos isquêmicos cerebrais recorrentes precoces. A avaliação e a iniciação de prevenção secundária devem ocorrer rapidamente.

A avaliação se concentra na investigação da etiologia subjacente. O tratamento depende da prevenção secundária com anticoagulantes em casos de etiologia embólica ou trombofilia (adquirida ou hereditária) ou terapia antiagregante plaquetária para eventos não embólicos. Fatores de risco modificáveis, como estenose da carótida, hipertensão, hiperlipidemia e estilo de vida, são outros alvos da terapia.

Além de um exame neurológico completo e da avaliação de doenças que mimetizam ataque isquêmico transitório (AIT), o diagnóstico por imagem, como ressonância nuclear magnética com imagens ponderadas por difusão, pode ser útil para detectar evidências de infarto cerebral subclínico.

O AIT é um episódio transitório de disfunção neurológica causado por isquemia focal no cérebro, na medula espinhal ou na retina, sem infarto agudo.[1]Easton JD, Saver JL, Albers GW, et al. Definition and evaluation of transient ischemic attack: a scientific statement for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association Stroke Council; Council on Cardiovascular Surgery and Anesthesia; Council on Cardiovascular Radiology and Intervention; Council on Cardiovascular Nursing; and the Interdisciplinary Council on Peripheral Vascular Disease. The American Academy of Neurology affirms the value of this statement as an educational tool for neurologists. Stroke. 2009 Jun;40(6):2276-93. https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/strokeaha.108.192218 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19423857?tool=bestpractice.com [2]American College of Radiology. ACR appropriateness criteria: cerebrovascular diseases-stroke and stroke-related conditions​. 2023 [internet publication]. https://acsearch.acr.org/docs/3149012/Narrative ​​ As definições de AIT e AVC isquêmico agora são "baseadas no tecido" em vez de definidas pela duração da disfunção neurológica: não há lesão isquêmica visível à imagem cranioencefálica em um paciente com AIT. Uma lesão cerebral isquêmica na imagem cranioencefálica, mesmo que o episódio de disfunção neurológica focal do paciente resolva-se rapidamente, significa um AVC isquêmico.[3]Amarenco P. Transient ischemic attack. N Engl J Med. 2020 May 14;382(20):1933-41. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32402163?tool=bestpractice.com A maioria dos AITs é revertida dentro da primeira hora e o diagnóstico por imagem permite reconhecer que alguns eventos com rápida resolução clínica estão associados com infarto cerebral permanente.[4]Kidwell CS, Alger JR, Di Salle F, et al. Diffusion MRI in patients with transient ischemic attacks. Stroke. 1999 Jun;30(6):1174-80. https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/01.str.30.6.1174 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10356095?tool=bestpractice.com [5]National Institute of Neurological Disorders and Stroke rt-PA Stroke Study Group. Tissue plasminogen activator for acute ischemic stroke. N Engl J Med. 1995 Dec 14;333(24):1581-7. https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM199512143332401 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7477192?tool=bestpractice.com ​ A definição arbitrária da duração dos sintomas de AIT não deve evitar uma terapia agressiva para pacientes que apresentam novo deficit neurológico.