Complicações
Frequentemente, um atraso na apresentação e múltiplas tentativas de autorremoção causam edema da mucosa, laceração, sangramento e espasmos musculares. Perfurações podem ocorrer, mas são menos comuns que outras complicações.
Os corpos estranhos podem obstruir a passagem por causa do tamanho (por exemplo, objetos >6 cm de comprimento e/ou >2.5 cm de diâmetro podem não passar pelo piloro) ou pela inflamação e cicatrização subsequentes que podem causar.
Corpos estranhos colônicos pequenos retidos geralmente passam espontaneamente; no entanto, corpos estranhos colônicos grandes podem ficar presos devido à reação local causada por sua presença, como edema ou atonia.
Para corpos estranhos encobertos, a extração pode ser difícil ou impossível. Nesse caso, pode ser útil adiar a extração e iniciar um ciclo curto de corticosteroides intravenosos por 12 a 24 horas. Isso pode reduzir a inflamação e facilitar a extração do corpo estranho posteriormente.[21]
Esses objetos podem ser removidos por endoscopia ou cirurgia dependendo da localização e do tamanho.
A ingestão de vários ímãs é um caso especial: os ímãs podem causar a atração de alças intestinais adjacentes umas às outras com força significativa e provocar obstrução intestinal, formação de fístulas ou necrose da parede intestinal por pressão, ocasionando perfuração.[3][19] As intervenções cirúrgicas urgentes, como laparotomia exploratória para remover os objetos e reparar qualquer lesão, são vitais, especialmente se o paciente estiver sintomático ou radiografias abdominais sequenciais não sugerirem nenhuma mudança na posição dos ímãs.[3][19][54]
A complicação mais comum envolve a dilaceração da mucosa durante a inserção ou remoção do objeto ou objetos. O sangramento associado é frequentemente autolimitado, apesar de que um sangramento contínuo mais pronunciado pode exigir uma endoscopia ou ligadura por sutura.
Se o corpo estranho for pontiagudo, afiado, com >6 cm de comprimento ou >2.5 cm de diâmetro, ou se forem vários corpos estranhos, a remoção deverá ser feita endoscopicamente em caráter de urgência. Até 35% desses objetos podem perfurar a parede intestinal se não forem removidos.
Deve ser dada especial atenção às pilhas tipo botão localizadas no esôfago.
A perfuração esofágica (pelo objeto ou durante a instrumentação) carrega uma alta mortalidade secundária ao rápido desenvolvimento de mediastinite. Os pacientes com mediastinite podem relatar dor epigástrica ou torácica aguda e súbita que irradia para a região interescapular, seguida posteriormente por dispneia, cianose e choque.
Uma perfuração pode ser suspeitada e confirmada pela presença de enfisema subcutâneo, pneumomediastino, pneumotórax ou derrame pleural em radiografias cervicais e torácicas laterais e posteroanteriores, tomografia computadorizada cervical ou torácica ou ingestão de gastrografina.
O reconhecimento e manejo precoces da perfuração (nas primeiras 24 horas) aumenta a sobrevida drasticamente.
Em pacientes considerados inelegíveis para cirurgia, o manejo inclui: observação, nada por via oral e antibióticos intravenosos.
As intervenções endoscópicas podem incluir o fechamento de defeitos da mucosa com endoclipes ou usando endopróteses autoexpansíveis de metal ou plástico em casos de perfuração esofágica cervical iatrogênica. A colocação de uma endoprótese Polyflex pode evitar potenciais morbidade e mortalidade de reparos cirúrgicos de emergência. Recomenda-se antibioticoterapia intravenosa de amplo espectro para os primeiros 3 a 5 dias.'
A cirurgia é o tratamento de primeira escolha para as perfurações que tiverem ocorrido mais de 24 horas antes da apresentação.
Os corpos estranhos podem causar infecções ou transportar agentes infecciosos.
As crianças com corpos estranhos esofágicos crônicos podem ser difíceis de diagnosticar. Elas podem apresentar baixa aceitação alimentar, irritabilidade, retardo do crescimento pôndero-estatural, febre, estridor ou sintomas pulmonares, como pneumonia por aspiração recorrente.
Em caso de suspeita de infecção, o manejo adequado inclui a remoção do objeto (por via endoscópica ou cirúrgica), a coleta de culturas e o início dos antibióticos.
Os sinais incluem depressão respiratória e do sistema nervoso central, miose e apneia. Geralmente, a ventilação de suporte é suficiente para prevenir a morte, mas pode ser evitada por administração cuidadosa de naloxona.
Caso o paciente esteja assintomático, deve-se administrar carvão ativado e realizar uma irrigação intestinal completa para descontaminar o paciente.
A apresentação inclui taquicardia, hipertensão, hipertermia, diaforese, midríase e agitação. Se "mulas" de tráfico de drogas apresentarem sintomas de overdose de cocaína, elas deverão ser encaminhadas imediatamente para descontaminação cirúrgica. Caso estejam assintomáticas, deve-se administrar carvão ativado e realizar uma irrigação intestinal completa para descontaminar o paciente.
Culturas devem ser obtidas em pacientes com sinais ou sintomas de septicemia ou elevada contagem de leucócitos na apresentação, seguidas de antibioticoterapia de amplo espectro intravenosa.
Uma ruptura traumática do complexo esfincteriano (durante a remoção do objeto) frequentemente resulta em vários graus de incontinência fecal, especialmente com lesões repetitivas.
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