Novos tratamentos

Canabinoides

Os canabinoides estão sendo estudados, com resultados promissores. O tetraidrocanabinol foi associado a uma melhora significativa na gravidade dos tiques em pacientes com ST em dois pequenos ensaios controlados por placebo.[109] A diretriz da American Academy of Neurology recomenda que os medicamentos à base de cannabis sejam considerados para adultos com ST resistente ao tratamento, quando assim permitido pela legislação, mas que não sejam usados em crianças, adolescentes, mulheres grávidas ou em período de amamentação, ou em pacientes com psicose.[65] São necessários mais e maiores ensaios clínicos randomizados e controlados para confirmar os efeitos dos canabinoides na ST.[110]

Deutetrabenazina

Um inibidor seletivo de VMAT2 que pode se tornar uma alternativa à tetrabenazina em decorrência de seu perfil de menos efeitos colaterais.[65][111]​​ Um estudo aberto, realizado com 33 adolescentes com tiques relacionados à síndrome de Tourette, relatou uma redução de 37.6% na gravidade dos tiques após 8 semanas de tratamento com a deutetrabenazina.[111]

Estimulação magnética transcranial (EMT)

Na última década, houve um interesse crescente no uso de EMT em transtornos de tique. Estudos abertos direcionados à área motora suplementar mostraram que essa técnica é efetiva na redução de tiques na ST.[112][113][114][115] No entanto, esse achado não foi replicado no primeiro ensaio randomizado, duplo-cego, controlado por simulação conduzido em 20 adultos com ST.[116] Uma metanálise constatou que a EMT repetitiva melhorou significativamente os sintomas de tiques e obsessivo-compulsivos em pacientes com ST, mas não foi eficaz quando controlada por placebo. A idade menor foi associada a uma maior eficácia do tratamento.[117] São necessárias mais pesquisas nessa área.

Estimulação cerebral profunda (ECP)

A maioria dos casos publicados de ECP na ST tem como alvo o complexo parafascicular centro-mediano (CM-PF) do tálamo medial, e alguns poucos casos têm como alvo o globo pálido interno (GPi), o CM-PF e o GPi em conjunto, o ramo anterior da cápsula interna ou o núcleo accumbens.[118] Ainda é preciso chegar a um consenso sobre qual alvo é o mais apropriado para o tratamento de tiques na ST.[65] Um ensaio cruzado, duplo-cego e randomizado, realizado com 15 adultos com ST refratária grave, constatou melhora significativa no escore da Escala Global de Gravidade de Tiques de Yale após a ECP bilateral do globo pálido; houve três eventos adversos graves (duas infecções de componentes da ECP e um episódio de hipomania induzida pela ECP).[119] O uso de ECP em condições neuropsiquiátricas, como TOC, está além do escopo desta revisão, mas deve ser considerado relevante em adultos com casos de ST refratária ou grave. Conforme os relatos de ECP na ST aumentam na literatura, e estudos bem desenhados são executados com o uso de escalas de classificação e critérios de diagnóstico uniformes, a ECP pode se tornar uma opção viável para os pacientes com ST grave ou intratável.[65][120][121][122]​​ No entanto, deve-se ter cautela em relação aos aspectos neuropsiquiátricos da ECP, que ainda estão sendo explorados.[123][124]

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