Etiologia

O agente etiológico para a leptospirose, como o nome indica, são as espiroquetas do gênero Leptospira. Dois importantes sistemas de classificação são usados para o gênero.

O sistema tradicional é baseado em características fenotípicas, classificando o gênero em duas espécies principais: L interrogans e L biflexa. A especificidade dos diversos sorotipos dentro dos sorogrupos das espécies é conferida pelos antígenos lipopolissacarídeos (LPS) O. As cepas L interrogans são consideradas patogênicas com mais de 200 sorotipos, enquanto foram identificados 60 sorotipos de cepas de L biflexa, que são consideradas saprofíticas.[6]

O segundo sistema de classificação é baseado na hibridização DNA-DNA, que identificou 35 espécies no gênero Leptospira.[38] As espécies patogênicas comuns em humanos incluem L canicola, L hardjo, L hebdomadis, L autumnalis e L weilii.[6] De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os sorogrupos mais comuns são Icterohaemorrhagiae, Pomona, Sejroe, Australis, Autumnalis e Grippotyphosa.[5]

Fisiopatologia

O período de incubação é geralmente de 7-14 dias, mas varia entre 2 e 30 dias. Com frequência, a infecção ocorre como resultado do contato direto ou indireto com a urina de animais infectados. As outras fontes de exposição incluem contato com sangue, fluidos, ou tecidos de parto de animais infetados. As leptospiras são mantidas na natureza pela infecção renal crônica em animais portadores. Os reservatórios animais que, provavelmente, representam a maior parte da leptospirose são ratos, gado, cachorros e outros pequenos mamíferos peridomésticos.[27] Após a contaminação, o animal excretará leptospiras na urina pelo resto da vida.

Acredita-se que a maioria dos casos de leptospirose resulta da exposição percutânea ou do contato da mucosa com água ou solo contaminado com leptospiras.[34] O risco de desenvolver leptospirose aumenta quando a integridade da pele está comprometida por feridas.[36][39] Embora seja provável que muitos fatores afetem a sobrevivência das leptospiras na água (por exemplo, pH, temperatura), a Leptospira patogênica pode sobreviver e manter a virulência por pelo menos 20 meses, mesmo em condições ambientais desfavoráveis.[27][40] A baixa densidade de leptospiras no solo e a rápida diluição que ocorre em maiores quantidades de água sugerem que muitas infecções resultam do contato com exposições a baixas doses.

É provável que a disseminação da leptospira dentro do corpo ocorra como resultado da motilidade do organismo. A virulência das espécies de leptospirose varia muito entre as cepas e, embora os estudos continuem identificando novos fatores de virulência, eles não estão completamente definidos ou compreendidos de maneira mecanística. Acredita-se que as leptospiras patogênicas liberem hemolisina, esfingomielinase e fosfolipase. Os fatores de virulência adicionais incluem produção de toxina, mecanismos imunológicos e proteínas de superfície. LipL32, uma lipoproteína da superfície bem descrita, está presente em cepas patogênicas.[41] A Lip32 é alvo da resposta imune, e está envolvida no desenvolvimento da nefrite tubulointersticial em pacientes com insuficiência renal.[1][2] O receptor do tipo Toll 2 (TLR2) desempenha um importante papel na proteína leptospiral e no reconhecimento dos lipopolissacarídeos.[42] As pesquisas também sugerem que a predisposição genética e os fatores imunológicos afetam a história natural da infecção.[43][44]

Embora a maioria dos casos de infecção seja subclínica, os pacientes que desenvolvem sintomas podem apresentar duas fases: a fase aguda/inicial (ou septicêmica), caracterizada por febres altas, mal-estar, cefaleia, mialgia e dor abdominal seguida, 5-7 dias mais tarde, pela segunda fase, a fase imune, associada a produção de anticorpos e excreção do organismo na urina. Durante a fase imune, os pacientes podem apresentar manifestações sistêmicas graves, incluindo insuficiência renal, insuficiência hepática e hemorragias pulmonares, as quais podem ser fatais.

Classificação

Organização Mundial da Saúde (OMS): manifestações clínicas da leptospirose humana[5]

De acordo com a OMS, a leptospirose é classificada da seguinte forma:

  • Doença febril leve, similar à gripe (influenza) ou não diferenciada

  • Síndrome de Weil, caracterizada por icterícia, insuficiência renal, hemorragia e miocardite com arritmias

  • Meningite/meningoencefalite

  • Hemorragia pulmonar com insuficiência respiratória.

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