Abordagem
Para a hiperidrose primária, a história confirmada pelo exame físico geralmente é a única medida necessária para o diagnóstico correto. O uso habilidoso de perguntas estratégicas geralmente prevê os achados físicos. Para a hiperidrose secundária, o diagnóstico é mais complexo porque exige um exame físico completo e avaliações laboratoriais detalhadas para identificar a patologia orgânica que causa a hiperidrose.[2]
História
Os sintomas e a história médica do paciente devem ser verificados, inclusive a identificação dos medicamentos que o paciente estiver tomando no momento e os tratamentos prévios para a sudorese excessiva. Na hiperidrose primária, a condição pode ser localizada e os pacientes podem relatar sudorese excessiva nas mãos (palmar), nos pés (plantar), nas axilas (axilar) ou na testa/face (craniofacial). Na hiperidrose secundária, os pacientes podem relatar uma sudorese mais generalizada em todo o corpo, a qual também pode ocorrer durante o sono.[12][13] Eles também podem relatar mudanças na quantidade ou no padrão da sudorese, no odor associado à sudorese e/ou manchas nas roupas. Alguns pacientes podem relatar uma história familiar da doença. Pelo menos 50% dos pacientes com hiperidrose palmoplantar relatam uma história familiar positiva.[6][7]
Hiperidrose primária
Exame físico
Hiperidrose palmar
A doença leve ocorre com uma superfície palmar úmida sem gotas de suor visíveis. Se a sudorese palmar se estender para as pontas dos dedos, a doença pode ser considerada moderada. Se houver gotas de suor da palma da mão até a ponta dos dedos, é grave.
Hiperidrose plantar
Geralmente ocorre em conjunto com a sudorese palmar. Os pacientes com essa variedade têm sudorese excessiva nos pés, chegando a molhar as meias e os sapatos.
Hiperidrose palmoplantar
É uma sudorese palmar e plantar intensa, que geralmente apresenta quatro características marcantes:[9][14][15]
Sudorese palmar intensa (nas mãos) a ponto de escorrer ou quase escorrer
Sudorese plantar intensa (nos pés) semelhante à das palmas das mãos
Início bimodal, na primeira infância ou na puberdade (ou intensificado na puberdade)
Exacerbação com aplicação de creme para as mãos.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Sudorese profunda provocada em um paciente com hiperidrose palmoplantar após administração de pequena quantidade de loção para as mãosDo acervo pessoal de Fritz Baumgartner, MD [Citation ends].
Hiperidrose craniofacial
A história e o exame físico geralmente apontam para um nível debilitante de sudorese craniofacial muitas vezes exacerbado pelo estresse emocional ou alimentos apimentados. O limite que determina quando a sudorese facial normal induzida por estresse se torna patológica depende da quantidade objetiva de suor (por exemplo, gotejante) e do nível de impacto subjetivo do distúrbio sobre as atividades diárias do paciente.
É importante considerar se a sudorese fisiológica normal foi incorretamente interpretada como patológica e anormal pelo paciente. Por isso, deve-se considerar também a estabilidade psicológica do paciente.
Hiperidrose axilar
O limite que determina quando a sudorese axilar normal induzida por estresse se torna patológica depende da quantidade objetiva de suor (por exemplo, escorrer pelo tronco) e do nível de impacto subjetivo do distúrbio sobre as atividades diárias do paciente.
Quanto à sudorese craniofacial, é importante considerar se a sudorese fisiológica normal foi incorretamente interpretada como patológica e anormal pelo paciente. Por isso, deve-se considerar também a estabilidade psicológica do paciente.
Testes diagnósticos objetivos
Testes objetivos geralmente não são necessários para fins diagnósticos.[12] No entanto, testes objetivos têm sido usados em ensaios clínicos para quantificar a quantidade de sudorese, e pode ser útil para orientar o tratamento e o acompanhamento.[12][16] Há dois testes principais: teste do amido-iodo e a gravimetria.
Teste do iodo-amido
É um teste qualitativo que pode ser útil para mapear áreas para procedimentos locais, como a excisão da glândula sudorípara axilar ou a injeção de toxina botulínica do tipo A.[16] Durante o teste, aplica-se uma solução de 1% a 5% de iodo em álcool na área em questão e espera-se secar. Aplica-se então amido, e a reação com o suor produz um sedimento purpúreo.
Gravimetria
É um teste quantitativo que envolve a medição do acúmulo de suor pelo filtro de papel.[2][17] O filtro de papel é pesado antes e depois do contato com uma região do corpo com suor, e assim fornece uma medição da taxa de produção de suor em miligramas por minuto. A hiperidrose axilar é diagnosticada se a produção de suor for >20 mg/minuto nos homens e >10 mg/minuto nas mulheres.[12][17] A hiperidrose palmar é diagnosticada se a produção de suor for >30-40 mg/minuto.
Hiperidrose secundária
O diagnóstico depende de reconhecer a patologia orgânica subjacente que está causando a sudorese excessiva.[2][8] Por exemplo, a sudorese focal pode ser causada por lesão aguda da medula espinhal ou infartos medulares, ou outras lesões nervosas (por exemplo, distrofia vasomotora pós-traumática), e a sudorese gustativa facial pode ser causada pela síndrome de Frey (sudorese em um dos lados da testa, face, couro cabeludo e pescoço ocorrendo logo após a ingestão de alimentos como resultado de dano no nervo da glândula parótida). A sudorese mais generalizada pode ser decorrente de problemas endócrinos, neoplásicos, infecciosos, medicamentosos e relacionados a substâncias tóxicas e, dependendo da história e do exame físico, pode exigir exames adicionais. Esses distúrbios podem incluir doenças tireoidianas, hipofisárias, infecciosas e neoplásicas, bem como feocromocitoma e tumores carcinoides. As síndromes coronarianas agudas, a insuficiência cardíaca e os distúrbios do ritmo cardíaco também podem causar sudorese.[16]
Testes da função tireoidiana, painel eletrolítico e metabólico, avaliação da urina para metanefrinas, catecolaminas e ácido 5-hidroxindolacético, radiografia simples e tomografia computadorizada podem ajudar a distinguir distúrbios tireoidianos, hipofisários, diabéticos, infecciosos e neoplásicos, bem como feocromocitoma e tumores carcinoides. Um eletrocardiograma e um ecocardiograma podem ser úteis para descartar síndromes coronarianas agudas, insuficiência cardíaca e distúrbios do ritmo cardíaco.
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