Novos tratamentos

Aplicação de energia por radiofrequência (SECCA) no músculo do canal anal

O procedimento SECCA® consiste em aplicar energia de radiofrequência com temperatura controlada aos esfíncteres anais. Esse calor causa contração, cicatrização e remodelamento do colágeno, resultando em fibras musculares mais curtas e firmes.[87] Um ensaio multicêntrico com 50 pacientes mostrou que o procedimento foi seguro e melhorou a continência a 6 meses após o tratamento.[87][88] Esse tratamento pode ser mais uma opção minimamente invasiva a ser considerada para pacientes com incontinência grave que não responderam às opções de tratamento mais conservadoras. O acompanhamento de 19 pacientes durante 5 anos demonstrou uma melhora sustentável de >50% nos sintomas e na qualidade de vida após a terapia de radiofrequência SECCA®.[89] No entanto, outro ensaio clínico randomizado e controlado por simulação sugeriu que o impacto clínico era insignificante, embora tenha mostrado um benefício estatisticamente significativo da radiofrequência em relação à simulação. São necessárias mais pesquisas sobre os preditores de sucesso relacionados ao paciente antes de recomendar o procedimento como parte aceita do algoritmo de tratamento.[90]

Estimulação do nervo tibial

O nervo tibial posterior se origina do plexo sacral. A estimulação percutânea no tornozelo pode produzir um efeito similar à estimulação convencional do nervo sacral, sem a necessidade de implantar um gerador de alto custo. A estimulação transcutânea também é possível.[91] Já foram realizados muitos estudos que sugerem melhoras significativas em algumas medidas de desfecho.[92][93][94][95] No entanto, um estudo de alta qualidade falhou em mostrar qualquer melhora na incontinência em comparação com a estimulação simulada, e outro sugeriu apenas um pequeno benefício.[96][97] Subgrupos de pacientes, tais como os que apresentam um elemento de defecação obstruída, podem beneficiar-se mais do que outros.[98] Atualmente, a estimulação do nervo tibial não pode ser recomendada com base nas evidências disponíveis. A terapia é trabalhosa, requerendo múltiplos episódios de tratamento e potencial necessidade de terapia complementar. A estimulação transcutânea é mais fácil de colocar em prática do ponto de vista logístico quando o paciente é capaz de aplicar os absorventes higiênicos com instrução mínima e sem necessidade de comparecer ao hospital. Contudo, os resultados em termos de desfecho também são decepcionantes.[91]

Esfíncteres artificiais inovadores

Vários designs de esfíncteres artificiais foram desenvolvidos em uma tentativa de reduzir potenciais complicações e aumentar a eficácia. Um desses dispositivos incorpora uma série de ímãs. O design simples pode reduzir a incidência de falha do dispositivo e até mesmo infecção, embora cerca de 20% dos pacientes ainda se submetam ao explante do dispositivo n o período de até 1 ano após a inserção.[99] Pesquisas adicionais são aguardadas, mas podem ser inibidas pela atual retirada da fabricação do dispositivo por motivos comerciais.[100]

Injeções de célula-tronco

A injeção de mioblastos autólogos de células musculares realizada diretamente no esfíncter anal externo tem sido alvo de pesquisas. Um estudo piloto de 10 pacientes mostrou resultados promissores, e um estudo subsequente de fase 2 sugeriu benefício clínico em relação ao placebo em 24 pacientes a 12 meses.[101][102]

Tampão anal e balão vaginal novos

O uso de tampões anais não é bem tolerado; no entanto, desenvolveram-se novos designs melhor tolerados e estão sendo testados. O Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o uso de balão vaginal que, quando inflado, aciona pressão no reto, reduzindo assim os episódios de incontinência.[103]

Farmacoterapia

Há evidências limitadas sugerindo que medicamentos usados para melhorar o tônus do esfíncter, como fenilefrina e valproato de sódio, podem ser úteis em pacientes com incontinência e um complexo do esfíncter intacto.[104] Clonidina pode reduzir a sensação retal e urgência; no entanto, resultados são inconclusivos.[105]

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