Aplicação de energia por radiofrequência (SECCA) no músculo do canal anal
O procedimento SECCA® consiste em aplicar energia de radiofrequência com temperatura controlada aos esfíncteres anais. Esse calor causa contração, cicatrização e remodelamento do colágeno, resultando em fibras musculares mais curtas e firmes.[87]Efron JE, Corman ML, Fleshman J, et al. Safety and effectiveness of temperature-controlled radio-frequency energy delivery to the anal canal (Secca procedure) for the treatment of fecal incontinence. Dis Colon Rectum. 2003 Dec;46(12):1606-16.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14668584?tool=bestpractice.com
Um ensaio multicêntrico com 50 pacientes mostrou que o procedimento foi seguro e melhorou a continência a 6 meses após o tratamento.[87]Efron JE, Corman ML, Fleshman J, et al. Safety and effectiveness of temperature-controlled radio-frequency energy delivery to the anal canal (Secca procedure) for the treatment of fecal incontinence. Dis Colon Rectum. 2003 Dec;46(12):1606-16.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14668584?tool=bestpractice.com
[88]National Institute for Health and Care Excellence. Endoscopic radiofrequency therapy of the anal sphincter for faecal incontinence. May 2011 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/IPG393
Esse tratamento pode ser mais uma opção minimamente invasiva a ser considerada para pacientes com incontinência grave que não responderam às opções de tratamento mais conservadoras. O acompanhamento de 19 pacientes durante 5 anos demonstrou uma melhora sustentável de >50% nos sintomas e na qualidade de vida após a terapia de radiofrequência SECCA®.[89]Takahashi-Monroy T, Morales M, Garcia-Osogobio S, et al. SECCA procedure for the treatment of fecal incontinence: results of five-year follow-up. Dis Colon Rectum. 2008 Mar;51(3):355-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18204954?tool=bestpractice.com
No entanto, outro ensaio clínico randomizado e controlado por simulação sugeriu que o impacto clínico era insignificante, embora tenha mostrado um benefício estatisticamente significativo da radiofrequência em relação à simulação. São necessárias mais pesquisas sobre os preditores de sucesso relacionados ao paciente antes de recomendar o procedimento como parte aceita do algoritmo de tratamento.[90]Visscher AP, Lam TJ, Meurs-Szojda MM, et al. Temperature-controlled delivery of radiofrequency energy in fecal incontinence: a randomized sham-controlled clinical trial. Dis Colon Rectum. 2017 Aug;60(8):860-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28682972?tool=bestpractice.com
Estimulação do nervo tibial
O nervo tibial posterior se origina do plexo sacral. A estimulação percutânea no tornozelo pode produzir um efeito similar à estimulação convencional do nervo sacral, sem a necessidade de implantar um gerador de alto custo. A estimulação transcutânea também é possível.[91]George AT, Kalmar K, Sala S, et al. Randomized controlled trial of percutaneous versus transcutaneous posterior tibial nerve stimulation in faecal incontinence. Br J Surg. 2013 Feb;100(3):330-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23300071?tool=bestpractice.com
Já foram realizados muitos estudos que sugerem melhoras significativas em algumas medidas de desfecho.[92]Govaert B, Pares D, Delgado-Aros S, et al. A prospective multicentre study to investigate percutaneous tibial nerve stimulation for the treatment of faecal incontinence. Colorectal Dis. 2010 Dec;12(12):1236-41.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19674028?tool=bestpractice.com
[93]Boyle DJ, Prosser K, Allison ME, et al. Percutaneous tibial nerve stimulation for the treatment of urge fecal incontinence. Dis Colon Rectum. 2010 Apr;53(4):432-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20305443?tool=bestpractice.com
[94]National Institute for Health and Care Excellence. Percutaneous tibial nerve stimulation (PTNS) for faecal incontinence. May 2011 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/Guidance/IPG395
[95]Horrocks EJ, Thin N, Thaha MA, et al. Systematic review of tibial nerve stimulation to treat faecal incontinence. Br J Surg. 2014 Apr;101(5):457-68.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24446127?tool=bestpractice.com
No entanto, um estudo de alta qualidade falhou em mostrar qualquer melhora na incontinência em comparação com a estimulação simulada, e outro sugeriu apenas um pequeno benefício.[96]Knowles CH, Horrocks EJ, Bremner SA, et al. Percutaneous tibial nerve stimulation versus sham electrical stimulation for the treatment of faecal incontinence in adults (CONFIDeNT): a double-blind, multicentre, pragmatic, parallel-group, randomised controlled trial. Lancet. 2015 Oct 24;386(10004):1640-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26293315?tool=bestpractice.com
[97]van der Wilt AA, Giuliani G, Kubis C, et al. Randomized clinical trial of percutaneous tibial nerve stimulation versus sham electrical stimulation in patients with faecal incontinence. Br J Surg. 2017 Aug;104(9):1167-76.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28703936?tool=bestpractice.com
Subgrupos de pacientes, tais como os que apresentam um elemento de defecação obstruída, podem beneficiar-se mais do que outros.[98]Horrocks EJ, Chadi SA, Stevens NJ, et al. Factors associated with efficacy of percutaneous tibial nerve stimulation for fecal incontinence, based on post-hoc analysis of data from a randomized trial. Clin Gastroenterol Hepatol. 2017 Dec;15(12):1915-21.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28647458?tool=bestpractice.com
Atualmente, a estimulação do nervo tibial não pode ser recomendada com base nas evidências disponíveis. A terapia é trabalhosa, requerendo múltiplos episódios de tratamento e potencial necessidade de terapia complementar. A estimulação transcutânea é mais fácil de colocar em prática do ponto de vista logístico quando o paciente é capaz de aplicar os absorventes higiênicos com instrução mínima e sem necessidade de comparecer ao hospital. Contudo, os resultados em termos de desfecho também são decepcionantes.[91]George AT, Kalmar K, Sala S, et al. Randomized controlled trial of percutaneous versus transcutaneous posterior tibial nerve stimulation in faecal incontinence. Br J Surg. 2013 Feb;100(3):330-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23300071?tool=bestpractice.com
Esfíncteres artificiais inovadores
Vários designs de esfíncteres artificiais foram desenvolvidos em uma tentativa de reduzir potenciais complicações e aumentar a eficácia. Um desses dispositivos incorpora uma série de ímãs. O design simples pode reduzir a incidência de falha do dispositivo e até mesmo infecção, embora cerca de 20% dos pacientes ainda se submetam ao explante do dispositivo n o período de até 1 ano após a inserção.[99]Sugrue J, Lehur PA, Madoff RD, et al. Long-term experience of magnetic anal sphincter augmentation in patients with fecal incontinence. Dis Colon Rectum. 2017 Jan;60(1):87-95.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27926562?tool=bestpractice.com
Pesquisas adicionais são aguardadas, mas podem ser inibidas pela atual retirada da fabricação do dispositivo por motivos comerciais.[100]National Institute for Health and Care Excellence. Insertion of a magnetic-bead band for faecal incontinence. Mar 2014 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/Guidance/IPG483
Injeções de célula-tronco
A injeção de mioblastos autólogos de células musculares realizada diretamente no esfíncter anal externo tem sido alvo de pesquisas. Um estudo piloto de 10 pacientes mostrou resultados promissores, e um estudo subsequente de fase 2 sugeriu benefício clínico em relação ao placebo em 24 pacientes a 12 meses.[101]Frudinger A, Kölle D, Schwaiger W, et al. Muscle-derived cell injection to treat anal incontinence due to obstetric trauma: pilot study with 1 year follow-up. Gut. 2010 Jan;59(1):55-61.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19875391?tool=bestpractice.com
[102]Boyer O, Bridoux V, Giverne C, et al. Autologous myoblasts for the treatment of fecal incontinence: results of a phase 2 randomized placebo-controlled study (MIAS). Ann Surg. 2018 Mar;267(3):443-50.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28426476?tool=bestpractice.com
Tampão anal e balão vaginal novos
O uso de tampões anais não é bem tolerado; no entanto, desenvolveram-se novos designs melhor tolerados e estão sendo testados. O Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o uso de balão vaginal que, quando inflado, aciona pressão no reto, reduzindo assim os episódios de incontinência.[103]Richter HE, Matthews CA, Muir T, et al. A vaginal bowel-control system for the treatment of fecal incontinence. Obstet Gynecol. 2015 Mar;125(3):540-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25730213?tool=bestpractice.com
Farmacoterapia
Há evidências limitadas sugerindo que medicamentos usados para melhorar o tônus do esfíncter, como fenilefrina e valproato de sódio, podem ser úteis em pacientes com incontinência e um complexo do esfíncter intacto.[104]Omar MI, Alexander CE. Drug treatment for faecal incontinence in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Jun 11;(6):CD002116.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD002116.pub2/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23757096?tool=bestpractice.com
Clonidina pode reduzir a sensação retal e urgência; no entanto, resultados são inconclusivos.[105]Rao SS. Current and emerging treatment options for fecal incontinence. J Clin Gastroenterol. 2014 Oct;48(9):752-64.
https://journals.lww.com/jcge/Fulltext/2014/10000/Current_and_Emerging_Treatment_Options_for_Fecal.5.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25014235?tool=bestpractice.com