Abordagem

O diagnóstico de pediculose capilar (infestação de piolhos de cabeça) deve se basear na descoberta de uma ninfa viva ou um piolho adulto por um profissional da saúde.[31][32]​ Lêndeas situadas em até 6 mm de distância do couro cabeludo geralmente são viáveis e altamente sugestivas de infestação ativa.[3][4]​ Uma lêndea viável possui uma mancha de olho visível no exame microscópico.

História

A maioria dos estudos sobre piolhos de cabeça em países industrializados relata maior incidência em crianças da pré-escola ao ensino fundamental (3-12 anos de idade).[2][11][15] Os piolhos não saltam ou pulam, eles só conseguem rastejar, então adultos com piolhos têm maior probabilidade de serem pais de crianças com piolhos, ou aqueles que vivem em condições de superlotação.[10] A transmissão indireta através do contato com pertences pessoais é muito menos provável de ocorrer. A maioria dos estudos que relatam a incidência da infestação de piolhos por sexo em crianças em idade escolar indica uma razão aproximada entre meninas e meninos de 2 a 3:1.[2][14][15]

Outros fatores de risco essenciais incluem superpopulação ou condições de moradia em locais de aglomeração (por exemplo, festas do pijama ou acampamento no mês anterior; internato) e contato próximo com um indivíduo infectado.[2][11][15] A forma mais imediata de disseminação de piolhos é pelo contato direto de uma cabeça com a outra. Qualquer situação que ponha crianças infectadas em contato próximo com outras tem grande probabilidade de causar disseminação da infestação.[23][26]​​ Portanto, ter um membro da família ou parceiro com piolhos de cabeça aumenta bastante o risco.[23]

Geralmente, os pais ou professores observarão o ato excessivo de coçar o couro cabeludo por parte da criança ou esta pode se queixar de couro cabeludo pruriginoso.

Exame físico

Pessoas com suspeita de ter piolhos de cabeça, incluindo as que tiveram contato próximo com um indivíduo infestado, devem ter seu couro cabeludo cuidadosamente examinado, mesmo na ausência de sintomas. Além disso, qualquer pessoa que tenha, comprovadamente, infecção no couro cabeludo (por exemplo, impetigo ou pioderma) ou linfadenopatia inexplicada na região da cabeça ou do pescoço deve ser cuidadosamente examinada quanto à presença de infestação de piolhos de cabeça.[2][3][4]

O teste padrão ouro para o diagnóstico é o achado de um ou mais piolhos vivos na cabeça.[1][10][33] Isso pode ser difícil, pois os piolhos tendem a se mover rapidamente. A criança deve ser posicionada com o queixo inclinado sobre o tórax, e o cabelo próximo à nuca e atrás das orelhas deve ser examinado com luz forte, separando-se o cabelo em segmentos com dedos, swabs para cultura faríngea ou abaixadores de língua.

A ação de pentear é mais precisa que a inspeção visual para diagnosticar a infestação. Relata-se que a inspeção visual subestima a verdadeira prevalência da infestação ativa por um fator de 3.5, embora a inspeção visual tenha uma maior sensibilidade para o diagnóstico de infestação histórica.[34]

O cabelo é umedecido com água (para facilitar a aderência do piolho ao pente) ou condicionador (para diminuir a velocidade do piolho e facilitar o ato de pentear). O cabelo umedecido deve ser penteado com um pente fino para lêndea, principalmente na nuca e atrás das orelhas, verificando a existência de ninfas ou de piolhos adultos. Pentear o cabelo seco pode produzir resultados falso-negativos, pois os piolhos podem sair rapidamente do local que está sendo penteado. Além disso, o ato de pentear o cabelo seco deve ser executado com cuidado, pois caso se use um pente plástico de forma vigorosa, pode ser gerada eletricidade estática suficiente para expulsar os piolhos, que podem, dessa forma, iniciar a infestação em outro lugar, dependendo de onde eles caírem.[28][30][31][32][35]

Alguns especialistas aceitarão a presença de ovos vivos em até 1 cm de distância do couro cabeludo como diagnóstico de infestação de piolhos de cabeça, mas vários investigadores têm demonstrado que muitos pacientes com ovos isolados nunca se "convertem" em pessoas ativamente infestadas.[28][33][36] O achado de cascas de ovos vazias (lêndeas) a >1 cm do couro cabeludo não deve ser aceito como diagnóstico de infestação de piolhos.

Embora nem sempre observadas, pequenas pápulas na nuca logo abaixo da linha do cabelo não são incomuns e representam picadas de piolho. A inflamação adjacente é decorrente da reação do corpo à saliva do piolho.[13]

Piolhos muito raramente deixam vestígios, mas podem ser ocasionalmente observados na gola das roupas em infestações excepcionalmente intensas. Piolhos encontrados na gola das roupas podem ser piolhos de cabeça (diagnóstico mais provável para uma criança) ou piolhos corporais.[33]

Exame com lente de aumento, tricoscópio ou microscópio

Em casos em que o diagnóstico está sendo abordado, o exame com lente de aumento, tricoscópio ou microscópio pode diferenciar uma ninfa ou piolho adulto de outros insetos ou detritos capilares. Um ovo com mancha de olho pode ser distinguido de uma casca de ovo vazia ou lêndea. Uma lêndea pode ser diferenciada de caspa ou de outros detritos capilares, mas, às vezes, pode ser difícil fazer a diferenciação à observação casual a olho nu. As lêndeas ficam firmemente presas à haste capilar e podem ser removidas com as unhas ou com um pente fino. Uma alternativa é arrancar o fio de cabelo com a lêndea e examiná-lo ao microscópio.

Uma vez que as enfermeiras das escolas raramente possuem esses instrumentos à mão, a realização desse exame pode exigir o encaminhamento a um profissional da saúde de atenção primária.[33][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Piolho adulto observado ao microscópioDo acervo do Dr. Richard Pollack; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@33e9b7f1

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